segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Apostilas no último dia do ano roto II, ou o capitalismo à portuguesa

Berardo em directo na RTPN fez um ataque pessoal a Cadilhe recorrendo aos mais baixos e demagógicos dos argumentos: a reforma auferida e as insinuações sobre a personalidade do ex-ministro.

Recorde-se que logo depois da fracassada OPA da SONAE à PT, e da putativa OPA ao Benfica, Berardo vendeu logo de seguida as acções das citadas instituições com assinaláveis lucros.

Mas Berardo tem público. Se assim não fosse os "peixes de águas profundas" não o utilizavam. Com aquele português de sarjeta, e educação de taberna, tem enorme audiência na imensa mole de analfabetos leitores habituais de pasquins como o Correio da Manhã.

Caso o BCP seja tomado pelo PS, as acções subirão, obviamente, em flecha. Nada como o "mercado" sentir a protecção do "estado" para imediatamente começar a refugiar-se nelas. Claro está que Berardo, tal como nos casos anteriores, feito o trabalho sujo, as venderá imediatamente com chorudos lucros.


(Por António Alves no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 31-12-2007)

Uma boa opção

A apresentação de uma lista liderada por Miguel Cadilhe ao Millennium BCP é uma boa opção por parte dele e é também uma boa escolha para o banco.

Além de ter feito boa parte da sua vida profissional no Banco Português do Atlântico, Cadilhe tem obviamente curriculum suficiente para liderar uma instituição como aquela. Muito mais, por exemplo, do que tinha Paulo Teixeira Pinto. Mas o que me importa aqui focar não é isso, mas sim o benefício que poderá advir de o maior banco privado português, com as suas raízes no Porto, voltar a ter alguém com sensibilidade para as oportunidades de negócio e de desenvolvimento que se encontram a Norte.

Cadilhe tem sido uma voz activa contra o centralismo lisboeta. Nem sempre concordo com ele, mas não tenho dúvidas de que ele saberia ajudar a corrigir o afastamento para Sul de tudo o que é actividade económica. Há vida a Norte, mas os bancos (também para mal deles) parecem ter esquecido esse facto. Cadilhe será mais útil ao país na presidência do BCP do que em quaisquer funções no Estado ou em entidades com reduzida capacidade de manobra.

Mais: o futuro mais sensato para o BCP e para o BPI passa por uma fusão entre eles. Cadilhe é a pessoa certa para conduzir esse processo do lado do BCP, até pelas boas relações que tem com o BPI.

Boa sorte (para ele e para nós)!


(Por Tiago Azevedo Fernandes na "A Baixa do Porto" em 30-12-2007)

domingo, 30 de dezembro de 2007

Norte sem (tele)visão

O actual panorama da televisão na cidade do Porto, quer ao nível da emissão televisiva propriamente dita, quer na denominada produção de conteúdos e programas, corresponde ao seu pior momento desde o aparecimento das televisões privadas na primeira metade dos anos 90. E reflecte, de modo peculiar, a crescente inexistência política da Região Norte.

Na segunda cidade do país, a SIC e a TVI dispõem somente de delegações sem produção própria, de pequenos escritórios com meia-dúzia de profissionais e escassa ou nenhuma autonomia, estruturas cada vez mais dispensáveis na "guerra" das audiências que se joga em Lisboa - e cada vez mais somente em Lisboa. Mesmo a TVI, que chegou a apostar no Porto para a emissão do seu jornal da hora de almoço, numa tentativa de contrariar o predomínio do Jornal da Tarde da RTP (historicamente produzido no Porto com sucesso consolidado ao longo de muitos anos), recuou rapidamente nos seus intentos descentralizadores.

Mas a SIC e a TVI são empresas privadas, embora relativamente condicionadas pelo contrato de concessão televisiva que lhes permite usufruir do espaço hertziano público, o que as desresponsabiliza da obrigação social e política de procederem de modo diferente. Já quanto à RTP é completamente diferente - ou deveria ser completamente diferente -, por causa das obrigações mais apertadas que decorrem do legalmente estabelecido serviço público de televisão. A verdade, porém, é que os responsáveis pela RTP, nomeadamente nestes últimos anos, mais não fizeram do que reproduzir no seu universo de actuação a lógica e a estrutura funcional do Estado a que pertencem, fruto de uma visão paternalista da província e de um modelo organizacional centralista.

Ao contrário do que foi amplamente apregoado, com muita falácia de conveniência, a administração cessante da RTP deixa o suposto centro de produção do Porto da RTP com menos horas de emissão e de produção própria do que tinha o mesmo Monte da Virgem quando começou o mandato de Almerindo Marques. Basta referir, na programação, a ida para Lisboa do "Portugal no Coração" (que ocupa as tardes da RTP1 de segunda a sexta-feira) e, na informação, a passagem da emissão vespertina da RTPN para a também lisboeta Marechal Gomes da Costa.

Em sentido contrário, pode argumentar-se que a administração cessante da RTP fez um investimento avultado no Monte da Virgem com a recente inauguração de novas instalações. Ou que demonstrou efectiva preocupação descentralizadora quando apostou na criação do denominado "Media Parque".

Nada mais falso o novo edifício serviu fundamentalmente para instalar a RDP, assim permitindo libertar as velhas instalações radiofónicas da portuense Rua de Cândido dos Reis; e o "Media Parque", por manifesto erro de concepção, típico de quem começa a construir a casa pelo telhado, revelou-se um fracasso absoluto, acabando por servir apenas para libertar alguns recursos humanos dos sectores técnicos da RTP.

Neste contexto, pelo simples facto de integrar quadros maioritariamente oriundos da cidade do Porto, a anunciada nova administração da televisão e rádio públicas parece trazer renovadas esperanças a quem acredita na necessidade política de uma RTP Porto forte e actuante no contexto nacional da emissão televisiva. Trata-se de uma necessidade que não é nem deve ser bairrista, mas sim pautada por uma visão multipolar de desenvolvimento.

Acontece, todavia, que o local de origem dos decisores nunca foi nem será nunca garante de coisa alguma. O que é preciso é que os novos responsáveis pela RTP percebam que o serviço público de televisão, para melhor cumprir os seus objectivos, carece de uma RTP Porto forte, de qualidade, com mais horas de emissão, que estimule a produção privada das produtoras externas (interagindo com elas e dessa interacção tirando proveitos próprios), que não desbarate os seus melhores recursos humanos, que não se sinta tentada a reproduzir localmente o pequeno poder dos medíocres, que possa contrariar, ou ajudar a contrariar, o progressivo esvaziamento do Porto (e do país que existe para além de Lisboa) no panorama mediático nacional.

Por manifesta falta de alternativas, essa missão compete à RTP Porto, que tem a vantagem indeclinável e acrescida de albergar a direcção de um canal tão importante, com tão elevada autonomia e com tanto potencial de crescimento como a RTPN. Mais do que tudo, é por este vector estratégico que passa o futuro imediato do Monte da Virgem. Se é que se pretende que o Monte da Virgem tenha futuro...


(Por Luís Costa no "Jornal de Notícias" em 29-12-2007)

Devemos ou não apoiar a campanha de Paris Hilton a favor dos elefantes indianos viciados em cerveja?

Mão amiga e indignada fez-me chegar à mão o recorte de um artigo publicado há um mês no Expresso em que Miguel Sousa Tavares gasta uma página nobre do primeiro caderno do prestigiado semanário a destilar ódio contra a Regionalização.

Antes de expressar o meu ponto de vista sobre esta matéria, devo clarificar o que penso sobre o Sousa Tavares.

Apenas me cruzei com ele uma vez, num Verão, durante uma noite de poker aberto, no Zavial.

No geral, aprecio a forma coloquial das suas prosas, que, apesar de excessivamente extensas, são de fácil consumo uma vez que ele escreve tal como estivesse connosco à mesa do café.

Quando eclodiu a polémica a propósito do lançamento do «Rio das Flores» entre os mais dois notórios e vaidosos fumadores da imprensa portuguesa (outro é o Vasco Pulido Valente) fui logo a correr ler o «Equador».

Gostei. Escrita escorreita, intriga bem urdida e desenvolvida – e um magnífico e inventivo desfecho. Merece a porrada de exemplares que vendeu.

Sempre que, por algum acaso, me dispus a ler as crónicas de MST, habituei-me a concordar sempre que ele opinava sobre matérias que eu desconhecia - e a achar ignorantes, pobres e mal amanhados os argumentos que ele alinha sobre assuntos em que eu me sinto bem informado.

A prosa anti-regionalização não é uma excepção a esta regra.

Ao declarar que não acha indispensável a realização de um referendo para a realização do referendo, Elisa Ferreira foi o gatilho desta crónica anti-regionalista.

Tavares vê nesta inocente e justa declaração de Elisa a ponta do iceberg da conspiração dos regionalistas que, na sombra, «congeminam um golpe de Estado anti-democrático».

Parece-me óbvio que MST está a ver perdizes nas pereiras, o que apenas seria desculpável se ele fumasse outro coisa que não tabaco produzido pela Philip Morris.

A Regionalização está prevista na Constituição da República.

Sócrates obteve a maioria absoluta apresentando ao eleitorado um programa onde constava a Regionalização.

Menezes venceu as directas do PSD usando a Regionalização como umas das suas mais queridas bandeiras.

Dito por outras palavras, a Regionalização pode ser referendada, se calhar deve ser referendada, mas não tem obrigatoriamente de ser referendada.

Pessoalmente acho que o referendo é um pretexto de líderes fracos e inseguros para não assumirem decisões polémicas, escondendo-se atrás do voto popular.

Ora a essência da democracia representativa consiste em eleger pessoas, com base em programas e promessas, para governarem o país (ou uma região, ou uma autarquia) durante um determinado de período pré-estabelecido, e que serão julgadas no final do mandato pelo voto popular.

O recurso ao referendo, que consiste em transferir para as mãos do eleitorado a decisão (e o ónus dessa decisão…), apenas deve ser usado em circunstâncias excepcionais e com matérias que não tenham sido previamente debatidas na campanha eleitoral.

Sócrates passou a campanha eleitoral a repetir que as Scuts iriam manter-se sem custos para os utilizadores e que não iria subir os impostos.

Chegada a hora da verdade, nem sequer lhe passou pela cabeça fazer referendos antes de voltar atrás com a palavra ao aumentar o IVA e introduzir portagens nas Scuts.

Decisões nucleares como a independência das nossas colónias africanas, a adesão à CEE e a substituição do escudo pelo euro foram tomadas por Governos democráticos sem nunca ter passado pela cabeça de ninguém submetê-las a um referendo.

Por todas estas razões, acho vergonhoso, desonesto e delirante falar numa «conspiração dos regionalistas» e etiquetar como «golpe de Estado anti-democrático» a hipótese legítima de fazer a Regionalização sem referendo.

Mais acrescento que os maluquinhos dos referendos deveriam ocupar o seu tempo a promover consultas populares sobre temas mais divertidos. Aqui ficam três sugestões

Qual é a melhor solução para o novo aeroporto de Lisboa? Ota, Alcochete ou Portela+1? (fazer uma cruzinha no quadrado correspondente)

Deve ser autorizada a entrada nos restaurantes e casas de pasto a jovens com menos de 16 anos?

Deve o Governo português contribuir financeiramente para a campanha internacional liderada por Paris Hilton de defesa dos elefantes indianos viciados em cerveja?


(Por Jorge Fiel no blogue "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 30-12-2007)

Notas de fim de ano

O governo central normalmente faz chantagem com as autarquias quando se trata de construir equipamentos sociais. Queres uma escola, um hospital, um quartel da GNR, um SAP? Venha de lá o terreno de borla e o estado central abrirá os cordões à bolsa.

