segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Apostilas no último dia do ano roto II, ou o capitalismo à portuguesa

Berardo em directo na RTPN fez um ataque pessoal a Cadilhe recorrendo aos mais baixos e demagógicos dos argumentos: a reforma auferida e as insinuações sobre a personalidade do ex-ministro.

Recorde-se que logo depois da fracassada OPA da SONAE à PT, e da putativa OPA ao Benfica, Berardo vendeu logo de seguida as acções das citadas instituições com assinaláveis lucros.

Mas Berardo tem público. Se assim não fosse os "peixes de águas profundas" não o utilizavam. Com aquele português de sarjeta, e educação de taberna, tem enorme audiência na imensa mole de analfabetos leitores habituais de pasquins como o Correio da Manhã.

Caso o BCP seja tomado pelo PS, as acções subirão, obviamente, em flecha. Nada como o "mercado" sentir a protecção do "estado" para imediatamente começar a refugiar-se nelas. Claro está que Berardo, tal como nos casos anteriores, feito o trabalho sujo, as venderá imediatamente com chorudos lucros.


(Por António Alves no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 31-12-2007)

Uma boa opção

A apresentação de uma lista liderada por Miguel Cadilhe ao Millennium BCP é uma boa opção por parte dele e é também uma boa escolha para o banco.

Além de ter feito boa parte da sua vida profissional no Banco Português do Atlântico, Cadilhe tem obviamente curriculum suficiente para liderar uma instituição como aquela. Muito mais, por exemplo, do que tinha Paulo Teixeira Pinto. Mas o que me importa aqui focar não é isso, mas sim o benefício que poderá advir de o maior banco privado português, com as suas raízes no Porto, voltar a ter alguém com sensibilidade para as oportunidades de negócio e de desenvolvimento que se encontram a Norte.

Cadilhe tem sido uma voz activa contra o centralismo lisboeta. Nem sempre concordo com ele, mas não tenho dúvidas de que ele saberia ajudar a corrigir o afastamento para Sul de tudo o que é actividade económica. Há vida a Norte, mas os bancos (também para mal deles) parecem ter esquecido esse facto. Cadilhe será mais útil ao país na presidência do BCP do que em quaisquer funções no Estado ou em entidades com reduzida capacidade de manobra.

Mais: o futuro mais sensato para o BCP e para o BPI passa por uma fusão entre eles. Cadilhe é a pessoa certa para conduzir esse processo do lado do BCP, até pelas boas relações que tem com o BPI.

Boa sorte (para ele e para nós)!


(Por Tiago Azevedo Fernandes na "A Baixa do Porto" em 30-12-2007)

domingo, 30 de dezembro de 2007

Norte sem (tele)visão

O actual panorama da televisão na cidade do Porto, quer ao nível da emissão televisiva propriamente dita, quer na denominada produção de conteúdos e programas, corresponde ao seu pior momento desde o aparecimento das televisões privadas na primeira metade dos anos 90. E reflecte, de modo peculiar, a crescente inexistência política da Região Norte.

Na segunda cidade do país, a SIC e a TVI dispõem somente de delegações sem produção própria, de pequenos escritórios com meia-dúzia de profissionais e escassa ou nenhuma autonomia, estruturas cada vez mais dispensáveis na "guerra" das audiências que se joga em Lisboa - e cada vez mais somente em Lisboa. Mesmo a TVI, que chegou a apostar no Porto para a emissão do seu jornal da hora de almoço, numa tentativa de contrariar o predomínio do Jornal da Tarde da RTP (historicamente produzido no Porto com sucesso consolidado ao longo de muitos anos), recuou rapidamente nos seus intentos descentralizadores.

Mas a SIC e a TVI são empresas privadas, embora relativamente condicionadas pelo contrato de concessão televisiva que lhes permite usufruir do espaço hertziano público, o que as desresponsabiliza da obrigação social e política de procederem de modo diferente. Já quanto à RTP é completamente diferente - ou deveria ser completamente diferente -, por causa das obrigações mais apertadas que decorrem do legalmente estabelecido serviço público de televisão. A verdade, porém, é que os responsáveis pela RTP, nomeadamente nestes últimos anos, mais não fizeram do que reproduzir no seu universo de actuação a lógica e a estrutura funcional do Estado a que pertencem, fruto de uma visão paternalista da província e de um modelo organizacional centralista.

