sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Vozes do Norte contestam obstáculos da ANA à Ryanair

O aeroporto do Porto arrisca perder a oportunidade de conseguir atrair, nos próximos sete anos, quatro milhões de passageiros da Ryanair. Tudo porque a ANA (empresa que faz a gestão dos aeroportos) não se tem mostrado receptiva a fazer algumas cedências que permitam a criação de uma base daquela companhia aérea de baixo custo no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. A possibilidade de o Norte estar a "desperdiçar" uma oportunidade de desenvolvimento está a indignar políticos e empresários. O PSD/Porto vai pedir esclarecimentos ao Ministério das Obras Públicas "por suspeita de favorecimento do aeroporto de Lisboa".

Depois de o presidente da Ryanair, Michael O'Leary, ter vindo a público acusar a empresa de estar a travar o crescimento do aeroporto do Porto, a ANA repudiou as declarações, numa nota de Imprensa, na qual dá a entender que em causa está a necessidade de dar as mesmas condições a todas as companhias.

Direitos iguais para todos

Para criar uma base, que implica espaço para escritórios e possibilidade dos aviões pernoitarem no Porto, a Ryanair pede um desconto de quatro euros por passageiro embarcado nas taxas cobradas pelo aeroporto do Porto. Em contrapartida, segundo documentos que o JN teve acesso, garante 1,5 milhões de passageiros no primeiro ano, e um crescimento sucessivo de meio milhão de passageiros até 2015. Além de cerca de 200 empregos directos.

"A ANA deseja mesmo muito que aquela companhia instale uma base de operações no Aeroporto Sá Carneiro, estando disponível para criar condições àquela empresa que possam ser legalmente suportadas e proporcionadas a qualquer outra companhia", refere a empresa, garantindo que actuará sempre "numa base de igual tratamento a todas as companhias áreas".

Mas o argumento não convence. "Por que é que a ANA não oferece o mesmo desconto nas taxas a qualquer companhia que garanta quatro milhões de passageiros nos próximos anos?", questiona Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto (ACP), que foi contactado pela direcção da Ryanair para interceder junto da ANA.

Críticas à posição da ANA

"É mesmo uma posição de Estado. Se o aeroporto fosse privado isto não acontecia", refere Couto dos Santos, vice-presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), acusando a ANA de estar a querer proteger o "monopólio" da TAP. "É muito estranho. Não aceitaremos decisões de parcialidade regional ", acrescenta Marco António Costa, dando conta de que, caso os esclarecimentos do Governo não cheguem ou sejam insuficientes, o PSD vai chamar o presidente da ANA e da Ryanair à Assembleia da República para se perceber o que se está a passar.

A decisão da ANA terá de ser tomada até ao final do ano, caso contrário a Ryanair escolherá outra cidade para localizar a base. Valência, Bristol, Belfast são hipóteses já avançadas, mas há dez localizações na corrida. Algumas podem servir de alternativa ao Porto e até vir a prejudicar o desempenho do Sá Carneiro.

"Há aqui quatro milhões de passageiros à mão de semear. Temo que isto possa servir de motor para o investimento na requalificação do aeroporto de Vigo", alerta Rui Moreira.

Desconto nas taxas

Para criar uma base no aeroporto Francisco Sá Carneiro, a Ryanair pede um desconto de quatro euros por passageiro embarcado (inclui viagens de ida e volta), verba a deduzir no valor total das taxas que o aeroporto cobra à companhia aérea de baixo custo.

Espaço para escritórios e pernoita de aviões

A base da Ryanair implica a disponibilização de espaço para escritórios no aeroporto, bem como a possibilidade de os aviões pernoitarem no Sá Carneiro, com tripulação e pessoal de manutenção das aeronaves.

Aumento de meio milhão de passageiros por ano

Com uma base no aeroporto do Porto, a Ryanair garante 1,5 milhões de passageiros ao fim de um ano de funcionamento e um crescimento sucessivo, durante sete anos, de meio milhão de passageiros anuais. Estima-se que cada cliente da low cost gaste nas imediações do aeroporto entre 125 a 150 euros. O acordo tem de durar pelo menos dez anos, estabelece a companhia aérea.

Emprego a 200 pessoas

Duzentos empregos directos são garantidos pela Ryanair com a instalação da base no Porto.


(Por Inês Schreck no "Jornal de Notícias" em 22-11-2007)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Taxas no Sá Carneiro são 2-4 vezes as da concorrência - "autoridades de Lisboa estão a bloquear o crescimento do turismo no Norte"

Retirado d' "O Primeiro de Janeiro":

"A construção de uma base de operações da Ryanair, no Aeroporto doPorto, depende de Lisboa. A conclusão é do presidente da Ryanair, Michael O’Leary, que ontem apelou à ANA para “dar ao Porto liberdade para crescer e ser mais criativo”, permitindo a instalação uma base operacional no Aeroporto Francisco Sá Carneiro.

Os custos demasiado elevados praticados pela empresa que gere os aeroportos nacionais são a razão invocada pela Ryanair para escolher aeroportos noutros países onde, segundo O’Leary, a diferença de preços é de duas ou quatro vezes inferior.

A instalação de uma base da Ryanair no Porto permitiria um crescimento até aos três milhões de passageiros.

As autoridades de Lisboa estão a bloquear um enorme crescimento do turismo”, considerou Michael O’Laery.

A construção de uma base da Ryanair, com três ou quatro terminais,implicaria um investimento de mais de 200 milhões de euros.

“Não se pode cobrar preços de Lisboa quando se quer ter uma base deuma companhia de baixo custo no Porto”, sustentou Michael O’Laery.