Bem, nem em todas. Em Lisboa toca outra música. O Ministério da Saúde vai pagar o terreno que a Câmara de Lisboa cede para a construção do novo hospital. Salvo erro, 13 milhões de euros. Bem precisa a edilidade lisboeta que se encontra atolada em dívidas provocadas por um forrobodó de despesas e pelos casos de grande corrupção que por lá tiveram lugar que, entretanto, andam convenientemente esquecidos pelos media.

Anda bem Fernando Ruas ao denunciar esta dualidade de tratamento que o governo faz entre Lisboa e o resto das autarquias. Até aqui nada de novo. Todos já sabíamos que António Costa não foi de borla para a Câmara. Outras formas subreptícias de financiamento desleal se seguirão.

Estranha-se é que, por exemplo, Rui Rio se mantenha calado. A opinião da segunda mais importante autarquia do país sobre esta clara discriminação em benefício da autarquia lisboeta seria importante. Mas, como aliás já aconteceu no caso do empréstimo - onde assistimos a uma clara ultrapassagem pela direita que António Costa fez à lei de que foi autor -, do alto da Avenida dos Aliados não saiu nada de relevante. Talvez ande distraido com mais uma guerra com os cantoneiros da limpeza e respectivos sindicatos. Forte com os fracos ...

O assalto que a clique centralista e macaense do PS está a fazer ao BCP ultrapassa tudo o que se poderia imaginar. Nos EUA estas coisas dão cadeia.

Do lado da oposição também não saiu nada de brilhante, antes pelo contrário. Filipe Menezes não teve melhor ideia do que exigir que o governo nomeasse um tachista do PSD para substituir o tachista que passa directamente da CGD - o maior banco público - para o BCP - o maior banco privado e principal concorrente da CGD - sem qualquer espécie de pudor. Menezes deu um fantástico tiro no pé. O melhor que lhe ocorreu foi pedir compensações para o PSD pela vigarice que o PS se prepara para executar. Defender a privatização da CGD, ou propor o recrutamento duma nova equipa de gestão para a CGD por concurso público como o governo inglês fez para a BBC, foi coisa que nem sequer, por breves instantes, se lhe aproximou dos neurónios.

A certos figurões, por estes dias muito activos em volta do BCP e da CGD, quando lhes vierem com a boca cheia de "mercado", mandem-nos à bardamerda sem qualquer espécie de contemplações.

Pacheco Pereira não o diz mas anda assustado. Anda assustado com o fim duma casta, dum modo de vida que desde o século XVIII tem tido um mercado cativo: o opinador profissional. Alguns deles conseguiram vidas bastante confortáveis devido ao monopólio que os media tradicionais - cujo acesso era controlado e limitado - tinham sobre a publicação de opinião. Isso acabou com a Internet e mais especificamente com a blogoesfera. Compreende-se a angústia de PP.


(Por António Alves no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 29-12-2007)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Histórias mal contadas

Nota do triporto: Neste artigo destaco e reproduzo apenas o ponto 2...

1. (...)

2. Por falar em histórias mal contadas, parece que agora descobriram que os magistrados que se recusaram a colaborar com a equipa especial do procurador-geral da República são culpados por ter lançado a confusão na investigação aos crimes na noite do Porto. E eu a pensar que o PGR, que nomeou a dita comissão sem um telefonema à PJ ou ao Ministério Público do Porto, é que tinha responsabilidades no sucedido... Deve ser a distorção mental provocada por quem não vê a realidade a partir de Lisboa.


(Por David Pontes no "Jornal de Notícias" em 21-12-2007)

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

triporto: Dois pares de estalos à moda do Porto

Bofetada de luva branca
OPERAÇÃO DA EQUIPA DE INVESTIGAÇÃO AOS CRIMES DA NOITE PORTUENSE FORAM DA RESPONSABILIDADE DA POLÍCIA JUDICIÁRIA DO PORTO MANDATADA PELO TIC (TRIBUNAL DE INSTUÇÃO CRIMINAL) DO PORTO, SEM QUALQUER ORIENTAÇÃO DA EQUIPA DE LISBOA DESIGNADA PELO PROCURADOR GERAL PINTO MONTEIRO!


(Por Rui Valente no blogue "http://renovaroporto.blogspot.com/" em 17-12-2007)

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Pinto Monteiro em silêncio sobre Porto

O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, não quis ontem prestar declarações sobre a polémica que tem rodeado as relações entre o organismo que tutela, o Ministério Público (MP) do Porto e Polícia Judiciária (PJ), no âmbito do caso das mortes e crimes na noite do Porto.

O JN questionou directamente a Procuradoria Geral da República (PGR) sobre o noticiado alheamento da operação "Noite Branca", anteontem desencadeada pela PJ do Porto, à decisão - datada de quarta-feira passada e com entrada imediata em vigor - de criar uma equipa especial de investigação para fazer face ao fenómeno e também a posição concreta da PGR face às diligências efectuadas sob impulso da PJ, DIAP do MP do Porto e Tribunal de Instrução Criminal do Porto.

Foi questionada, também, a alegada falta de comunicação entre o PGR e o DIAP do Porto, antes da decisão de criar a equipa especial, a fim de ser tomado conhecimento sobre o que estaria em curso no âmbito do processo, e ainda sobre eventuais orientações contraditórias entre a PGR e a PJ sobre a condução do caso.

A PGR, através de fonte oficial, optou por não responder directamente às questões colocadas, referindo apenas que a coordenadora da equipa especial já está a conduzir o processo pela parte do MP "A Srª. Drª. Helena Fazenda encontra-se no Porto a coordenar todos os inquéritos respeitantes à violência na noite do Porto. Dentro dessa coordenação, irá proceder a todas as diligências processuais necessárias, incluindo interrogatórios. O procurador-geral não presta, por ora, declarações sobre o caso da violência na noite do Porto. Oportunamente, esclarecerá todos os factos".

Além do mal-estar latente entre as hierarquias do MP do Porto com Pinto Monteiro, tal como noticiou o JN, uma das consequências da decisão do PGR de retirar o caso ao DIAP do Porto foi a recusa de Felisberto Teixeira, procurador titular dos casos das mortes em integrar a referida equipa especial. Porém, ontem, António Cluny, presidente do Sindicato dos Magistrados do MP, mostrou-se convicto de que haverá colaboração dos magistrados do Porto nas investigações.


(No "Jornal de Notícias" em 18-12-2007)

Regionalização IV

De facto uma regionalização tem de ser dinâmica, pensada a partir de baixo e não imposta por tecnocratas e muito menos por políticos. Evidentemente que também não podemos deixar de pensar nas alternativas propostas pelos tecnocratas, mas muito claramente estas não devem, nem podem, ser encaradas como dogmas.

A actual divisão administrativa do país está completamente desfasada da realidade. Este desfasamento é visível, desde logo, ao nível de muitas freguesias, de alguns municípios e da vacuidade dos distritos. Todavia a grande lacuna prende-se como enorme vazio administrativo entre o nível superior da administração (Poder Central) e o Poder Local. Esta ausência de um patamar administrativo democrático simultâneamente infra-nacional e supra-municipal é, seguramente, uma das causas do nosso fraco nível de desenvolvimento e das desigualdades e assimetrias que se verificam no território português.

Sou um regionalista convicto. Estou farto de verificar que decisões que dizem respeito às regiões, sejam sistematicamente tomadas pelo poder central, muitas vezes desconhecedor em absoluto da realidade local, as políticas centralistas funcionam genericamente como castradoras do desenvolvimento local. Quanto maior e harmonioso for o desenvolvimento local maior será o desenvolvimento nacional.

O anterior referendo sobre a regionalização falhou porque foi mal orientado e os interesses partidários sobrepuseram-se aos interesses regionais e nacionais, por isso verificou-se um discurso redutor e desmobilizador por parte da maioria dos intervenientes.

Ao longo da História do nosso País foram feitas algumas tentativas de regionalização, sendo uma das mais importantes a que resultou da Revolução Liberal do início do século XIX e da qual resultou a actual divisão administrativa do País. Também esta tentativa falhou porque se atendeu aos interesses de alguns barões e caciques locais e não aos interesses das populações. A médio prazo esta regionalização serviu mais para centralizar e burocratizar do que para descentralizar e liberalizar.

É necessário assumir a regionalização como um desígnio nacional benéfico para o País e, posteriormente, com o contributo de todos, definir as fronteiras das regiões.

A título de exemplo de má administração, veja-se que o Alto Douro, que é uma área territorial uniforme e que vive essencialmente da produção do Vinho do Porto, está dividida por quatro distritos. Vejam-se também as regiões do Grande Porto e Grande Lisboa - cerca de 40% da população - atomizadas em concelhos interdependentes, mais interessados em rivalizarem entre si que a integrarem e harmonizarem as suas políticas de desenvolvimento.

Em conclusão penso que o nosso País comporta perfeitamente cinco regiões administrativas + duas Áreas Metropolitanas (Lisboa e Porto) com prerrogativas administrativas especiais, isto para além das actuais regiões autónomas.


(Por Antonio Almeida Felizes no blogue "http://www.regioes.blogspot.com/" em 17-12-2007)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

triporto: A figurinha do momento...

Se há coisas que detesto são centralistas mas pior do que isso são centralistas convertidos às três pancadas, ressabiados e hipócritas...



As costas largas do F.C. Porto

As declarações de Pacheco Pereira em que ele estabelece uma ligação entre a sucessão de assassinatos de pessoas ligadas à noite, o F.C. Porto e o PS Porto seriam risíveis, apesar de insultuosas para as instituições visadas, se não reflectissem também uma visão etnocêntrica, que teima em reduzir os portuenses a portistas. Mas também não é de estranhar vindo de quem um dia descobriu que no Porto se vivia um clima de "guerra civil" só porque ouviu insultos durante uma campanha eleitoral.

Achar que o futebol está na raiz destes crimes é ver pequeno, é esconder as condições sociais, civilizacionais e criminais que permitiram que eles aconteçam. É, se quiserem, equiparável a considerar que o massacre de Columbine pode ser atribuível à música de Marilyn Manson, ou que o aparecimento de grupos de Extrema- -Direita se deve ao Benfica ou ao Sporting.

Quanto à gestão autárquica, acho que sim. Apesar de algumas tentativas, os socialistas não conseguiram inverter o abandono do centro histórico, que, irremediavelmente, se acentuou quando, em anteriores mandatos, começaram a desenraizar-se populações para os bairros sociais. Mas, e o senhor que lá está agora, vai para sete anos, não tem nunca contas a prestar? Acabar com as instituições de apoio social no centro histórico ou desmantelar o Observatório de Segurança contam como factores positivos? E o que tem feito o Conselho Municipal de Segurança durante estes meses? Existe?

O presidente Rui Rio, tão lesto a acusar a Polícia de baixar os braços, devia olhar para a sua autarquia e explicar aos munícipes como tem permitido que tantas discotecas, essas sim no cerne destes crimes, funcionem sem licença, sem ser encerradas, ajudando à sensação de impunidade em que esta gente se movimenta.

Crimes como estes não são facéis de explicar, as suas razões profundas são difíceis de entender . Fácil, fácil, é dizer que a culpa é do F.C. Porto.

(Por David Pontes no "Jornal de Notícias" em 14-12-2007)
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Companheirão

Para Pacheco Pereira não há por aí crime violento que não envolva a claque do FC Porto. Assim mesmo: uma claque! Ora, em boa verdade, entre os sócios do FC Porto, não há uma claque e sim duas.

É pelo rigor, ou pela falta dele, que podemos avaliar se uma opinião está destinada ao debate de ideias ou a alimentar uma campanha. No caso, conforme sublinharam os outros dois comentadores do programa "Quadratura do Círculo" da SIC Notícias, Jorge Coelho e Lobo Xavier, não é intelectualmente aceitável circunscrever a escalada de crimes violentos ao futebol, a uma claque e a uma cidade.