Ao contrário do que foi amplamente apregoado, com muita falácia de conveniência, a administração cessante da RTP deixa o suposto centro de produção do Porto da RTP com menos horas de emissão e de produção própria do que tinha o mesmo Monte da Virgem quando começou o mandato de Almerindo Marques. Basta referir, na programação, a ida para Lisboa do "Portugal no Coração" (que ocupa as tardes da RTP1 de segunda a sexta-feira) e, na informação, a passagem da emissão vespertina da RTPN para a também lisboeta Marechal Gomes da Costa.

Em sentido contrário, pode argumentar-se que a administração cessante da RTP fez um investimento avultado no Monte da Virgem com a recente inauguração de novas instalações. Ou que demonstrou efectiva preocupação descentralizadora quando apostou na criação do denominado "Media Parque".

Nada mais falso o novo edifício serviu fundamentalmente para instalar a RDP, assim permitindo libertar as velhas instalações radiofónicas da portuense Rua de Cândido dos Reis; e o "Media Parque", por manifesto erro de concepção, típico de quem começa a construir a casa pelo telhado, revelou-se um fracasso absoluto, acabando por servir apenas para libertar alguns recursos humanos dos sectores técnicos da RTP.

Neste contexto, pelo simples facto de integrar quadros maioritariamente oriundos da cidade do Porto, a anunciada nova administração da televisão e rádio públicas parece trazer renovadas esperanças a quem acredita na necessidade política de uma RTP Porto forte e actuante no contexto nacional da emissão televisiva. Trata-se de uma necessidade que não é nem deve ser bairrista, mas sim pautada por uma visão multipolar de desenvolvimento.

Acontece, todavia, que o local de origem dos decisores nunca foi nem será nunca garante de coisa alguma. O que é preciso é que os novos responsáveis pela RTP percebam que o serviço público de televisão, para melhor cumprir os seus objectivos, carece de uma RTP Porto forte, de qualidade, com mais horas de emissão, que estimule a produção privada das produtoras externas (interagindo com elas e dessa interacção tirando proveitos próprios), que não desbarate os seus melhores recursos humanos, que não se sinta tentada a reproduzir localmente o pequeno poder dos medíocres, que possa contrariar, ou ajudar a contrariar, o progressivo esvaziamento do Porto (e do país que existe para além de Lisboa) no panorama mediático nacional.

Por manifesta falta de alternativas, essa missão compete à RTP Porto, que tem a vantagem indeclinável e acrescida de albergar a direcção de um canal tão importante, com tão elevada autonomia e com tanto potencial de crescimento como a RTPN. Mais do que tudo, é por este vector estratégico que passa o futuro imediato do Monte da Virgem. Se é que se pretende que o Monte da Virgem tenha futuro...


(Por Luís Costa no "Jornal de Notícias" em 29-12-2007)

Devemos ou não apoiar a campanha de Paris Hilton a favor dos elefantes indianos viciados em cerveja?

Mão amiga e indignada fez-me chegar à mão o recorte de um artigo publicado há um mês no Expresso em que Miguel Sousa Tavares gasta uma página nobre do primeiro caderno do prestigiado semanário a destilar ódio contra a Regionalização.

Antes de expressar o meu ponto de vista sobre esta matéria, devo clarificar o que penso sobre o Sousa Tavares.

Apenas me cruzei com ele uma vez, num Verão, durante uma noite de poker aberto, no Zavial.

No geral, aprecio a forma coloquial das suas prosas, que, apesar de excessivamente extensas, são de fácil consumo uma vez que ele escreve tal como estivesse connosco à mesa do café.

Quando eclodiu a polémica a propósito do lançamento do «Rio das Flores» entre os mais dois notórios e vaidosos fumadores da imprensa portuguesa (outro é o Vasco Pulido Valente) fui logo a correr ler o «Equador».