“Continuaremos a dialogar, mas as decisões são em Lisboa e não aqui”, lamentou Michael O’Leary, ressalvando que a companhia tem excelentes relações com o director do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Fernando Vieira.

A companhia aérea de baixo custo gerou mil postos de trabalho e transportou quase um milhão de passageiros, sobretudo turistas que gastaram 125 milhões de euros na região. (...)

Após ler esta noticia, percebi qual é a dificuldade. É que afinal é o Presidente do Aeroporto de Lisboa que diz se as taxas no aeroporto do Porto são adequadas ou não. Alguém sabe o que significa conflito de interesses?



(Por Pedro Menezes Simoes no blogue " http://norteamos.blogspot.com/" em 21-11-2007)

ANA tira as patas do Sá Carneiro! Já!

Há quatro anos, quando a TAP deitou as mãos ao pescoço do Sá Carneiro, desviando para Lisboa os voos directos do Porto, foi a Ryanair quem forneceu o essencial do oxigénio que evitou o nosso aeroporto de morrer asfixiado.

A Lufthansa também deu uma ajuda, ao aumentar a frequência de voos diários para Frankfurt. Os alemães foram rápidos a identificar a oportunidade de negócio aberta pela deserção da TAP – e a agir.

A companhia alemã não demorou a obter o retorno deste investimento. «Hub» por «hub», turistas e homens de negócios nortenhos preferem fazer escala em Frankfurt do que em Lisboa.

Mas foi a Ryanair quem salvou o nosso aeroporto da condenação à morte proferida pela TAP (nacionalizada nossa …?!), com a cumplicidade da ANA (nacionalizada nossa…?! ) a entidade gestora dos aeroportos.

Por muitos anos que viva, nunca esquecerei da conferência de imprensa que Michael O’Leary, presidente da Ryanair, deu no Porto, paramentado com a camisola azul e branca do FC Porto, que tinha acabado de conquistar a Liga dos Campeões em Gelsenkirchen.

A combinação entre o prestígio, no Reino Unido, do vinho do Porto e do FC Porto (que acabara de exportar José Mourinho para o Chelsea) convenceu o irlandês de que a sua aposta numa ligação «low cost» entre as cidades do Porto e Londres ia ser ganhadora - e que os seus aviões andariam cheios nos dois trajectos.

Os dois milhões de passageiros transportados, em menos de quatro anos, de e para Portugal, provam que O’Leary tinha razão. A sua Ryanair é a principal contribuinte para as taxas de crescimento da ordem dos 17% ao ano registadas pelo Sá Carneiro, de que já é a sua segunda principal cliente.

O ano passado, três milhões de passageiros usaram o aeroporto do Porto. Este ano, prevê-se que sejam quatro milhões. Mais um milhão.

Mas a monopolista e estatal ANA está a cortar as pernas à continuação deste espectacular crescimento ao boicotar, há quase um ano, um investimento de 220 milhões de euros no Sá Carneiro da Ryanair, que quer instalar no nosso aeroporto uma base de operações.

Entre outras coisas, esta base permitira que, no espaço de um ano, a Ryanair triplicasse o número de passageiros que transporta no Sá Carneiro.

É inadmissível que numa economia que se pretende de mercado, a TAP continue estatal e que através dela o Governo tenha nacionalizado uma companhia privada (a Portugália).

É inadmissível que numa economia que se pretende de mercado, haja uma entidade estatal a monopolizar a gestão dos nossos principais aeroportos, impedindo a concorrência entre eles e prejudicando o Sá Carneiro.

Não há uma entidade única a gerir os portos nacionais e os resultados transparentes deste saudável estado de concorrência estão à vista: o porto de Leixões é o único que dá lucros. Os outros todos, sem excepção, acumulam prejuízos.

A AEP e a Associação Comercial do Porto já se disponibilizaram por criar uma entidade que substitua a ANA na gestão do Sá Carneiro, onde reuniriam empresas exportadoras e operadores turísticos.

É urgente que a ANA tire as patas do Sá Carneiro para que o nosso aeroporto seja gerido pela sociedade civil e, assim, possa continuar a prosperar - e ser a porta de entrada e saída, por via aérea, do Noroeste Peninsular.


(Por Jorge Fiel no blogue "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 21-11-2007)

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Portogal

Há uma preocupação mais ou menos generalizada na Capital do Império com a realização do último jogo da fase de apuramento para o Euro'2008 no Estádio do Dragão. É normal. Lisboa sempre olhou com desconfiança para o resto do País e de soslaio para o Porto. São tiques que se ganham depois de séculos a ver ao perto, olhando fixamente para o próprio umbigo. Ao longe, fica tudo desfocado. Salazar já sofria do mesmo problema com as distâncias e até Scolari chegou a dizer, pouco depois de ter chegado a Lisboa, que não se deslocava ao Porto para acompanhar os trabalhos do então campeão nacional e vencedor da Taça UEFA porque era muito longe. Ora, deve ser precisamente por essas e por outras que a realização do decisivo jogo com a Finlândia no Estádio do Dragão está a deixar preocupados alguns lisboetas. Habituados a olhar para o próprio umbigo, imaginam que os portuenses não saibam distinguir entre o cu e as calças, ou entre Scolari e a Selecção Nacional. Mas sabem. Já sabiam há três anos, na abertura do Euro'2004, quando compareceram em peso no Dragão para apoiar a Selecção Nacional, numa altura em que os desaforos de Scolari estavam bem mais frescos na memória. E se Portugal perdeu dessa vez, não foi por falta de apoio das bancadas, mas por casmurrice de Scolari, que resistiu até ao último instante a fazer a opção óbvia de usar o meio-campo com que José Mourinho tinha acabado de ser Campeão Europeu pelo FC Porto. Esperemos todos que seja mais feliz hoje com a certeza de que podem dormir descansados na Capital: não vai faltar apoio nas bancadas.