No caso de Pacheco Pereira, é tanto mais impróprio quanto a sua ambição ao reconhecimento público como intelectual e guia de opinião. E até uma ameaça na medida em que ele ostenta os títulos de professor, sociólogo, historiador e do seu currículo fazem parte cargos públicos como o de ex-deputado, ex-eurodeputado, ex-dirigente nacional do PSD e ex-mandatário de Rui Rio na primeira candidatura à Câmara Municipal do Porto.

Aliás foi num desses momentos da sua vida pública, precisamente a primeira campanha eleitoral de Rio para a presidência da Câmara, que Pacheco revelou ter sido ameaçado fisicamente, em plena Ribeira do Porto. Já na altura, dissera ele, pela tal claque.

Que este episódio de uma campanha eleitoral do PSD anti-Pinto da Costa, à época apoiante do regresso de Fernando Gomes à presidência do município, sirva, agora, de nexo de causalidade para uma campanha extra-eleitoral é verdadeiramente nojento.

Mas de Pacheco Pereira podemos esperar tudo desde que vivamos na Área Metropolitana do Porto. A mais recente testemunha disto mesmo foi Luís Filipe Menezes e o seu "staff" cujos métodos na campanha eleitoral para a presidência do PSD o companheiro Pacheco comparou ao então muito falado bando do multibanco.

Um companheirão, este companheiro Pacheco que, além do mais, deve sofrer de autismo. De outro modo, teria dado ouvidos ao companheiro Rio que já declarou que em vez de tanto Apito Dourado do que as polícias deviam tratar em força era desta onda de criminalidade violenta.

(Por Manuel Tavares no jornal "O Jogo" em 14-12-2007)
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De novo, o ódio de Pacheco Pereira

Outra dúvida que não tenho, é sobre o desprezo que Pacheco Pereira dedica à terra de onde consta ser originário.

Este político arrogante, tal como o seu fiel amigo Rui Rio, é dos portuenses mais atípicos que a cidade já conheceu.

Hiper-convencido dos seus dotes intelectuais (que alguns lhe reconhecem), deixa-se trair amiúde pelo seu perfil ressabiado contra os portuenses, em particular contra aqueles que tiveram o azar (a felicidade, digo eu) de gostar do clube mais representativo da cidade, o F. Clube do Porto.

Da mesma forma se trai, quando se vê compelido a comentar algum acontecimento desagradável de claques ou de dirigentes de futebol afectos à zona da capital, sendo fácil notar-lhe muita contenção nas palavras e uma suavidade tolerante que nunca usa quando a crítica tem como alvo o clube azul e branco.

Raramente o ouvimos referir-se, com a contundência que o notabiliza, a barbaridades perpetadas em recintos desportivos da capital e quando o faz tem sempre o cuidado de não se exceder para não cair em desgraça na plateia e no palco que lhe mima o ego e abastece a carteira.

Recordo aqui há uns anos, a agressão bárbara sofrida por atleta de hóquei-em-patins do FCPorto, em que sofreu traumatismo craniano provocado por adeptos benfiquistas em Lisboa e nunca me dei conta de ter feito um comentário categórico de repulsa ao acontecimento. Passa-lhe sempre ao lado, são minudências...

Ontem vi, como vejo muitas vezes, o programa "Quadratura do Círculo", e de novo Pacheco Pereira extravazou no azedume que nutre pela cidade que o viu nascer. De novo, os seus comentários roçaram os limites da calúnia e da insinuação, dando claramente a entender (quase levando Lobo Xavier a perder a compustura) que os recentes crimes ocorridos no Porto estariam ligados às claques dos super-dragões e ao F. Clube do Porto.

Em suma: nem os adversários do clube portuense conseguem ser tão insinuantes quanto este produto híbrido do Porto.

Se há palavra que lhe assenta que nem uma luva, só pode ser esta: DIFAMADOR

(Por Rui Valente no blogue "http://renovaroporto.blogspot.com/" em 13-12-2007)
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Quo Vadis Pacheco?

Lê-se hoje no Público que Pacheco Pereira, portuense, intelectual sempre pronto a botar opinião sobre tudo e mais alguma coisa, professor universitário numa instituição conceituada na área das ciências sociais, historiador com muitas obras publicadas, enveredou pela demagogia mais básica. Num registo populista, bem ao gosto dos leitores do Correio da Manhã, público que aliás conhece bem, resolveu estabelecer uma ligação directa entre a onda de violência na cidade do Porto e os Super Dragões. Tal como um tal de Domingos Amaral que não tem pejo em fazer insinuações torpes e tirar conclusões espúrias, Pacheco deixou-se levar pelo ressentimento.

Fernando Madureira, famoso líder dos também famosos Super Dragões - uns tipos que ululantes e enjaulados assistem aos jogos do FC Porto -, mais conhecido como "o macaco", também ele autor duma coisa a que chama "livro", demonstrou, apesar da ausência de títulos académicos e obra publicada que possam ser comparados a Pacheco, possuir um maior lastro sociológico que o grande intelectual. Lapidar disse que a " claque é grande", que engloba diversos "grupos e classes sociais" e que nela coexistem "polícias e ladrões... não somos mais do que uma micro-sociedade". Não se pedia que Pacheco tivesse o discernimento de João Cardoso Rosas, mas esperava-se mais. A sorte de Pacheco é defrontar-se semanalmente com Jorge Coelho e não com o Madureira. Era uma abada!

Entretanto o procurador acordou e chegou à conclusão que pelo menos a PJ do Porto não é a "melhor do mundo". Falta saber se a emenda não é pior que o soneto.

(Por António Alves no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 13-12-2007)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Circular de metro

triporto: as alterações ao tipo de letra são da minha autoria...


É na verdade uma espécie de ovo de Colombo. Olhando para o mapa que mostra os nove quilómetros de traçado da "linha circular" do metro do Porto percebe-se que nem são necessários estudos - valeria cada um dos seus 180 milhões de euros. Aliás, a estimativa de quem a projectou aponta para uma duplicação do número de viagens diárias, de 200 mil (actuais) para 400 mil, se ela se viesse a concretizar.

Percebe-se porquê. Por ser totalmente subterrânea, o que lhe permite uma velocidade muito mais elevada. Por multiplicar os percursos possíveis dentro da cidade, servindo quem cá vive e quem vem de fora. Por cruzar-se com as outras linhas em pontos nevrálgicos da rede actual Casa da Música, S. Bento, Campanhã e Pólo Universitário. Por criar mais estações que servem as populações das três freguesias mais populosas da cidade: Campanhã, Paranhos e Ramalde.

Mas se o seu interesse parece óbvio, teme-se que a sua concretização não deixe de se transformar no folhetim habitual. O Estado centralista em que vivemos e os seus moços de recados (ministros e secretários de Estado) rapidamente deixarão claro que estamos em tempo de contenção de despesas. "Sem fechar a porta", expressão banal, mas sempre útil nestas ocasiões. Até porque ainda é preciso pagar a factura de 300 milhões de euros pelos dois quilómetros de linha do metro da capital, entre a Baixa-Chiado e Santa Apolónia.

Da mesma forma, e se se cumprir a tradição, os responsáveis políticos metropolitanos hão-de tardar em pôr-se de acordo. Até porque desta vez é uma linha que toca apenas num dos quintais. Aliás, não deixa de ser sintomático saber que os líderes de duas das principais autarquias da Área Metropolitana - Porto e Gaia -, quando confrontados com a notícia, se tenham limitado a manifestar desconforto pelo facto do projecto ter chegado, sem a sua autorização, à opinião pública. Sobre a importância da linha nem uma palavrinha.

Esperemos que alguém force um pouco a nota política, amanhã, no debate técnico marcado para a Faculdade de Engenharia do Porto. E em que, mais do que uma linha circular, se vai começar a definir o futuro da mobilidade desta imensa metrópole.


PS - Sim, leu bem. A linha circular projectada para o Porto tem um custo estimado de 180 milhões de euros, o que significa 20 milhões de euros por quilómetro, enquanto dois quilómetros de linha subterrânea em Lisboa custaram 300 milhões de euros, ou seja 150 milhões por quilómetro!



(Por Rafael Barbosa no "Jornal de Notícias" em 11-12-2007)

Região Norte TV é primeiro de novos canais

A RNTV - Região Norte Televisão, estação da operadora Tvtel que vem substituir a extinta Invicta TV, irá arrancar "nos próximos dias" no canal 19. Na apresentação da equipa e de alguns dos programas, que decorreu ontem, no Porto, Paulo Pereira, administrador da Tvtel e director-geral do canal, adiantou que este é "o primeiro em breve lançaremos outros canais que estão agora em fase de preparação".

Apesar da apresentação formal, ainda não foi desta que os responsáveis pela RNTV avançaram o dia concreto em que terão início as emissões. Recorde-se que o presidente da administração da Tvtel, Martins de Sousa, chegou a apontar o passado mês de Setembro como data para o início do canal.

O que é já garantido pela RNTV é que terá transmissão ao longo de 24 horas por dia em todo o território nacional e que se assume como "um canal informativo de perfil regional". Segundo Vítor Fernandes, director de programas do novo projecto e ex- administrador da Invicta TV, "o objectivo é criar conteúdos que vão ao encontro da região Norte".

Andreia Carneiro assume a direcção de informação, mas também integra a dupla de pivôs do canal ao lado de João Malainho. Fátima Torres e José Cruz, dois jornalistas conhecidos da RTP, integram a equipa com os programas "Os pontos nos I's" e "Palavra de honra".

Com "dois blocos de informação diários e grandes espaços de informação ao fim-de-semana, assim como programação desportiva com especial enfoque em modalidades pouco divulgadas na televisão", afirma Vítor Fernandes, a RNTV conta também comum programa dedicado à agenda cultural, apresentado por Clara Araújo Teixeira. A ideia é "colocar o canal ao serviço da cultura e dos costumes dos nortenhos", continua a defender o director de programas, para assim "colmatar uma lacuna do panorama televisivo nacional".

Um "espaço alternativo dedicado à ciência e à descoberta a cargo de Joaquim Fernandes" e a "versão televisiva do Clube dos Pensadores" são outros dos programas do canal com periodicidade semanal.

A RNTV, que irá funcionar no Porto, é fruto de um investimento de "600 mil euros até 2008", refere Paulo Pereira, tendo gerado 20 postos de trabalho.


( Por Cláudia Luís no "Jornal de Notícias" em 13-12-2007)

Governo de Lisboa comemora Tratado de Lisboa com ofertas aos cidadãos de Lisboa

Disseram-nos que era um orgulho para Portugal que o nome do tratado fosse o "Tratado de Lisboa". Só que, na hora de comemorar, mais uma vez ficam eles com o "orgulho", a festa e os privilégios, enquanto nós ficamos com a factura para pagar.




"A aprovação e assinatura formal, em Lisboa*, do novo Tratado da UE foi assumida pelo Governo de Lisboa (sic) como a "prioridade das prioridades" da actual presidência portuguesa.

Para celebrar o acto, todos os alunos do 9º ano da região de Lisboa receberão um encarte alusivo à assinatura do Tratado de Lisboa, os museus e palácios de Lisboa dependentes do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) vão ter entrada gratuita, tal como os transportes públicos de Lisboa."


* Note-se bem: a prioridade não era resolver o assunto durante a presidencia portuguesa, era garantir a assinatura em Lisboa (ironicamente, a cidade portuguesa que menos ganha com o "branding"). Somos governados por um bando de provincianos...


(Por Pedro Menezes Simoes no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 11-12-2007)

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

triporto: E a palhaçada continua...