Gostei. Escrita escorreita, intriga bem urdida e desenvolvida – e um magnífico e inventivo desfecho. Merece a porrada de exemplares que vendeu.

Sempre que, por algum acaso, me dispus a ler as crónicas de MST, habituei-me a concordar sempre que ele opinava sobre matérias que eu desconhecia - e a achar ignorantes, pobres e mal amanhados os argumentos que ele alinha sobre assuntos em que eu me sinto bem informado.

A prosa anti-regionalização não é uma excepção a esta regra.

Ao declarar que não acha indispensável a realização de um referendo para a realização do referendo, Elisa Ferreira foi o gatilho desta crónica anti-regionalista.

Tavares vê nesta inocente e justa declaração de Elisa a ponta do iceberg da conspiração dos regionalistas que, na sombra, «congeminam um golpe de Estado anti-democrático».

Parece-me óbvio que MST está a ver perdizes nas pereiras, o que apenas seria desculpável se ele fumasse outro coisa que não tabaco produzido pela Philip Morris.

A Regionalização está prevista na Constituição da República.

Sócrates obteve a maioria absoluta apresentando ao eleitorado um programa onde constava a Regionalização.

Menezes venceu as directas do PSD usando a Regionalização como umas das suas mais queridas bandeiras.

Dito por outras palavras, a Regionalização pode ser referendada, se calhar deve ser referendada, mas não tem obrigatoriamente de ser referendada.

Pessoalmente acho que o referendo é um pretexto de líderes fracos e inseguros para não assumirem decisões polémicas, escondendo-se atrás do voto popular.

Ora a essência da democracia representativa consiste em eleger pessoas, com base em programas e promessas, para governarem o país (ou uma região, ou uma autarquia) durante um determinado de período pré-estabelecido, e que serão julgadas no final do mandato pelo voto popular.

O recurso ao referendo, que consiste em transferir para as mãos do eleitorado a decisão (e o ónus dessa decisão…), apenas deve ser usado em circunstâncias excepcionais e com matérias que não tenham sido previamente debatidas na campanha eleitoral.

Sócrates passou a campanha eleitoral a repetir que as Scuts iriam manter-se sem custos para os utilizadores e que não iria subir os impostos.

Chegada a hora da verdade, nem sequer lhe passou pela cabeça fazer referendos antes de voltar atrás com a palavra ao aumentar o IVA e introduzir portagens nas Scuts.

Decisões nucleares como a independência das nossas colónias africanas, a adesão à CEE e a substituição do escudo pelo euro foram tomadas por Governos democráticos sem nunca ter passado pela cabeça de ninguém submetê-las a um referendo.

Por todas estas razões, acho vergonhoso, desonesto e delirante falar numa «conspiração dos regionalistas» e etiquetar como «golpe de Estado anti-democrático» a hipótese legítima de fazer a Regionalização sem referendo.

Mais acrescento que os maluquinhos dos referendos deveriam ocupar o seu tempo a promover consultas populares sobre temas mais divertidos. Aqui ficam três sugestões

Qual é a melhor solução para o novo aeroporto de Lisboa? Ota, Alcochete ou Portela+1? (fazer uma cruzinha no quadrado correspondente)

Deve ser autorizada a entrada nos restaurantes e casas de pasto a jovens com menos de 16 anos?

Deve o Governo português contribuir financeiramente para a campanha internacional liderada por Paris Hilton de defesa dos elefantes indianos viciados em cerveja?


(Por Jorge Fiel no blogue "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 30-12-2007)

Notas de fim de ano

O governo central normalmente faz chantagem com as autarquias quando se trata de construir equipamentos sociais. Queres uma escola, um hospital, um quartel da GNR, um SAP? Venha de lá o terreno de borla e o estado central abrirá os cordões à bolsa.

Bem, nem em todas. Em Lisboa toca outra música. O Ministério da Saúde vai pagar o terreno que a Câmara de Lisboa cede para a construção do novo hospital. Salvo erro, 13 milhões de euros. Bem precisa a edilidade lisboeta que se encontra atolada em dívidas provocadas por um forrobodó de despesas e pelos casos de grande corrupção que por lá tiveram lugar que, entretanto, andam convenientemente esquecidos pelos media.