DRAGÃO
Esgotado

De acordo com a FPF, o Estádio do Dragão deve apresentar lotação esgotada para o decisivo jogo de hoje com a Finlândia. De certeza que não vai encher de gente com vontade de assobiar Scolari, mas de portugueses com vontade de apoiar a Selecção. Esperemos que a Selecção lhes dê motivos para isso.


(Por Jorge Maia no Jornal "O Jogo" em 21-11-2007)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

triporto:caixa de 6 cd´s????!!!!!

Eu até entendo que esta cambada toda não goste de sentar o cu em carros a cheirar a usado (por outros cus ministeriais entenda-se), mas o que mais me revolta nisto tudo não é os 176 000 € ou 35 000 contos que custaram estes "brinquedos" e também não é o facto de permanentemente assistirmos via TV às condições degradantes de certos tribunais...naaaa...nada disso me revolta...

O que me enfurece é a escolha do extra da caixa de Cd´s para o Audi...sinceramente não entendo...

Então num governo que se intitula de tecnológico, os senhores(as) deste ministério ainda não conhecem os ficheiros mp3??!!...Em que num unico CD podem meter o conteudo de vários CD´s???!!!...Então não era mais simples pedir um leitor mp3 em vez de uma caixa de Cd´s????!!!!...Certamente ficava mais barato uns euros e em vez dos 176 000 € seriam apenas 175 850...ou menos...

Há coisas revoltantes neste país centralista...


Ministério da Justiça adquire viaturas de luxo

Em época de contenção orçamental, e com a administração pública sujeita a restrições na aquisição de viaturas novas, por indicação do Decreto de Execução Orçamental para 2007, o ministro da Justiça acaba de comprar cinco automóveis topo de gama. O negócio, sem incluir o imposto automóvel (IA), de que as instituições públicas estão isentas, rondou um valor global de quase 176 mil euros (35 mil contos) e foi por ajuste directo, sem recurso a concurso público, e sem autorização do Ministério das Finanças. Poderá estar em causa a violação da lei.

O gabinete de imprensa de Alberto Costa, em esclarecimentos ao DN, confirmou a compra, mas garante que "o processo decorreu no estrito cumprimento do enquadramento legal". As Finanças, por seu lado, confirmaram as restrições às aquisições, mas até ao fecho da edição não se pronunciaram sobre o pedido de autorização.

Esta aquisição, executada pelo Instituto de Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça (IGFIEJ) e autorizada por despacho do secretário de Estado adjunto do ministro da Justiça, Conde Rodrigues, está a provocar, segundo apurou o DN, algum mal-estar nos meandros judiciários, nomeadamente nos tribunais, uma vez que são constantes as queixas da falta de dinheiro para a compra dos materiais mais básicos. Por outro lado, os magistrados do Ministério Público recorrem normalmente à Polícia Judiciária para conseguirem uma viatura quando necessitam de realizar uma diligência.

Neste panorama de carência, um dos contemplados com um novo carro de alta cilindrada foi o presidente do IGFIEJ, com um Audi Limousine 2.0TDI, de 140 cavalos. Esta viatura, sem o IA, custou ao Estado 38 615,46 euros, com 2831 euros de equipamento opcional, nomeadamente caixa de 6 CD, computador de bordo a cores, sistema de navegação plus, sistema de ajuda ao parqueamento, alarme e pintura metalizada. Antes, João Manuel Pisco de Castro tinha ao seu dispor um outro Audi A6, com motorista de serviço, e um Peugeot 404, que conduzia pessoalmente. Estas viaturas tinham sido adquiridas em 2003. Mas também quatro Volkswagen Passat Limousine 2.0TDI - 34 257,40 cada -, foram para o Ministério: um para o gabinete de Alberto Costa, outro para o secretário de Estado João Tiago Silveira, outro para Conde Rodrigues, e o último para a secretaria geral.

O Ministério da Justiça, conforme foi explicado ao DN, recorre geralmente, para o seu serviço e inclusivamente para uso do ministro, a viaturas aprendidas, a maior parte oriunda do tráfico da droga. São, em geral, bons carros. Esta prática terá sido abandonada em época de contenção financeira.


(Por LICÍNIO LIMA no Diário de Notícias em 13-11-2007)

Ludgero Marques, um homem do Norte?...

Em debate promovido pela TSF sobre a Regionalização, Ludgero Marques consegue ser mais autista que um O.V.N.I.!

Esta figura agora murcha do "Norte", que muitos (de boa vontade) chegaram a pensar poder vir a fazer alguma coisa de jeito pela região, não só decepciona demais como também acusa elevado teor de radiação centralista. Quem o viu e quem o vê...

Os argumentos que apresentou para justificar as suas ideias anti-regionalistas foram do mais básico que se pode imaginar. Além de padecerem de uma total orfandade em matéria de originalidade e de não terem a mínima substância, estão completamente fora de prazo. É caso para perguntar: onde tem, e com quem tem andado, afinal, Ludgero Marques?

Tomemos nota então, da profundidade das suas palavras:

"O Norte é um posicionamento, um atitude!" e "é muito mais vasto do que aquilo que se pretende fazer com 5, 6 ou 7 regiões!" .

E acrescenta: "Portugal, é um país demasiado pequeno para ser repartido por regiões!" . E remata com este brilharete: "se houvesse eficiência governamental, resolveria a situação!".