...Agora que as cimeiras e os tratados na capital do Império acalmaram um pouco, vamos ver se é desta que o Estado português tem tempo para pôr um fim às mortes no Porto...a não ser que estejam à espera que morra algum inocente por uma qualquer bala perdida...

Sobre este assunto alguns comentários interessantes:


O mundo do avesso

Enquanto o nosso primeiro-ministro, com aquele sorriso de provinciano deslumbrado consigo mesmo, reunia com o maior ajuntamento de facínoras que jamais foi feito na Europa, as coisas cá pelo Porto, e não só, pioraram.

Enquanto os nossos governantes andam entretidos a "resolver" os problemas de África, precisamente com aqueles que são os principais responsáveis pela infame situação dos povos desse continente, a incompetência das nossas polícias ganha contornos de record europeu. A famosa Polícia Judiciária - "uma das melhores do mundo" - depois de meses a ser literalmente gozada pela imprensa britânica, continua a sua incomparável saga de incompetência mostrando-se absolutamente incapaz de travar a onda de criminalidade violenta que assola o Porto. Depois de seis assassinatos em apenas 4 meses, vídeos na Internet e entrevistas nos jornais, a PJ continua às aranhas. Parece que só é capaz de sacar confissões às mães das infelizes joanas deste mundo. O senhor presidente da Câmara, nos intervalos da sua vida entre o gabinete da Câmara e os fins-de-semana em Viana, diz umas vacuidades sobre a situação.

Mas nada disto admira num país cujo procurador geral ouve ruídos estranhos no telemóvel, pensa que não é necessário um esforço suplementar na investigação do caso Casa Pia, apesar dos fortes indícios de continuada actuação de redes pedófilas em volta da instituição. Mas para fazer uma entrada de leão, e dar circo aos famosos "seis milhões" de cidadãos, nomeou uma procuradora especial para investigar a batota no jogo da bola. Esta, por sua vez, veio cá com grande aparato, usou três automóveis, e deslocou-se em grande velocidade pela cidade em holliwoodescas manobras de diversão.

Aquilo que interessa, aquilo que verdadeiramente afecta a vida dos cidadãos, ninguém mostra vontade de querer resolver. O senhor Sócrates e um tal de Durão (o tal que viu, com aqueles que a terra há-de comer, documentos que provavam a existência segura de armas de destruição maciça no Iraque, e mais tarde desertou do cargo de primeiro-ministro quando se apercebeu que não tinha arcaboiço para a dureza da tarefa), convivem com cleptocratas como o senhor presidente de Angola, déspotas como o senhor Mugabe, ditadores senis e ridículos como Ghadaffi (parece que é assim que o homem se chama agora) e esquecem-se dum país real que se afunda e onde cada vez mais, particularmente nesta região, os seus melhores voltam a ter que emigrar aos milhares.

A festarola parece que custou largos milhões de euros. Não faz mal, fecham-se mais umas escolas, maternidades e urgências no interior.

Tirem-de daqui!!

(Por António Alves no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 10-12-2007)



Demitam-se as autoridades

Bem vistas as coisas, trata-se de criminosos da treta. Reparem: não alteram trajectos diários, deixam os corpos, as balas, anunciam os crimes antes de os realizar, envolvem-se em lutas nas ruas quando deviam evitar dar nas vistas, praticam o crime em locais com testemunhas, enviam SMS, está bom de ver que são uns gangsters fraquinhos.

Mas a tolerância tem que ser zero, e se a nossa Polícia não consegue resolver crimes à escâncara, tão precários como estes, tem que ser substituída imediatamente. Sem o mínimo receio ou adiar da situação, Polícia não resolve vai para a rua, não pode haver desculpas ou tentativas de minimizar a situação. Pagamos impostos para que estas situações não aconteçam, este ano pagamos milhares de euros em multas que acresceram às receitas dos impostos, não podemos tolerar uma incompetência destas. Se não houvesse rastos, se os corpos não existissem, até se tolerava. Agora num panorama destes, admite-se este comportamento por parte das Autoridades e do Governo?

O crime por encomenda não pode deixar ninguém seguro. Hoje são os empresários da noite, amanhã é outra pessoa qualquer. Desde o momento em que se sabe que há pessoas dispostas a matar que ficam impunes, não faltará dinheiro para pagar ajustes de contas, não faltarão criminosos dispostos a ganhar esse dinheiro, e não faltarão pessoas que se sentindo inseguras tudo farão para adquirir uma arma que hipoteticamente as defenda.

A Polícia não serve, demite-se a Autoridade e o Ministro.

(Por Cristina Santos na "A Baixa do Porto" em 10-12-2007)




Segurança: O vice-versa do centralismo não funciona

Aqui há uns anos, bastou que fosse ministro da administração interna uma figura do Porto, para que imediatamente a comunicação social centralista o desacreditasse e convencesse a opinião pública que o país passava por uma enorme vaga de assaltos, sobretudo a bombas de gasolina da “grande” Lisboa. Como disse o Manuel Serrão aqui, Fernando Gomes foi “praticamente acusado de violar a Lídia Franco em plena autoestrada”. Quando Gomes deixou o poder, magicamente acabaram os assaltos.

Passados uns tempos passa-se precisamente o contrário. No Grande Porto acontecem crimes muito mais graves, desde assaltos a bancos, a frequentes “car jackings”, até aos “simples” assassinatos selectivos. O que acontece? A Polícia actua? O governo centralista ou ministro já fizeram alguma coisa? E a comunicação social? Fez o mesmo tipo de cobertura?

PS: Ainda iremos mais longe? Acho que vale a pena ler o seguinte excerto desta notícia:

"Ele estava no passeio em Miragaia a disparar para baixo. Depois entrou no BMW escuro e acelerou em direcção à Foz do Douro. Ouviram-se então dois disparos para o ar. «Dizem que é a assinatura dele quando mata alguém», referem algumas testemunhas."

Nunca pensei ver uma descrição destas associada à minha cidade.

(Por João Medina na "A Baixa do Porto" em 11-12-2007)


triporto:...E no seguimento deste ultimo copy-paste e ainda relacionado com a passagem de Fernando Gomes pelo governo, volto aqui a colocar o seguinte comentário no mínimo excelente:


Faroeste, Dupla Ética e Xenofobia

Quase todos os meses víamos notícias sobre mortes e violência na noite de Lisboa. Recentemente o fenómeno chegou ao Porto, com várias mortes nos últimos meses. Curiosamente, o Porto foi rapidamente comparado à Chicago de Al Capone, os arautos do costume falaram em máfias, e repisou-se o novo estereótipo que querem impor aos tripeiros, uma verdadeira pentalogia do crime: Futebol, Câmaras municipais, Negócios da noite, Ministério Público, e Polícia.

Se há algo que salta à vista é a dupla ética dos meios de comunicação social. A violência habitual em Lisboa é tratada como uma coisa típica de uma grande metrópole, própria do desenvolvimento. A violência esporádica (pois não é habitual) no Porto, muito menor que em Lisboa, é tratada como uma coisa siciliana, própria de uma região sub-desenvolvida povoada por gente mafiosa.

Obviamente que isto são ideias que só poderiam vir de mentes peregrinas que vivem noutro mundo. As discotecas são um negócio excelente para lavar dinheiro (alguém passa factura?). A consequência é simples: tendem a ser dominadas pelo sub-mundo do crime. Mas os "iluminados" pensam que isso só acontece na terra dos outros.

Hoje, pelos vistos (infelizmente), os problemas com seguranças de discotecas voltaram a acontecer. Desta vez em Lisboa. Pergunto-me então se somos todos metrópole ou Sicília. Uma coisa é certa. Os arautos do costume não se atreverão a comparar a capital com Chicago, nem a falar de máfias a controlar a noite.

Por vezes pergunto-me se as gentes do Norte conseguem perceber a discriminação que sofrem nos meios de comunicação social (ainda por cima nos públicos, pagos por todos nós). Encontrei a resposta na leitura destes comentários. Os nortenhos não andam a dormir.

Recordo-me ainda do ex-ministro Fernando Gomes (e ex-presidente da CMPorto). Foi completamente perseguido pela imprensa por duas razões: por dispensar os cerca de 40 assessores de imprensa (grande poupança de custos) e por ser do Porto (e do FCP). A criminalidade não subiu, mas as notícias de crimes (sempre na linha de Sintra) não pararam enquanto ele não foi "remodelado". Até a Lídia Franco veio para os telejornais dizer que achava que a tinham querido violar.

A linha de Sintra ainda lá está, e a Lídia Franco continua... Mas agora surgiu uma nova onda de crime, que percorre as duas maiores cidades portuguesas. Começou desde que o Ministro Rui Pereira tomou posse. Pela mesma razão, os Media já deveriam estar a pedir a sua cabeça. Ah, mas falta a outra razão: ele não é do FCP...

Não sou ingénuo: a culpa não é dos lisboetas. É dos imbecis preconceituosos (e que sofrem de futebolite) que dominam a comunicação social. Ainda assim, confesso que por vezes me dói a alma de viver num país onde a xenofobia entre portugueses é tão impune, e onde a política tem mais em conta o futebol do que a justiça e o bem estar das populações.

(Por Pedro Menezes Simoes no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 3-09-2007)

...e o resto é paisagem

Acabei de ver no noticiário da RTP2, uma notícia acerca do lançamento de uma campanha governamental, baseada num audio-visual, destinada a dar uma nova imagem de Portugal no estrangeiro. O chefe da orquestra é o inefável ministro da Economia, o mesmo que patrocinou a parolíssima e idiota ideia de transformar o Algarve em allgarve. Sem rir, e com o ar mais solene possível, afirmou que se pretende que o país dê uma imagem de inovação, capacidade empreendedora, e não sei mais o quê.

Até aqui tudo bem, é o habitual show de irrelevâncias e fantasias a que os nossos governantes nos habituaram e que ninguém cá dentro leva a sério: é mesmo para inglês ver, só que estes também não vão acreditar. Basta olhar para as estatísticas, económicas e outras.

Mas o que sinceramente mais me irritou foi que, além de todas as figuras (menos uma) apresentadas como símbolos deste tal Portugal renovado, serem figurões de Lisboa, a banda sonora é um fado cantado por uma qualquer fadista lisboeta.

Por muito que queiram na capital, o fado não é a canção nacional. Nada tenho contra quem gosta dele, apenas apresento aqui o meu protesto (inofensivo e inóquo infelizmente) contra mais um abuso centralista: reduzir todo país à área da capital e pretender que os símbolos locais lisboetas sejam forçosamente símbolos nacionais.

Nada disto é novidade, eu já devia estar habituado. Mas não consigo!


(Por Rui Farinas no blogue "http://renovaroporto.blogspot.com/" em 10-12-2007)

Desabafos

Há demasiado centralismo em Portugal que é bem mais grave que propriamente o montante global da despesa em função do PIB, ou seja, o problema maior é que há uma má distribuição regional da despesa pública. É aqui que urge revisitar o conceito de regionalização como uma fórmula administrativa para reformar o Estado.

Em três anos (2003 a 2005) a despesa total movimentada pelos gabinetes do Governo atingiu o valor de 12,8 mil milhões de euros, sendo que só as despesas de funcionamento (aquelas que permitem que os ministérios trabalhem no seu dia-a-dia) totalizaram 216,3 milhões de euros. Só para se ter uma ideia, os gastos dos ministérios davam para construir três aeroportos da Ota e uma dezena de pontes iguais à Vasco da Gama.

Estamos a falar em despesas que dizem respeito a ordenados com assessores, chefes de gabinete, pagamento de pareceres e contratação de especialistas.

Há, sem dúvida demasiado centralismo em Portugal que faz com que seja urgente revisitar o conceito de regionalização como uma fórmula administrativa para reformar o Estado.