Esta última frase então, é de bradar aos céus! É, exactamente igual, àquela muito reflexa e muito antiga que diz: "se a minha avó não tivesse morrido ainda era viva!" . Mas o que irá fazer um homem com estas declarações a um debate sobre a Regionalização? Confundir? Não, não é credível que com palha desta qualidade consiga confundir o maior dos asnos!

Mas há uma frase, por sinal muito utilitária, que enquanto cidadão lúcido não admito ao Sr. Ludgero Marques nem a qualquer político que profira em meu nome, que é esta: "Nós temos todos culpa por esta situação!" , porque eu não pertenço a essa família.

Estas pessoas, lançam este tipo de atoardas e uma vez que "cola" e ninguém lhes diz para terem tento na língua, usam-nas a torto e a direito e depois é: vira o disco e toca o mesmo e convencem-se que dá para tudo...

Em tese, até podíamos concordar com estas redundâncias caso fossem sustentadas no tempo e no espaço certos, por exemplos de governabilidade antecedentes apreciáveis. Mas, agora sr. Ludgero? Está a pedir aos portugueses para continuarem a dar o benefício da dúvida a métodos de governação arcaicos, ineficientes e alienadamente centralistas e perigosamente fracturantes? Durante mais quantos anos, já agora?

Será assim que o senhor engenheiro defende a coesão nacional? Ainda não terá percebido que a melhor semente para gerar injustiças e conflitos anti-nacionalistas é a concentração do poder num único pólo como está a acontecer em Lisboa? O senhor ainda não entendeu, engenheiro, que o país está mais dividido que nunca, mas da pior maneira? E não acha também que tem responsabilidades nisso?

Se não gosta da Regionalização, não coma. Mas faça o favor de não entrar nesse jogo sujo de assustar os portugueses e de se constituir em mais um empecilho para o progresso do país. Já chega.


(Por Rui Valente no blogue "http://renovaroporto.blogspot.com/" em 13-11-2007)

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Esta campanha anti-regionalização

A campanha contra a regionalização veste, muitas vezes, o fato da arrogância anti-política e anti-políticos, talhado pela inveja ou a ignorância. A campanha contra a regionalização não é séria, muitas vezes, porque exibe uma imagem falsa da política e dos políticos.
A campanha contra a regionalização não esclarece, porque tem uma qualidade muito inferior à qualidade média da política portuguesa.

A política é nobre e honra quem a faz.
Os políticos são homens e mulheres comuns, que também podem trabalhar nas escolas, nas fábricas, nos bancos, nos escritórios, nos hospitais, nos tribunais, nos campos, no mar. Os políticos são os que nós escolhemos para desempenhar os cargos públicos ou partidários existentes numa sociedade democrática. Os políticos que temos são os políticos que merecemos.Há políticos competentes e há políticos incompetentes, como em todas as profissões. Há políticos honestos e há políticos desonestos, como em todas as profissões. Há políticos que se conduzem por alguma ética e há políticos que são desprovidos de qualquer ética, como em todas as profissões.É certo que os políticos estão descredibilizados. Demasiada gente pensa, por ignorância ou por maldade, que todos os políticos são malandros, enriquecem à nossa custa e não se dedicam à coisa pública.
A classe política é uma classe pouco numerosa, muito fechada e corporativa e em que é difícil entrar. É ainda mais difícil entrar pelo único motivo que devia valer: a capacidade de contribuir para o desenvolvimento da sociedade.
A classe política tem que se abrir e os políticos têm que viver e trabalhar mais perto dos outros portugueses. Os políticos têm que se comportar como representantes dos portugueses e não, só, dos partidos.

Reajo mal aos ataques soezes contra a política e os políticos. Descobri por trás desta campanha a acusação nunca provada que todos os políticos são corruptos. Descobri por trás desta campanha a aplicação de um exemplo do princípio de Peter: os autarcas são tolerados nos municípios e nas freguesias, nos pequeninos poderes, muito divididos, mas não podem ultrapassar esses níveis.
Alguns, mas nem todos, daqueles que pensam desta forma não resistiriam à avaliação da sua própria competência profissional, da qualidade da sua participação cívica e da ética do seu comportamento. Afinal, a classe política é uma amostra representativa dos portugueses.
Ninguém acredita que não haja corrupção, tachos, impostos e dívidas nas Comissões de Coordenação Regional e na administração pública central, como ninguém acredita que nas regiões só se praticassem pecados.
Não aceito que só os poucos políticos que vivem em Lisboa e que tomaram conta dos órgãos de soberania e da administração pública central tenham competência e idoneidade política. São eles, precisamente, os culpados. Já tiveram 20 anos para discriminar positivamente as regiões menos desenvolvidas. Não o fizeram e demonstraram que a desconcentração não é a solução do problema.
Quem pretende manter o país dividido em tão pequenas autarquias, inevitavelmente fracas face ao poder central?
Obviamente, é quem não confia nos autarcas, é quem teme a força e o protagonismo de autarcas regionais, é quem não terá influência regional ou é quem sabe o que é melhor para reinar a partir de Lisboa.
Directa ou indirectamente, os autarcas regionais terão que ser eleitos pelos portugueses.