(Por Antonio Almeida Felizes no blogue "http://regioes.blogspot.com/" em 11-12-2007)

Importa-se de repetir?

Há uma semana, a magistrada Maria José Morgado teve uma frase que, que eu desse conta, passou em claro aos analistas: "Os tribunais julgam os casos, mas os casos também julgam os tribunais".

Mizé Morgado falou assim numa longa entrevista ao Diário de Notícias em que até disse que era do Norte e o seu pai era um adepto fanático do FC Porto. As opções clubísticas são de cada um e ninguém tem nada com isso.

Mas aquela frase surge num contexto do Apito Dourado e das suas investigações. E como me parece que os tribunais plenários acabaram há mais de trinta anos, uma magistrada, mesmo do Ministério Público, dizer o que disse Maria José Morgado é altamente discutível, para dizer o mínimo.

O que a dra. Morgado está a deixar entender é que se não houver condenações no caso, os seus colegas juizes que vierem a fazer parte do colectivo não terão feito bem o seu trabalho. Eu, simples jornalista, posso dizê-lo; ela, magistrada, mesmo que do MP. e ainda mais parte interessada no caso porque trabalhou nele, não pode. Ou pelo menos não deveria dizê-lo porque deveria observar um dever de reserva. Porque o que eu entendo do que ela diz é que não se pode ter inteira confiança na Justiça.

A dra. Maria José Morgado é, hoje por hoje, a magistrada mais mediática do país e a que melhor utiliza os jornais. Mas não tenho dúvidas que se outro magistrado qualquer, de província por exemplo, se permitisse dizer algo assim, iria ser chamado à pedra.


(Por Manuel Queiroz no blogue "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 9-12-2007)

domingo, 2 de dezembro de 2007

Um país desigual

Governo limite valores no arrendamento jovem

A Grande Lisboa será a zona do país onde a renda máxima admitida para a atribuição do subsídio é mais elevada - 680 euros para uma casa de cinco ou seis assoalhadas. No Grande Porto, e para um apartamento arrendado exactamente com as mesmas características, a renda não poderá exceder os 450 euros

Discriminar é favorecer ou prejudicar um indivíduo ou um grupo de indivíduos emrelação a outros, com diferentes características. Discriminar positivamente (acção afirmativa) é favorecer um indivíduo ou um grupo de indivíduos, que à partida estariam emdesvantagem, com o objectivo de chegar a um ponto de equilíbrio.

Assim sendo, esta é, então, uma medida acertada, mas mostra, claramente, que este é um país desigual e com índices de desenvolvimento a duas velocidades..


(Por Antonio Almeida Felizes no blogue " http://regioes.blogspot.com/" em 30-11-2007)

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Vozes do Norte contestam obstáculos da ANA à Ryanair

O aeroporto do Porto arrisca perder a oportunidade de conseguir atrair, nos próximos sete anos, quatro milhões de passageiros da Ryanair. Tudo porque a ANA (empresa que faz a gestão dos aeroportos) não se tem mostrado receptiva a fazer algumas cedências que permitam a criação de uma base daquela companhia aérea de baixo custo no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. A possibilidade de o Norte estar a "desperdiçar" uma oportunidade de desenvolvimento está a indignar políticos e empresários. O PSD/Porto vai pedir esclarecimentos ao Ministério das Obras Públicas "por suspeita de favorecimento do aeroporto de Lisboa".

Depois de o presidente da Ryanair, Michael O'Leary, ter vindo a público acusar a empresa de estar a travar o crescimento do aeroporto do Porto, a ANA repudiou as declarações, numa nota de Imprensa, na qual dá a entender que em causa está a necessidade de dar as mesmas condições a todas as companhias.

Direitos iguais para todos

Para criar uma base, que implica espaço para escritórios e possibilidade dos aviões pernoitarem no Porto, a Ryanair pede um desconto de quatro euros por passageiro embarcado nas taxas cobradas pelo aeroporto do Porto. Em contrapartida, segundo documentos que o JN teve acesso, garante 1,5 milhões de passageiros no primeiro ano, e um crescimento sucessivo de meio milhão de passageiros até 2015. Além de cerca de 200 empregos directos.

"A ANA deseja mesmo muito que aquela companhia instale uma base de operações no Aeroporto Sá Carneiro, estando disponível para criar condições àquela empresa que possam ser legalmente suportadas e proporcionadas a qualquer outra companhia", refere a empresa, garantindo que actuará sempre "numa base de igual tratamento a todas as companhias áreas".

Mas o argumento não convence. "Por que é que a ANA não oferece o mesmo desconto nas taxas a qualquer companhia que garanta quatro milhões de passageiros nos próximos anos?", questiona Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), que foi contactado pela direcção da Ryanair para interceder junto da ANA.

Críticas à posição da ANA

"É mesmo uma posição de Estado. Se o aeroporto fosse privado isto não acontecia", refere Couto dos Santos, vice-presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), acusando a ANA de estar a querer proteger o "monopólio" da TAP. "É muito estranho. Não aceitaremos decisões de parcialidade regional ", acrescenta Marco António Costa, dando conta de que, caso os esclarecimentos do Governo não cheguem ou sejam insuficientes, o PSD vai chamar o presidente da ANA e da Ryanair à Assembleia da República para se perceber o que se está a passar.

A decisão da ANA terá de ser tomada até ao final do ano, caso contrário a Ryanair escolherá outra cidade para localizar a base. Valência, Bristol, Belfast são hipóteses já avançadas, mas há dez localizações na corrida. Algumas podem servir de alternativa ao Porto e até vir a prejudicar o desempenho do Sá Carneiro.

"Há aqui quatro milhões de passageiros à mão de semear. Temo que isto possa servir de motor para o investimento na requalificação do aeroporto de Vigo", alerta Rui Moreira.

Desconto nas taxas

Para criar uma base no aeroporto Francisco Sá Carneiro, a Ryanair pede um desconto de quatro euros por passageiro embarcado (inclui viagens de ida e volta), verba a deduzir no valor total das taxas que o aeroporto cobra à companhia aérea de baixo custo.

Espaço para escritórios e pernoita de aviões

A base da Ryanair implica a disponibilização de espaço para escritórios no aeroporto, bem como a possibilidade de os aviões pernoitarem no Sá Carneiro, com tripulação e pessoal de manutenção das aeronaves.

Aumento de meio milhão de passageiros por ano

Com uma base no aeroporto do Porto, a Ryanair garante 1,5 milhões de passageiros ao fim de um ano de funcionamento e um crescimento sucessivo, durante sete anos, de meio milhão de passageiros anuais. Estima-se que cada cliente da low cost gaste nas imediações do aeroporto entre 125 a 150 euros. O acordo tem de durar pelo menos dez anos, estabelece a companhia aérea.

Emprego a 200 pessoas

Duzentos empregos directos são garantidos pela Ryanair com a instalação da base no Porto.


(Por Inês Schreck no "Jornal de Notícias" em 22-11-2007)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Taxas no Sá Carneiro são 2-4 vezes as da concorrência - "autoridades de Lisboa estão a bloquear o crescimento do turismo no Norte"

Retirado d' "O Primeiro de Janeiro":

"A construção de uma base de operações da Ryanair, no Aeroporto doPorto, depende de Lisboa. A conclusão é do presidente da Ryanair, Michael O’Leary, que ontem apelou à ANA para “dar ao Porto liberdade para crescer e ser mais criativo”, permitindo a instalação uma base operacional no Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

Os custos demasiado elevados praticados pela empresa que gere os aeroportos nacionais são a razão invocada pela Ryanair para escolher aeroportos noutros países onde, segundo O’Leary, a diferença de preços é de duas ou quatro vezes inferior.

A instalação de uma base da Ryanair no Porto permitiria um crescimento até aos três milhões de passageiros.

As autoridades de Lisboa estão a bloquear um enorme crescimento do turismo”, considerou Michael O’Laery.

A construção de uma base da Ryanair, com três ou quatro terminais,implicaria um investimento de mais de 200 milhões de euros.

“Não se pode cobrar preços de Lisboa quando se quer ter uma base deuma companhia de baixo custo no Porto”, sustentou Michael O’Laery.

“Continuaremos a dialogar, mas as decisões são em Lisboa e não aqui”, lamentou Michael O’Leary, ressalvando que a companhia tem excelentes relações com o director do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Fernando Vieira.

A companhia aérea de baixo custo gerou mil postos de trabalho e transportou quase um milhão de passageiros, sobretudo turistas que gastaram 125 milhões de euros na região. (...)

Após ler esta noticia, percebi qual é a dificuldade. É que afinal é o Presidente do Aeroporto de Lisboa que diz se as taxas no aeroporto do Porto são adequadas ou não. Alguém sabe o que significa conflito de interesses?



(Por Pedro Menezes Simoes no blogue " http://norteamos.blogspot.com/" em 21-11-2007)

ANA tira as patas do Sá Carneiro! Já!

Há quatro anos, quando a TAP deitou as mãos ao pescoço do Sá Carneiro, desviando para Lisboa os voos directos do Porto, foi a Ryanair quem forneceu o essencial do oxigénio que evitou o nosso aeroporto de morrer asfixiado.

A Lufthansa também deu uma ajuda, ao aumentar a frequência de voos diários para Frankfurt. Os alemães foram rápidos a identificar a oportunidade de negócio aberta pela deserção da TAP – e a agir.

A companhia alemã não demorou a obter o retorno deste investimento. «Hub» por «hub», turistas e homens de negócios nortenhos preferem fazer escala em Frankfurt do que em Lisboa.

Mas foi a Ryanair quem salvou o nosso aeroporto da condenação à morte proferida pela TAP (nacionalizada nossa …?!), com a cumplicidade da ANA (nacionalizada nossa…?! ) a entidade gestora dos aeroportos.

Por muitos anos que viva, nunca esquecerei da conferência de imprensa que Michael O’Leary, presidente da Ryanair, deu no Porto, paramentado com a camisola azul e branca do FC Porto, que tinha acabado de conquistar a Liga dos Campeões em Gelsenkirchen.

A combinação entre o prestígio, no Reino Unido, do vinho do Porto e do FC Porto (que acabara de exportar José Mourinho para o Chelsea) convenceu o irlandês de que a sua aposta numa ligação «low cost» entre as cidades do Porto e Londres ia ser ganhadora - e que os seus aviões andariam cheios nos dois trajectos.

Os dois milhões de passageiros transportados, em menos de quatro anos, de e para Portugal, provam que O’Leary tinha razão. A sua Ryanair é a principal contribuinte para as taxas de crescimento da ordem dos 17% ao ano registadas pelo Sá Carneiro, de que já é a sua segunda principal cliente.

O ano passado, três milhões de passageiros usaram o aeroporto do Porto. Este ano, prevê-se que sejam quatro milhões. Mais um milhão.

Mas a monopolista e estatal ANA está a cortar as pernas à continuação deste espectacular crescimento ao boicotar, há quase um ano, um investimento de 220 milhões de euros no Sá Carneiro da Ryanair, que quer instalar no nosso aeroporto uma base de operações.

Entre outras coisas, esta base permitira que, no espaço de um ano, a Ryanair triplicasse o número de passageiros que transporta no Sá Carneiro.

É inadmissível que numa economia que se pretende de mercado, a TAP continue estatal e que através dela o Governo tenha nacionalizado uma companhia privada (a Portugália).

É inadmissível que numa economia que se pretende de mercado, haja uma entidade estatal a monopolizar a gestão dos nossos principais aeroportos, impedindo a concorrência entre eles e prejudicando o Sá Carneiro.