Se o objectivo desta campanha fosse o esclarecimento da proposta de regionalização, os portugueses já saberiam que os membros das futuras Assembleias Regionais, ao contrário dos da Assembleia da República, não teriam que ser profissionais da política (mas se forem não tem mal nenhum), tal como os membros das Assembleias Municipais e das Assembleias de Freguesia não são profissionais da política; já saberiam que só haveria 398 membros das Assembleias Regionais, mas que os membros das Assembleias de Freguesia são 60000 e os das Assembleias Municipais são 15000; já saberiam que só haveria 44 membros (incluindo os presidentes) de Juntas Regionais, mas que são 6000 os presidentes de Junta de Freguesia, presidentes de Câmara Municipal e vereadores de Câmara Municipal a tempo inteiro ou parcial.
É evidente que é ridículo falar em tachos e em custos dos autarcas regionais;Pelo contrário, os autarcas regionais podem preencher o grande vazio que existe entre os autarcas municipais e os políticos nacionais, as regiões podem ser um alfobre de futuros políticos nacionais e chamar à política quem quer, pode e deve estar na política, mas não quer ir viver em Lisboa.

Se o objectivo desta campanha fosse o esclarecimento da proposta de regionalização, os portugueses já saberiam que as regiões, sendo autarquias locais, não se poderiam endividar para além dos limites razoáveis que são impostos a todas as autarquias locais e ao governo central; já saberiam que o que se pretende não é o lançamento de mais impostos nem a duplicação de taxas ou derramas, mas é inverter a estrutura do investimento público, passando a administração autónoma a ser responsável por todo o investimento e toda a gestão que pode fazer com mais eficiência do que a administração central.
Até a acusação de burocracia vezes 8 é uma impostura. No máximo será burocracia vezes 8 oitavos (que se sabe ser igual a um), e será burocracia na terra de cada cidadão, em vez de burocracia em Lisboa. É muito mais confortável, é muito mais eficiente, é muito mais barato.
O que se pretende é pôr vastíssimos recursos do poder central ao serviço de autarquias locais, nomeadamente as regionais, que substituirão vantajosamente o poder central na coordenação dos municípios.Os argumentos de hoje são iguais aos de há 20 anos. Sempre houve quem não acreditasse no poder local, mas ele desenvolveu-se sem sobressaltos, realizando a obra colossal que se vê em todo o país. Colossal é a obra das autarquias locais.

A regionalização poderá acabar com um não, mas não acabará com um sim. Será sempre dinâmica e melhorará sempre com a experiência, como o restante poder local. Será sempre, simultâneamente, tímida para uns e exagerada para outros. Nada é perfeito, nem definitivo, nem previsível.
É lamentável que esta campanha tenha descido a um nível tão baixo.Eu creio que o fim, qualquer fim, não justifica os meios.


(Por Arnaldo Madureira no blogue "
http://arnaldomadureira.blogs.sapo.pt/" em 1-09-2004)

triporto: link directo para o artigo em causa:
http://arnaldomadureira.blogs.sapo.pt/117685.html

Sinal exterior de pobreza?

Na gíria chamam-lhes "bobbies". O nome técnico, creio, é "trolley". São aquelas malas, de vários tamanhos, com rodas, que os viajantes arrastam atrás de si (pensando bem, como costumam ser os donos a ir arrastados atrás dos cãezinhos, se calhar a figura do "bobby" não é muito bem conseguida…). Trata-se de uma invenção óbvia, que aliviou as costas e a coluna de muito boa gente. Aeroportos e estações de caminho-de-ferro são os lugares em que é possível vê-las com mais frequência, nomeadamente nos inícios e finais de semana. Evidenciam a mobilidade e a imobilidade. Que se trabalha num, ou se vai a algum, lugar longe daquele a que chamamos "casa", onde, contudo, esperamos regressar. Levamos umas "mudas", enquanto o fundamental fica. E levamos, também, computadores, livros e papéis, elementos materiais, omnipresentes numa sociedade que se diz cada vez mais do conhecimento e do imaterial.

Se formos à estação de Campanhã ou ao aeroporto Sá Carneiro, numa sexta-feira de tarde, veremos um trânsito intenso desses equipamentos. Gente que chega e gente que parte. Esqueçamos os turistas óbvios e fixemo-nos naqueles que, pela sua forma de vestir ou de agir, fazem a viagem por razões profissionais. Verificaremos que são muitos mais os que chegam do que os que partem. Há mais gente da área metropolitana do Porto que trabalha fora, e usa estes meios de transporte, do que o contrário. Façamos este exercício no domingo à noite, ou na segunda-feira de manhã, e a conclusão é a mesma, havendo, nesse caso, mais gente a partir do que a chegar (repete-se, gente arrastando atrás de si os tais "trolleys").

Chegam de onde e partem para onde? Aparentemente, é mais fácil responder à primeira do que à segunda questão! Chegam, principalmente, de Lisboa. Mas partem, frequentemente, para outros destinos que não Lisboa, sobretudo no caso do transporte aéreo. A solução do aparente paradoxo é óbvia Lisboa, mesmo quando não é destino final, é destino fatal. É preciso ir (por) lá, para ir a algum lado. Nas viagens como na profissão.

A disponibilidade para a mobilidade, para estar cá e lá, para ir ao fim do mundo como se vai ao fim da rua, faz parte do ADN do mundo de negócios contemporâneo. Uma região com recursos humanos com essas características está bem apetrechada para fazer face aos desafios económicos, os actuais e os previsíveis. Se, um "se" muito grande, simultaneamente for capaz de manter e gerar centros de competência e decisão capazes de articular essas capacidades e de as pôr ao serviço do bem-estar da região. Se assim não for, a região não passará de um mero fornecedor de mão-de-obra barata, igual a tantos países de emigrantes com um futuro permanentemente adiado. Se assim não for, os "trolleys", que circulam nos aeroportos e estações de caminho-de-ferro, serão meros sinais exteriores da incapacidade da região para fixar os seus melhores quadros ou de atrair outros provenientes de outros espaços. Não será, se tomado literalmente, um sinal exterior de pobreza. Mas é, certamente, um sinal de pobreza de alternativas que força a saída e repele os seus melhores.