Não há uma entidade única a gerir os portos nacionais e os resultados transparentes deste saudável estado de concorrência estão à vista: o porto de Leixões é o único que dá lucros. Os outros todos, sem excepção, acumulam prejuízos.

A AEP e a Associação Comercial do Porto já se disponibilizaram por criar uma entidade que substitua a ANA na gestão do Sá Carneiro, onde reuniriam empresas exportadoras e operadores turísticos.

É urgente que a ANA tire as patas do Sá Carneiro para que o nosso aeroporto seja gerido pela sociedade civil e, assim, possa continuar a prosperar - e ser a porta de entrada e saída, por via aérea, do Noroeste Peninsular.


(Por Jorge Fiel no blogue "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 21-11-2007)

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Portogal

Há uma preocupação mais ou menos generalizada na Capital do Império com a realização do último jogo da fase de apuramento para o Euro'2008 no Estádio do Dragão. É normal. Lisboa sempre olhou com desconfiança para o resto do País e de soslaio para o Porto. São tiques que se ganham depois de séculos a ver ao perto, olhando fixamente para o próprio umbigo. Ao longe, fica tudo desfocado. Salazar já sofria do mesmo problema com as distâncias e até Scolari chegou a dizer, pouco depois de ter chegado a Lisboa, que não se deslocava ao Porto para acompanhar os trabalhos do então campeão nacional e vencedor da Taça UEFA porque era muito longe. Ora, deve ser precisamente por essas e por outras que a realização do decisivo jogo com a Finlândia no Estádio do Dragão está a deixar preocupados alguns lisboetas. Habituados a olhar para o próprio umbigo, imaginam que os portuenses não saibam distinguir entre o cu e as calças, ou entre Scolari e a Selecção Nacional. Mas sabem. Já sabiam há três anos, na abertura do Euro'2004, quando compareceram em peso no Dragão para apoiar a Selecção Nacional, numa altura em que os desaforos de Scolari estavam bem mais frescos na memória. E se Portugal perdeu dessa vez, não foi por falta de apoio das bancadas, mas por casmurrice de Scolari, que resistiu até ao último instante a fazer a opção óbvia de usar o meio-campo com que José Mourinho tinha acabado de ser Campeão Europeu pelo FC Porto. Esperemos todos que seja mais feliz hoje com a certeza de que podem dormir descansados na Capital: não vai faltar apoio nas bancadas.


DRAGÃO
Esgotado

De acordo com a FPF, o Estádio do Dragão deve apresentar lotação esgotada para o decisivo jogo de hoje com a Finlândia. De certeza que não vai encher de gente com vontade de assobiar Scolari, mas de portugueses com vontade de apoiar a Selecção. Esperemos que a Selecção lhes dê motivos para isso.


(Por Jorge Maia no Jornal "O Jogo" em 21-11-2007)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

triporto:caixa de 6 cd´s????!!!!!

Eu até entendo que esta cambada toda não goste de sentar o cu em carros a cheirar a usado (por outros cus ministeriais entenda-se), mas o que mais me revolta nisto tudo não é os 176 000 € ou 35 000 contos que custaram estes "brinquedos" e também não é o facto de permanentemente assistirmos via TV às condições degradantes de certos tribunais...naaaa...nada disso me revolta...

O que me enfurece é a escolha do extra da caixa de Cd´s para o Audi...sinceramente não entendo...

Então num governo que se intitula de tecnológico, os senhores(as) deste ministério ainda não conhecem os ficheiros mp3??!!...Em que num unico CD podem meter o conteudo de vários CD´s???!!!...Então não era mais simples pedir um leitor mp3 em vez de uma caixa de Cd´s????!!!!...Certamente ficava mais barato uns euros e em vez dos 176 000 € seriam apenas 175 850...ou menos...

Há coisas revoltantes neste país centralista...


Ministério da Justiça adquire viaturas de luxo

Em época de contenção orçamental, e com a administração pública sujeita a restrições na aquisição de viaturas novas, por indicação do Decreto de Execução Orçamental para 2007, o ministro da Justiça acaba de comprar cinco automóveis topo de gama. O negócio, sem incluir o imposto automóvel (IA), de que as instituições públicas estão isentas, rondou um valor global de quase 176 mil euros (35 mil contos) e foi por ajuste directo, sem recurso a concurso público, e sem autorização do Ministério das Finanças. Poderá estar em causa a violação da lei.

O gabinete de imprensa de Alberto Costa, em esclarecimentos ao DN, confirmou a compra, mas garante que "o processo decorreu no estrito cumprimento do enquadramento legal". As Finanças, por seu lado, confirmaram as restrições às aquisições, mas até ao fecho da edição não se pronunciaram sobre o pedido de autorização.

Esta aquisição, executada pelo Instituto de Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça (IGFIEJ) e autorizada por despacho do secretário de Estado adjunto do ministro da Justiça, Conde Rodrigues, está a provocar, segundo apurou o DN, algum mal-estar nos meandros judiciários, nomeadamente nos tribunais, uma vez que são constantes as queixas da falta de dinheiro para a compra dos materiais mais básicos. Por outro lado, os magistrados do Ministério Público recorrem normalmente à Polícia Judiciária para conseguirem uma viatura quando necessitam de realizar uma diligência.

Neste panorama de carência, um dos contemplados com um novo carro de alta cilindrada foi o presidente do IGFIEJ, com um Audi Limousine 2.0TDI, de 140 cavalos. Esta viatura, sem o IA, custou ao Estado 38 615,46 euros, com 2831 euros de equipamento opcional, nomeadamente caixa de 6 CD, computador de bordo a cores, sistema de navegação plus, sistema de ajuda ao parqueamento, alarme e pintura metalizada. Antes, João Manuel Pisco de Castro tinha ao seu dispor um outro Audi A6, com motorista de serviço, e um Peugeot 404, que conduzia pessoalmente. Estas viaturas tinham sido adquiridas em 2003. Mas também quatro Volkswagen Passat Limousine 2.0TDI - 34 257,40 cada -, foram para o Ministério: um para o gabinete de Alberto Costa, outro para o secretário de Estado João Tiago Silveira, outro para Conde Rodrigues, e o último para a secretaria geral.

O Ministério da Justiça, conforme foi explicado ao DN, recorre geralmente, para o seu serviço e inclusivamente para uso do ministro, a viaturas aprendidas, a maior parte oriunda do tráfico da droga. São, em geral, bons carros. Esta prática terá sido abandonada em época de contenção financeira.


(Por LICÍNIO LIMA no Diário de Notícias em 13-11-2007)

Ludgero Marques, um homem do Norte?...

Em debate promovido pela TSF sobre a Regionalização, Ludgero Marques consegue ser mais autista que um O.V.N.I.!

Esta figura agora murcha do "Norte", que muitos (de boa vontade) chegaram a pensar poder vir a fazer alguma coisa de jeito pela região, não só decepciona demais como também acusa elevado teor de radiação centralista. Quem o viu e quem o vê...

Os argumentos que apresentou para justificar as suas ideias anti-regionalistas foram do mais básico que se pode imaginar. Além de padecerem de uma total orfandade em matéria de originalidade e de não terem a mínima substância, estão completamente fora de prazo. É caso para perguntar: onde tem, e com quem tem andado, afinal, Ludgero Marques?

Tomemos nota então, da profundidade das suas palavras:

"O Norte é um posicionamento, um atitude!" e "é muito mais vasto do que aquilo que se pretende fazer com 5, 6 ou 7 regiões!" .

E acrescenta: "Portugal, é um país demasiado pequeno para ser repartido por regiões!" . E remata com este brilharete: "se houvesse eficiência governamental, resolveria a situação!".

Esta última frase então, é de bradar aos céus! É, exactamente igual, àquela muito reflexa e muito antiga que diz: "se a minha avó não tivesse morrido ainda era viva!" . Mas o que irá fazer um homem com estas declarações a um debate sobre a Regionalização? Confundir? Não, não é credível que com palha desta qualidade consiga confundir o maior dos asnos!

Mas há uma frase, por sinal muito utilitária, que enquanto cidadão lúcido não admito ao Sr. Ludgero Marques nem a qualquer político que profira em meu nome, que é esta: "Nós temos todos culpa por esta situação!" , porque eu não pertenço a essa família.

Estas pessoas, lançam este tipo de atoardas e uma vez que "cola" e ninguém lhes diz para terem tento na língua, usam-nas a torto e a direito e depois é: vira o disco e toca o mesmo e convencem-se que dá para tudo...

Em tese, até podíamos concordar com estas redundâncias caso fossem sustentadas no tempo e no espaço certos, por exemplos de governabilidade antecedentes apreciáveis. Mas, agora sr. Ludgero? Está a pedir aos portugueses para continuarem a dar o benefício da dúvida a métodos de governação arcaicos, ineficientes e alienadamente centralistas e perigosamente fracturantes? Durante mais quantos anos, já agora?

Será assim que o senhor engenheiro defende a coesão nacional? Ainda não terá percebido que a melhor semente para gerar injustiças e conflitos anti-nacionalistas é a concentração do poder num único pólo como está a acontecer em Lisboa? O senhor ainda não entendeu, engenheiro, que o país está mais dividido que nunca, mas da pior maneira? E não acha também que tem responsabilidades nisso?

Se não gosta da Regionalização, não coma. Mas faça o favor de não entrar nesse jogo sujo de assustar os portugueses e de se constituir em mais um empecilho para o progresso do país. Já chega.


(Por Rui Valente no blogue "http://renovaroporto.blogspot.com/" em 13-11-2007)

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Esta campanha anti-regionalização

A campanha contra a regionalização veste, muitas vezes, o fato da arrogância anti-política e anti-políticos, talhado pela inveja ou a ignorância. A campanha contra a regionalização não é séria, muitas vezes, porque exibe uma imagem falsa da política e dos políticos.
A campanha contra a regionalização não esclarece, porque tem uma qualidade muito inferior à qualidade média da política portuguesa.

A política é nobre e honra quem a faz.
Os políticos são homens e mulheres comuns, que também podem trabalhar nas escolas, nas fábricas, nos bancos, nos escritórios, nos hospitais, nos tribunais, nos campos, no mar. Os políticos são os que nós escolhemos para desempenhar os cargos públicos ou partidários existentes numa sociedade democrática. Os políticos que temos são os políticos que merecemos.Há políticos competentes e há políticos incompetentes, como em todas as profissões. Há políticos honestos e há políticos desonestos, como em todas as profissões. Há políticos que se conduzem por alguma ética e há políticos que são desprovidos de qualquer ética, como em todas as profissões.É certo que os políticos estão descredibilizados. Demasiada gente pensa, por ignorância ou por maldade, que todos os políticos são malandros, enriquecem à nossa custa e não se dedicam à coisa pública.
A classe política é uma classe pouco numerosa, muito fechada e corporativa e em que é difícil entrar. É ainda mais difícil entrar pelo único motivo que devia valer: a capacidade de contribuir para o desenvolvimento da sociedade.
A classe política tem que se abrir e os políticos têm que viver e trabalhar mais perto dos outros portugueses. Os políticos têm que se comportar como representantes dos portugueses e não, só, dos partidos.

Reajo mal aos ataques soezes contra a política e os políticos. Descobri por trás desta campanha a acusação nunca provada que todos os políticos são corruptos. Descobri por trás desta campanha a aplicação de um exemplo do princípio de Peter: os autarcas são tolerados nos municípios e nas freguesias, nos pequeninos poderes, muito divididos, mas não podem ultrapassar esses níveis.
Alguns, mas nem todos, daqueles que pensam desta forma não resistiriam à avaliação da sua própria competência profissional, da qualidade da sua participação cívica e da ética do seu comportamento. Afinal, a classe política é uma amostra representativa dos portugueses.
Ninguém acredita que não haja corrupção, tachos, impostos e dívidas nas Comissões de Coordenação Regional e na administração pública central, como ninguém acredita que nas regiões só se praticassem pecados.
Não aceito que só os poucos políticos que vivem em Lisboa e que tomaram conta dos órgãos de soberania e da administração pública central tenham competência e idoneidade política. São eles, precisamente, os culpados. Já tiveram 20 anos para discriminar positivamente as regiões menos desenvolvidas. Não o fizeram e demonstraram que a desconcentração não é a solução do problema.
Quem pretende manter o país dividido em tão pequenas autarquias, inevitavelmente fracas face ao poder central?
Obviamente, é quem não confia nos autarcas, é quem teme a força e o protagonismo de autarcas regionais, é quem não terá influência regional ou é quem sabe o que é melhor para reinar a partir de Lisboa.
Directa ou indirectamente, os autarcas regionais terão que ser eleitos pelos portugueses.

Se o objectivo desta campanha fosse o esclarecimento da proposta de regionalização, os portugueses já saberiam que os membros das futuras Assembleias Regionais, ao contrário dos da Assembleia da República, não teriam que ser profissionais da política (mas se forem não tem mal nenhum), tal como os membros das Assembleias Municipais e das Assembleias de Freguesia não são profissionais da política; já saberiam que só haveria 398 membros das Assembleias Regionais, mas que os membros das Assembleias de Freguesia são 60000 e os das Assembleias Municipais são 15000; já saberiam que só haveria 44 membros (incluindo os presidentes) de Juntas Regionais, mas que são 6000 os presidentes de Junta de Freguesia, presidentes de Câmara Municipal e vereadores de Câmara Municipal a tempo inteiro ou parcial.
É evidente que é ridículo falar em tachos e em custos dos autarcas regionais;Pelo contrário, os autarcas regionais podem preencher o grande vazio que existe entre os autarcas municipais e os políticos nacionais, as regiões podem ser um alfobre de futuros políticos nacionais e chamar à política quem quer, pode e deve estar na política, mas não quer ir viver em Lisboa.

Se o objectivo desta campanha fosse o esclarecimento da proposta de regionalização, os portugueses já saberiam que as regiões, sendo autarquias locais, não se poderiam endividar para além dos limites razoáveis que são impostos a todas as autarquias locais e ao governo central; já saberiam que o que se pretende não é o lançamento de mais impostos nem a duplicação de taxas ou derramas, mas é inverter a estrutura do investimento público, passando a administração autónoma a ser responsável por todo o investimento e toda a gestão que pode fazer com mais eficiência do que a administração central.
Até a acusação de burocracia vezes 8 é uma impostura. No máximo será burocracia vezes 8 oitavos (que se sabe ser igual a um), e será burocracia na terra de cada cidadão, em vez de burocracia em Lisboa. É muito mais confortável, é muito mais eficiente, é muito mais barato.
O que se pretende é pôr vastíssimos recursos do poder central ao serviço de autarquias locais, nomeadamente as regionais, que substituirão vantajosamente o poder central na coordenação dos municípios.Os argumentos de hoje são iguais aos de há 20 anos. Sempre houve quem não acreditasse no poder local, mas ele desenvolveu-se sem sobressaltos, realizando a obra colossal que se vê em todo o país. Colossal é a obra das autarquias locais.

A regionalização poderá acabar com um não, mas não acabará com um sim. Será sempre dinâmica e melhorará sempre com a experiência, como o restante poder local. Será sempre, simultâneamente, tímida para uns e exagerada para outros. Nada é perfeito, nem definitivo, nem previsível.
É lamentável que esta campanha tenha descido a um nível tão baixo.Eu creio que o fim, qualquer fim, não justifica os meios.


(Por Arnaldo Madureira no blogue "
http://arnaldomadureira.blogs.sapo.pt/" em 1-09-2004)

triporto: link directo para o artigo em causa:
http://arnaldomadureira.blogs.sapo.pt/117685.html

Sinal exterior de pobreza?

Na gíria chamam-lhes "bobbies". O nome técnico, creio, é "trolley". São aquelas malas, de vários tamanhos, com rodas, que os viajantes arrastam atrás de si (pensando bem, como costumam ser os donos a ir arrastados atrás dos cãezinhos, se calhar a figura do "bobby" não é muito bem conseguida…). Trata-se de uma invenção óbvia, que aliviou as costas e a coluna de muito boa gente. Aeroportos e estações de caminho-de-ferro são os lugares em que é possível vê-las com mais frequência, nomeadamente nos inícios e finais de semana. Evidenciam a mobilidade e a imobilidade. Que se trabalha num, ou se vai a algum, lugar longe daquele a que chamamos "casa", onde, contudo, esperamos regressar. Levamos umas "mudas", enquanto o fundamental fica. E levamos, também, computadores, livros e papéis, elementos materiais, omnipresentes numa sociedade que se diz cada vez mais do conhecimento e do imaterial.

Se formos à estação de Campanhã ou ao aeroporto Sá Carneiro, numa sexta-feira de tarde, veremos um trânsito intenso desses equipamentos. Gente que chega e gente que parte. Esqueçamos os turistas óbvios e fixemo-nos naqueles que, pela sua forma de vestir ou de agir, fazem a viagem por razões profissionais. Verificaremos que são muitos mais os que chegam do que os que partem. Há mais gente da área metropolitana do Porto que trabalha fora, e usa estes meios de transporte, do que o contrário. Façamos este exercício no domingo à noite, ou na segunda-feira de manhã, e a conclusão é a mesma, havendo, nesse caso, mais gente a partir do que a chegar (repete-se, gente arrastando atrás de si os tais "trolleys").

Chegam de onde e partem para onde? Aparentemente, é mais fácil responder à primeira do que à segunda questão! Chegam, principalmente, de Lisboa. Mas partem, frequentemente, para outros destinos que não Lisboa, sobretudo no caso do transporte aéreo. A solução do aparente paradoxo é óbvia Lisboa, mesmo quando não é destino final, é destino fatal. É preciso ir (por) lá, para ir a algum lado. Nas viagens como na profissão.

A disponibilidade para a mobilidade, para estar cá e lá, para ir ao fim do mundo como se vai ao fim da rua, faz parte do ADN do mundo de negócios contemporâneo. Uma região com recursos humanos com essas características está bem apetrechada para fazer face aos desafios económicos, os actuais e os previsíveis. Se, um "se" muito grande, simultaneamente for capaz de manter e gerar centros de competência e decisão capazes de articular essas capacidades e de as pôr ao serviço do bem-estar da região. Se assim não for, a região não passará de um mero fornecedor de mão-de-obra barata, igual a tantos países de emigrantes com um futuro permanentemente adiado. Se assim não for, os "trolleys", que circulam nos aeroportos e estações de caminho-de-ferro, serão meros sinais exteriores da incapacidade da região para fixar os seus melhores quadros ou de atrair outros provenientes de outros espaços. Não será, se tomado literalmente, um sinal exterior de pobreza. Mas é, certamente, um sinal de pobreza de alternativas que força a saída e repele os seus melhores.


(Por Alberto Castro no "Jornal de Notícias" em 13-11-2007)

O que mudou entre 1994 e 2007? (I)

"Desfavor (do Norte) em que sentido?

Em primeiro lugar, a nível de rendimento. O PIB per capita em Lisboa é cerca de 1.560 contos por pessoa, aqui no Norte é 980. O nível de vida do cidadão do Norte é cerca de dois terços do nível de vida do de Lisboa. No Alentejo é metade e na região centro, menos ainda.

Há dois factores: em primeiro lugar uma transferência fiscal. Todos pagamos impostos sujeitos às mesmas leis para fornecer os serviços públicos: saúde, ensino, estradas, etc. A população do norte é 35% do total do país, era de prever que aqui no norte estivessem 35% das estradas, das escolas, dos hospitais... Está tudo menos. É um déficit de cerca de 8%. Fiz alguns cálculos que até à data não foram contestados: em cada ano a região norte faz para Lisboa uma transferência de 500 milhões contos. O suficiente para passar o nível de vida no norte, que é de 83% da média do continente, para a média do continente. Ainda ficava inferior à de Lisboa.


Depois, os Fundos Comunitários vieram agravar estas coisas. São para os países que tenham um PIB per capita inferior a 80% da média comunitária, Portugal tem 60%. Mas Lisboa tem 82%. Portanto, se se cumprissem os critérios, Lisboa não receberia. Mas 32% das verbas regionalizáveis e provavelmente boa parte das verbas não regionalizáveis vão lá parar." Pedro Arroja (Lisboeta radicado no Porto) em 1994.

PMS: O que mudou até 2007? Nada!


(Por Pedro Menezes Simoes no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 13-11-2007)

A propósito da bela princesa Zinaida Iussupova

Aproveitei o fim-de-semana para ir ver a exposição do Hermitage sobre a arte e cultura nos dois séculos dos Romanov. Dei o tempo por muito bem empregue.

Sai do Palácio da Ajuda hipnotizado pelo intensidade do olhar e pela desarmante e calma beleza da princesa Zinaida Iussupova, retratada por François Flameng, e convencido de que é boa a ideia da ministra da Cultura de instalar no nosso pais um pólo permanente do mais famoso dos museus russos, o Hermitage de S. Petersburgo.

Os museus representam nos tempos modernos o mesmo que as catedrais na Idade Média. São templos de culto, lugares de peregrinação, ícones de afirmação do orgulho das cidades.

E, nesta era da globalização, as marcas mundialmente reconhecidas e admiradas possuem uma enorme capacidade de atracção, como ficou demonstrado pelo estrondoso sucesso que o Guggenheim de Bilbau alcançou ao repetir a fórmula de sucesso que celebrizou o seu pai nova-iorquino. A saber, arte contemporânea enroupada por uma marca prestigiada e embalada por uma espectacular peça de arquitectura.

Há uma dúzia de anos não passava pela cabeça de ninguém ir passar um fim-de-semana a Bilbau. O Guggenheim foi a poderosa alavanca que colocou a cidade basca no mapa dos destinos turísticos europeus.

Apesar de essa não ser a opinião do «mainstream» português, que inveja os fundos que vão alocados a esse projecto, acho boa a ideia de Isabel Pires de Lima.

Já não acho boa a ideia do Governo de âncorar em Lisboa o pólo permanente do Hermitage em Portugal.

A Gulbenkian e a Colecção Berardo já são suficientemente atraentes para satisfazer os turistas, no segmento arte contemporânea, complementando a boa e variada oferta museológica de Lisboa, onde avultam pesos pesados, como o Museu Nacional de Arte Antiga ou o dos Coches, e pequenos museus de charme e nicho, como o Museu do Azulejo ou a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva.

O exemplo do bom senso do Governo de Madrid, que escolheu Barcelona para receber os Jogos Olímpicos, Sevilha para a Expo e Bilbau para o Guggenheim deve iluminar o Governo de Lisboa na hora de escolher onde instalar o Hermitage.

Não estou a pedinchar para o Porto o pólo do museu russo. Com Serralves, o Soares Reis e pequenas jóias como o Museu Romântico, a minha cidade está razoavelmente servida neste domínio.

Na incursão a Lisboa para ver a exposição da Ajuda, fiz uma escala nas Caldas da Rainha. E fiquei a pensar que a instalação na cidade de Bordalo do pólo português do museu russo seria um óptimo pretexto para recuperar os magníficos (e degradados) Pavilhões do Parque D. Carlos I. E que melhor companhia se poderia arranjar para o Hermitage do que o Museu José Malhoa?

As Caldas são uma ideia. Mas também pode ser Coimbra, Santarém, Guimarães, Beja, Bragança, Aveiro, Lagos, Évora, Viseu, Tomar ...