(Por Alberto Castro no "Jornal de Notícias" em 13-11-2007)

O que mudou entre 1994 e 2007? (I)

"Desfavor (do Norte) em que sentido?

Em primeiro lugar, a nível de rendimento. O PIB per capita em Lisboa é cerca de 1.560 contos por pessoa, aqui no Norte é 980. O nível de vida do cidadão do Norte é cerca de dois terços do nível de vida do de Lisboa. No Alentejo é metade e na região centro, menos ainda.

Há dois factores: em primeiro lugar uma transferência fiscal. Todos pagamos impostos sujeitos às mesmas leis para fornecer os serviços públicos: saúde, ensino, estradas, etc. A população do norte é 35% do total do país, era de prever que aqui no norte estivessem 35% das estradas, das escolas, dos hospitais... Está tudo menos. É um déficit de cerca de 8%. Fiz alguns cálculos que até à data não foram contestados: em cada ano a região norte faz para Lisboa uma transferência de 500 milhões contos. O suficiente para passar o nível de vida no norte, que é de 83% da média do continente, para a média do continente. Ainda ficava inferior à de Lisboa.


Depois, os Fundos Comunitários vieram agravar estas coisas. São para os países que tenham um PIB per capita inferior a 80% da média comunitária, Portugal tem 60%. Mas Lisboa tem 82%. Portanto, se se cumprissem os critérios, Lisboa não receberia. Mas 32% das verbas regionalizáveis e provavelmente boa parte das verbas não regionalizáveis vão lá parar." Pedro Arroja (Lisboeta radicado no Porto) em 1994.

PMS: O que mudou até 2007? Nada!


(Por Pedro Menezes Simoes no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 13-11-2007)

A propósito da bela princesa Zinaida Iussupova

Aproveitei o fim-de-semana para ir ver a exposição do Hermitage sobre a arte e cultura nos dois séculos dos Romanov. Dei o tempo por muito bem empregue.

Sai do Palácio da Ajuda hipnotizado pelo intensidade do olhar e pela desarmante e calma beleza da princesa Zinaida Iussupova, retratada por François Flameng, e convencido de que é boa a ideia da ministra da Cultura de instalar no nosso pais um pólo permanente do mais famoso dos museus russos, o Hermitage de S. Petersburgo.

Os museus representam nos tempos modernos o mesmo que as catedrais na Idade Média. São templos de culto, lugares de peregrinação, ícones de afirmação do orgulho das cidades.

E, nesta era da globalização, as marcas mundialmente reconhecidas e admiradas possuem uma enorme capacidade de atracção, como ficou demonstrado pelo estrondoso sucesso que o Guggenheim de Bilbau alcançou ao repetir a fórmula de sucesso que celebrizou o seu pai nova-iorquino. A saber, arte contemporânea enroupada por uma marca prestigiada e embalada por uma espectacular peça de arquitectura.

Há uma dúzia de anos não passava pela cabeça de ninguém ir passar um fim-de-semana a Bilbau. O Guggenheim foi a poderosa alavanca que colocou a cidade basca no mapa dos destinos turísticos europeus.

Apesar de essa não ser a opinião do «mainstream» português, que inveja os fundos que vão alocados a esse projecto, acho boa a ideia de Isabel Pires de Lima.

Já não acho boa a ideia do Governo de âncorar em Lisboa o pólo permanente do Hermitage em Portugal.

A Gulbenkian e a Colecção Berardo já são suficientemente atraentes para satisfazer os turistas, no segmento arte contemporânea, complementando a boa e variada oferta museológica de Lisboa, onde avultam pesos pesados, como o Museu Nacional de Arte Antiga ou o dos Coches, e pequenos museus de charme e nicho, como o Museu do Azulejo ou a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva.

O exemplo do bom senso do Governo de Madrid, que escolheu Barcelona para receber os Jogos Olímpicos, Sevilha para a Expo e Bilbau para o Guggenheim deve iluminar o Governo de Lisboa na hora de escolher onde instalar o Hermitage.

Não estou a pedinchar para o Porto o pólo do museu russo. Com Serralves, o Soares Reis e pequenas jóias como o Museu Romântico, a minha cidade está razoavelmente servida neste domínio.

Na incursão a Lisboa para ver a exposição da Ajuda, fiz uma escala nas Caldas da Rainha. E fiquei a pensar que a instalação na cidade de Bordalo do pólo português do museu russo seria um óptimo pretexto para recuperar os magníficos (e degradados) Pavilhões do Parque D. Carlos I. E que melhor companhia se poderia arranjar para o Hermitage do que o Museu José Malhoa?

As Caldas são uma ideia. Mas também pode ser Coimbra, Santarém, Guimarães, Beja, Bragança, Aveiro, Lagos, Évora, Viseu, Tomar ...

O que estou a pedir ao Governo é que deixe de teimar em meter os ovos todos no mesmo cesto (que ainda para mais está roto) e que no momento de decidir onde vai ficar o Hermitage não olhe para o mapa de Lisboa - mas sim para o do Portugal.


(Por Jorge Fiel no blogue "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 13-11-2007

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

triporto: Diálogos à moda do Porto...

Ora bem, isto não tem a ver com centralismo mas devido ás enormes risadas que me proporcionaram quis compartilhar com todos os interessados. Este excerto que aqui reproduzo faz parte da caixa de comentários ao artigo publicado por Jorge Fiel no blogue "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 8-11-2007 com o titulo "Avisem a Interpol!"