O que estou a pedir ao Governo é que deixe de teimar em meter os ovos todos no mesmo cesto (que ainda para mais está roto) e que no momento de decidir onde vai ficar o Hermitage não olhe para o mapa de Lisboa - mas sim para o do Portugal.


(Por Jorge Fiel no blogue "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 13-11-2007

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

triporto: Diálogos à moda do Porto...

Ora bem, isto não tem a ver com centralismo mas devido ás enormes risadas que me proporcionaram quis compartilhar com todos os interessados. Este excerto que aqui reproduzo faz parte da caixa de comentários ao artigo publicado por Jorge Fiel no blogue "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 8-11-2007 com o titulo "Avisem a Interpol!"

Comentadores do Sul: Miguel e Nuno
Comentadores do Norte: Trasmontano e Karl Macx



De Miguel a 8 de Novembro de 2007 às 23:51

Agora voces querem-me dar lições de bem escrever? por acaso sabem qual a região com menor escolaridade neste país? eu escrevo como bem entendo.. caguei para vocês, e muito menos recebo lições de moral são mesmo argumentos de alguém que não tem nada de jeito para dizer.o que disse foi verdade, nomeadamente no 1ºpost dai as barbariedades e respostas absurdas que tenho ouvido. a verdade dói, mas tem de ser ouvidaJorge Fiel, saúde para os seus, mas trate-se enquando pode, tendo em conta que é um "elite" para esses lados , e o pobão olha para si como um exemplo.. e alguém que supostamente diz coisas credíveis.proque futebol e treinadores de bancada somos todos..agora fazer alguma coisa positiva pela nossa região é mais dificil...
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De nuno a 9 de Novembro de 2007 às 03:04

De facto, agora andam com a mania que são professores de Português. Só gente culta e altamente literada por aqui.A mim recomendaram-me que tivesse lições de português... lol. Lá teria que voltar 15 anos de escolaridade para trás.
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De Transmontano a 9 de Novembro de 2007 às 10:35

Aqui só tens a aprender, Nuno. E prepara-te para as notas do Natal.
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De Karl Macx a 9 de Novembro de 2007 às 10:53

O meu amigo não só necessita de lições de Português, como também não lhe fariam mal umas lições de Física.Nunca ouvi falar naquela Lei de Newton, a da Gravidade, que muito basicamente diz que "tudo o que sobe desce?"Ora, se o Norte é para cima, e o Sul para baixo, o meu "preclaro" amigo teria de cagar a fazer o pino, para cagar para nós. O resultado não seria bonito.Agora que penso nisso, talvez esteja encontrada a razão para o meu amigo dizer tanta merda...Para "cagar de alto" estamos cá nós...
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De Transmontano a 9 de Novembro de 2007 às 11:31

Lá em baixo caga-se de repuxo, karl, é o último grito.
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quinta-feira, 8 de novembro de 2007

triporto: Burocracias à moda de Lisboa...

Mais um exemplo da "eficiência" dos orgãos do Estado sediados na capital do Império...:

Nota: O sublinhado é da minha autoria e não original da notícia.

Cavaco deu luz verde às novas juntas médicas

As novas regras de funcionamento e avaliação das juntas médicas vão entrar em vigor nos próximos dias, depois de Cavaco Silva ter promulgado o decreto do Governo no passado dia 26 de Outubro, confirmou a Presidência da República ao JN.

Certo é que a luz verde de Belém não chegou a tempo de travar mais uma alegada avaliação injusta, que quase obrigava uma mulher a voltar ao trabalho numa junta de freguesia, mesmo sem capacidade de locomoção. O caso ontem noticiado foi travado a tempo, mas obrigou o ministro das Finanças a fazer uma conferência de Imprensa, onde anunciou a reapreciação do caso, manifestando a sua "solidariedade" para com a situação de Ana Maria Brandão "Ninguém pode ficar indiferente e insensível", disse.

Acontece que o processo legislativo para mudar as regras das juntas médicas, mesmo declarado urgente pelo próprio primeiro-ministro, arrastou-se entre São Bento e o Palácio de Belém por mais de três meses e meio, mais dois meses do que seria de esperar, de acordo com os prazos fixados na Constituição.

Aprovadas em Conselho de Ministros a 12 de Julho, acabaram perdidas nos corredores sem explicação oficial. Há, é claro, dois motivos possíveis ou o presidente da República enviou o diploma de volta para o Governo, sugerindo mudanças ou pedindo explicações adicionais (o que é, diga-se, prática comum); ou foi esquecido entre os ministérios das Finanças e do Conselho de Ministros, responsáveis pela elaboração da lei e pela ligação a Belém, respectivamente. Contactados pelo JN, os ministérios recusam uma resposta, falando apenas num processo legislativo "normal".

Mas nem tanto. É que, uma vez chegado a Belém, qualquer diploma tem 40 dias para ser assinado por Cavaco Silva. O que, mesmo admitindo um normal atraso no envio do documento, atiraria uma decisão para o início de Setembro.

Seja como for, e mesmo tendo demorado mais tempo do que o desejado, o Governo acredita que o decreto - uma vez publicado em "Diário da República" - pode evitar novos casos de injustiças nas avaliações. Ontem mesmo, quando anunciou que travara um novo caso, Teixeira dos Santos mostrou-se optimista face ao futuro. "Com as novas regras, esperamos que estas situações não se repitam e que sejam resolvidas com grande sentido de humanidade. É necessário maior rigor", pediu o ministro.

Questionado sobre os resultados das auditorias ao funcionamento das juntas médicas, o titular da pasta das Finanças referiu terem sido reveladas "algumas deficiências. Mas será posto cobro a situações desumanas como esta", garantiu.

A esperança renovada de Ana Maria Brandão

Ao fim de três anos de baixa e depois de uma Junta Médica da ADSE ter declarado a sua incapacidade para exercer a actividade profissional, Ana Maria Brandão, de 43 anos, funcionária da Junta de Freguesia de Vitorino de Piães, em Ponte de Lima, teve de se apresentar ontem ao trabalho, por indicação dada, na sexta-feira passada, pela Caixa Geral de Aposentações. Na sede da Junta de Freguesia, Ana Maria Brandão limitou-se a ficar sentada numa cadeira, encostada à parede, juntamente com o seu pai, que a ajudou a deslocar-se para o local de trabalho - "ela não consegue andar mais de 20 metros sozinha", disse.

Tudo começou numa operação mal sucedida a uma hérnia discal, em 1998, deixando para trás uma vida cheia. Foi criadora do grupo de folclore da freguesia, catequista e membro de um grupo coral.

Hoje, tão-pouco consegue "lavar-se ou vestir-se sem ajuda", refere o relatório da sua médica de família. Por seu turno, um relatório do INC (Instituto de Neurocirurgia) de 22 de Janeiro, indica que se trata de uma situação "crónica, sem melhoria e que a incapacita para a sua actividade profissional". Um outro relatório da Clínica de Psiquiatria indica um "síndrome depressivo".

Em Fevereiro de 2006, Ana Maria foi a uma junta médica da ADSE, que a terá considerado incapacitada para o trabalho. Só que após uma nova junta médica, a Caixa Geral de Aposentações, "em virtude de não se encontrar absoluta e permanentemente incapaz para o exercício das suas funções", decretou o seu regresso ao trabalho. Algo que cumpriu, apesar de saber que nada iria poder fazer "Estou aqui a fazer sala", dizia.

Durante o dia, o ministro das Finanças garantia que Ana Maria Brandão iria "entrar novamente de baixa médica" até que a CGA proceda à reapreciação.

Algo que deve acontecer ainda este mês, no Porto.

A notícia deixou a funcionária com a esperança renovada de que "agora se faça justiça", embora tema que "haja retaliações sobre ela, por o seu caso ter ficado exposto".

(Por Miguel Rodrigues no Jornal de Notícias de 6-11-2007)

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

REGIÃO NORTE - Porto, Braga ,Trás-os-Montes ... ou The Big Picture



No passado mês de Março escrevi um comentário no blogue Regionalização que depois o António Almeida Felizes resolveu reproduzir como post. Pela actualidade e pertinência do tema repito-o, desta vez aqui, com alguns ajustes.



A região Norte tem 4 milhões de habitantes, o distrito do Porto tem mais de 2 milhões e cresce. O Grande Porto tem uma área de influência de mais de 3 milhões de habitantes.

Os transmontanos e bracarenses que escolham. O Porto por si só é suficiente para ser uma região autónoma. O Norte sem o Porto não sobrevive.

Esse discurso do centralismo do Porto é uma das mais bem sucedidas mentiras postas a circular pelos inimigos da regionalização. As principais vozes que se ouvem em defesa do Douro e Minho até são ligadas ao Porto. Quem tem defendido a reabilitação da Linha do Douro? E o Comboio moderno para Vigo que atravessará o Minho? Quem tem berrado em defesa da indústria do Ave? Quem tem feito coro em defesa do desenvolvimento turístico do vale do Douro?

Infelizmente, tanto no Minho como no Douro não têm faltado autarcas (e não só) que se vendem rapidamente por um prato de lentilhas. O fecho da Linha do Douro do Pocinho à Barca, da Linha do Corgo de Vila Real em diante, da Linha do Pocinho a Duas Igrejas, de Valença a Monção, assim como a da Amarante ao Arco de Baúlhe ou os recentes encerramentos de urgências no Minho, são exemplos eloquentes da pusilanimidade de muitos autarcas do Minho, Douro e Trás-os-Montes (e não só) que trairam as suas populações por 10 reis de mel coado.

Tenho a certeza que a maioria dos portuenses não se incomodaria se colocassem a "capital" (são 6 os membros do executivo regional - como vêem uma fantástica e numerosa classe política) noutro sítio qualquer (por mim pode ser Braga, pelo significado histórico e até devido às minhas origens familiares, mas qualquer outra me serve).

A regionalização implicará necessariamente uma outra ordem e não a cópia do pior que existe neste momento - Lisboa. Deverá instituir-se um modelo que se apoia na multi polaridade que é característica da Região Norte. Deve adoptar-se o funcionamento em rede, com as valências distribuidas. Por exemplo: transportes e economia no Porto, indústria em Braga, Cultura em Guimarães, agricultura e turismo em Vila Real, pescas em Matosinhos, Ciência em Aveiro, se for caso disso. Outras hipóteses podem ser apontadas.

Aqui existem vários centros de excelência: Porto, Braga, Guimarães, Vila Real e até Aveiro se esta cidade decidir juntar-se ao Norte. Repare-se que se traçarmos um raio de 60 km com centro no Porto englobamos na sua circunferência um conjunto de grandes e dinâmicas cidades portuguesas. Por aqui não existe um eucalipto que tudo seca em volta como acontece no sul.

O peso demográfico do Grande Porto é suficiente para garantir o papel desta metrópole em qualquer modelo. Mesmo que existam tiques centralistas qual será melhor: um centralismo a 400 km de distancia e de costas voltadas para o Norte, ou um a 50/100 km e com grandes afinidades, até pela imensa mole de naturais, com o Minho, o Douro e o Vouga?

Decidam-se: para o Porto basta que a área metropolitana vote sem margem para dúvidas na regionalização que ela fazer-se-à pelo menos na Grande Área Metropolitana do Porto. Não haverá governo capaz de aguentar a pressão política, a menos que se disponha a enfrentar uma revolta. A partir desse dia será insustentável manter o Porto na menoridade política. Quem quiser vir atrás que venha. Acabaram-se os tempos das contemporizações. A hora é de acção. Caminhemos juntos!

Agora uma pergunta: conseguem perceber no mapa qual é a região no noroeste da península cuja densidade e volume populacional é a única capaz de pedir meças à região de Madrid?

PS - Esta é a minha última intervenção neste blogue. Um abraço


(Por António Alves no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 2-11-2007)