Comentadores do Sul: Miguel e Nuno
Comentadores do Norte: Trasmontano e Karl Macx



De Miguel a 8 de Novembro de 2007 às 23:51

Agora voces querem-me dar lições de bem escrever? por acaso sabem qual a região com menor escolaridade neste país? eu escrevo como bem entendo.. caguei para vocês, e muito menos recebo lições de moral são mesmo argumentos de alguém que não tem nada de jeito para dizer.o que disse foi verdade, nomeadamente no 1ºpost dai as barbariedades e respostas absurdas que tenho ouvido. a verdade dói, mas tem de ser ouvidaJorge Fiel, saúde para os seus, mas trate-se enquando pode, tendo em conta que é um "elite" para esses lados , e o pobão olha para si como um exemplo.. e alguém que supostamente diz coisas credíveis.proque futebol e treinadores de bancada somos todos..agora fazer alguma coisa positiva pela nossa região é mais dificil...
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De nuno a 9 de Novembro de 2007 às 03:04

De facto, agora andam com a mania que são professores de Português. Só gente culta e altamente literada por aqui.A mim recomendaram-me que tivesse lições de português... lol. Lá teria que voltar 15 anos de escolaridade para trás.
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De Transmontano a 9 de Novembro de 2007 às 10:35

Aqui só tens a aprender, Nuno. E prepara-te para as notas do Natal.
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De Karl Macx a 9 de Novembro de 2007 às 10:53

O meu amigo não só necessita de lições de Português, como também não lhe fariam mal umas lições de Física.Nunca ouvi falar naquela Lei de Newton, a da Gravidade, que muito basicamente diz que "tudo o que sobe desce?"Ora, se o Norte é para cima, e o Sul para baixo, o meu "preclaro" amigo teria de cagar a fazer o pino, para cagar para nós. O resultado não seria bonito.Agora que penso nisso, talvez esteja encontrada a razão para o meu amigo dizer tanta merda...Para "cagar de alto" estamos cá nós...
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De Transmontano a 9 de Novembro de 2007 às 11:31

Lá em baixo caga-se de repuxo, karl, é o último grito.
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quinta-feira, 8 de novembro de 2007

triporto: Burocracias à moda de Lisboa...

Mais um exemplo da "eficiência" dos orgãos do Estado sediados na capital do Império...:

Nota: O sublinhado é da minha autoria e não original da notícia.

Cavaco deu luz verde às novas juntas médicas

As novas regras de funcionamento e avaliação das juntas médicas vão entrar em vigor nos próximos dias, depois de Cavaco Silva ter promulgado o decreto do Governo no passado dia 26 de Outubro, confirmou a Presidência da República ao JN.

Certo é que a luz verde de Belém não chegou a tempo de travar mais uma alegada avaliação injusta, que quase obrigava uma mulher a voltar ao trabalho numa junta de freguesia, mesmo sem capacidade de locomoção. O caso ontem noticiado foi travado a tempo, mas obrigou o ministro das Finanças a fazer uma conferência de Imprensa, onde anunciou a reapreciação do caso, manifestando a sua "solidariedade" para com a situação de Ana Maria Brandão "Ninguém pode ficar indiferente e insensível", disse.

Acontece que o processo legislativo para mudar as regras das juntas médicas, mesmo declarado urgente pelo próprio primeiro-ministro, arrastou-se entre São Bento e o Palácio de Belém por mais de três meses e meio, mais dois meses do que seria de esperar, de acordo com os prazos fixados na Constituição.

Aprovadas em Conselho de Ministros a 12 de Julho, acabaram perdidas nos corredores sem explicação oficial. Há, é claro, dois motivos possíveis ou o presidente da República enviou o diploma de volta para o Governo, sugerindo mudanças ou pedindo explicações adicionais (o que é, diga-se, prática comum); ou foi esquecido entre os ministérios das Finanças e do Conselho de Ministros, responsáveis pela elaboração da lei e pela ligação a Belém, respectivamente. Contactados pelo JN, os ministérios recusam uma resposta, falando apenas num processo legislativo "normal".

Mas nem tanto. É que, uma vez chegado a Belém, qualquer diploma tem 40 dias para ser assinado por Cavaco Silva. O que, mesmo admitindo um normal atraso no envio do documento, atiraria uma decisão para o início de Setembro.

Seja como for, e mesmo tendo demorado mais tempo do que o desejado, o Governo acredita que o decreto - uma vez publicado em "Diário da República" - pode evitar novos casos de injustiças nas avaliações. Ontem mesmo, quando anunciou que travara um novo caso, Teixeira dos Santos mostrou-se optimista face ao futuro. "Com as novas regras, esperamos que estas situações não se repitam e que sejam resolvidas com grande sentido de humanidade. É necessário maior rigor", pediu o ministro.

Questionado sobre os resultados das auditorias ao funcionamento das juntas médicas, o titular da pasta das Finanças referiu terem sido reveladas "algumas deficiências. Mas será posto cobro a situações desumanas como esta", garantiu.

A esperança renovada de Ana Maria Brandão

Ao fim de três anos de baixa e depois de uma Junta Médica da ADSE ter declarado a sua incapacidade para exercer a actividade profissional, Ana Maria Brandão, de 43 anos, funcionária da Junta de Freguesia de Vitorino de Piães, em Ponte de Lima, teve de se apresentar ontem ao trabalho, por indicação dada, na sexta-feira passada, pela Caixa Geral de Aposentações. Na sede da Junta de Freguesia, Ana Maria Brandão limitou-se a ficar sentada numa cadeira, encostada à parede, juntamente com o seu pai, que a ajudou a deslocar-se para o local de trabalho - "ela não consegue andar mais de 20 metros sozinha", disse.

Tudo começou numa operação mal sucedida a uma hérnia discal, em 1998, deixando para trás uma vida cheia. Foi criadora do grupo de folclore da freguesia, catequista e membro de um grupo coral.

Hoje, tão-pouco consegue "lavar-se ou vestir-se sem ajuda", refere o relatório da sua médica de família. Por seu turno, um relatório do INC (Instituto de Neurocirurgia) de 22 de Janeiro, indica que se trata de uma situação "crónica, sem melhoria e que a incapacita para a sua actividade profissional". Um outro relatório da Clínica de Psiquiatria indica um "síndrome depressivo".

Em Fevereiro de 2006, Ana Maria foi a uma junta médica da ADSE, que a terá considerado incapacitada para o trabalho. Só que após uma nova junta médica, a Caixa Geral de Aposentações, "em virtude de não se encontrar absoluta e permanentemente incapaz para o exercício das suas funções", decretou o seu regresso ao trabalho. Algo que cumpriu, apesar de saber que nada iria poder fazer "Estou aqui a fazer sala", dizia.

Durante o dia, o ministro das Finanças garantia que Ana Maria Brandão iria "entrar novamente de baixa médica" até que a CGA proceda à reapreciação.

Algo que deve acontecer ainda este mês, no Porto.

A notícia deixou a funcionária com a esperança renovada de que "agora se faça justiça", embora tema que "haja retaliações sobre ela, por o seu caso ter ficado exposto".

(Por Miguel Rodrigues no Jornal de Notícias de 6-11-2007)

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

REGIÃO NORTE - Porto, Braga ,Trás-os-Montes ... ou The Big Picture



No passado mês de Março escrevi um comentário no blogue Regionalização que depois o António Almeida Felizes resolveu reproduzir como post. Pela actualidade e pertinência do tema repito-o, desta vez aqui, com alguns ajustes.



A região Norte tem 4 milhões de habitantes, o distrito do Porto tem mais de 2 milhões e cresce. O Grande Porto tem uma área de influência de mais de 3 milhões de habitantes.

Os transmontanos e bracarenses que escolham. O Porto por si só é suficiente para ser uma região autónoma. O Norte sem o Porto não sobrevive.

Esse discurso do centralismo do Porto é uma das mais bem sucedidas mentiras postas a circular pelos inimigos da regionalização. As principais vozes que se ouvem em defesa do Douro e Minho até são ligadas ao Porto. Quem tem defendido a reabilitação da Linha do Douro? E o Comboio moderno para Vigo que atravessará o Minho? Quem tem berrado em defesa da indústria do Ave? Quem tem feito coro em defesa do desenvolvimento turístico do vale do Douro?

Infelizmente, tanto no Minho como no Douro não têm faltado autarcas (e não só) que se vendem rapidamente por um prato de lentilhas. O fecho da Linha do Douro do Pocinho à Barca, da Linha do Corgo de Vila Real em diante, da Linha do Pocinho a Duas Igrejas, de Valença a Monção, assim como a da Amarante ao Arco de Baúlhe ou os recentes encerramentos de urgências no Minho, são exemplos eloquentes da pusilanimidade de muitos autarcas do Minho, Douro e Trás-os-Montes (e não só) que trairam as suas populações por 10 reis de mel coado.

Tenho a certeza que a maioria dos portuenses não se incomodaria se colocassem a "capital" (são 6 os membros do executivo regional - como vêem uma fantástica e numerosa classe política) noutro sítio qualquer (por mim pode ser Braga, pelo significado histórico e até devido às minhas origens familiares, mas qualquer outra me serve).

A regionalização implicará necessariamente uma outra ordem e não a cópia do pior que existe neste momento - Lisboa. Deverá instituir-se um modelo que se apoia na multi polaridade que é característica da Região Norte. Deve adoptar-se o funcionamento em rede, com as valências distribuidas. Por exemplo: transportes e economia no Porto, indústria em Braga, Cultura em Guimarães, agricultura e turismo em Vila Real, pescas em Matosinhos, Ciência em Aveiro, se for caso disso. Outras hipóteses podem ser apontadas.

Aqui existem vários centros de excelência: Porto, Braga, Guimarães, Vila Real e até Aveiro se esta cidade decidir juntar-se ao Norte. Repare-se que se traçarmos um raio de 60 km com centro no Porto englobamos na sua circunferência um conjunto de grandes e dinâmicas cidades portuguesas. Por aqui não existe um eucalipto que tudo seca em volta como acontece no sul.

O peso demográfico do Grande Porto é suficiente para garantir o papel desta metrópole em qualquer modelo. Mesmo que existam tiques centralistas qual será melhor: um centralismo a 400 km de distancia e de costas voltadas para o Norte, ou um a 50/100 km e com grandes afinidades, até pela imensa mole de naturais, com o Minho, o Douro e o Vouga?

Decidam-se: para o Porto basta que a área metropolitana vote sem margem para dúvidas na regionalização que ela fazer-se-à pelo menos na Grande Área Metropolitana do Porto. Não haverá governo capaz de aguentar a pressão política, a menos que se disponha a enfrentar uma revolta. A partir desse dia será insustentável manter o Porto na menoridade política. Quem quiser vir atrás que venha. Acabaram-se os tempos das contemporizações. A hora é de acção. Caminhemos juntos!

Agora uma pergunta: conseguem perceber no mapa qual é a região no noroeste da península cuja densidade e volume populacional é a única capaz de pedir meças à região de Madrid?

PS - Esta é a minha última intervenção neste blogue. Um abraço


(Por António Alves no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 2-11-2007)