Anda bem Fernando Ruas ao denunciar esta dualidade de tratamento que o governo faz entre Lisboa e o resto das autarquias. Até aqui nada de novo. Todos já sabíamos que António Costa não foi de borla para a Câmara. Outras formas subreptícias de financiamento desleal se seguirão.

Estranha-se é que, por exemplo, Rui Rio se mantenha calado. A opinião da segunda mais importante autarquia do país sobre esta clara discriminação em benefício da autarquia lisboeta seria importante. Mas, como aliás já aconteceu no caso do empréstimo - onde assistimos a uma clara ultrapassagem pela direita que António Costa fez à lei de que foi autor -, do alto da Avenida dos Aliados não saiu nada de relevante. Talvez ande distraido com mais uma guerra com os cantoneiros da limpeza e respectivos sindicatos. Forte com os fracos ...

O assalto que a clique centralista e macaense do PS está a fazer ao BCP ultrapassa tudo o que se poderia imaginar. Nos EUA estas coisas dão cadeia.

Do lado da oposição também não saiu nada de brilhante, antes pelo contrário. Filipe Menezes não teve melhor ideia do que exigir que o governo nomeasse um tachista do PSD para substituir o tachista que passa directamente da CGD - o maior banco público - para o BCP - o maior banco privado e principal concorrente da CGD - sem qualquer espécie de pudor. Menezes deu um fantástico tiro no pé. O melhor que lhe ocorreu foi pedir compensações para o PSD pela vigarice que o PS se prepara para executar. Defender a privatização da CGD, ou propor o recrutamento duma nova equipa de gestão para a CGD por concurso público como o governo inglês fez para a BBC, foi coisa que nem sequer, por breves instantes, se lhe aproximou dos neurónios.

A certos figurões, por estes dias muito activos em volta do BCP e da CGD, quando lhes vierem com a boca cheia de "mercado", mandem-nos à bardamerda sem qualquer espécie de contemplações.

Pacheco Pereira não o diz mas anda assustado. Anda assustado com o fim duma casta, dum modo de vida que desde o século XVIII tem tido um mercado cativo: o opinador profissional. Alguns deles conseguiram vidas bastante confortáveis devido ao monopólio que os media tradicionais - cujo acesso era controlado e limitado - tinham sobre a publicação de opinião. Isso acabou com a Internet e mais especificamente com a blogoesfera. Compreende-se a angústia de PP.


(Por António Alves no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 29-12-2007)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Histórias mal contadas

Nota do triporto: Neste artigo destaco e reproduzo apenas o ponto 2...

1. (...)

2. Por falar em histórias mal contadas, parece que agora descobriram que os magistrados que se recusaram a colaborar com a equipa especial do procurador-geral da República são culpados por ter lançado a confusão na investigação aos crimes na noite do Porto. E eu a pensar que o PGR, que nomeou a dita comissão sem um telefonema à PJ ou ao Ministério Público do Porto, é que tinha responsabilidades no sucedido... Deve ser a distorção mental provocada por quem não vê a realidade a partir de Lisboa.


(Por David Pontes no "Jornal de Notícias" em 21-12-2007)

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

triporto: Dois pares de estalos à moda do Porto

Bofetada de luva branca
OPERAÇÃO DA EQUIPA DE INVESTIGAÇÃO AOS CRIMES DA NOITE PORTUENSE FORAM DA RESPONSABILIDADE DA POLÍCIA JUDICIÁRIA DO PORTO MANDATADA PELO TIC (TRIBUNAL DE INSTUÇÃO CRIMINAL) DO PORTO, SEM QUALQUER ORIENTAÇÃO DA EQUIPA DE LISBOA DESIGNADA PELO PROCURADOR GERAL PINTO MONTEIRO!


(Por Rui Valente no blogue "http://renovaroporto.blogspot.com/" em 17-12-2007)

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Pinto Monteiro em silêncio sobre Porto

O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, não quis ontem prestar declarações sobre a polémica que tem rodeado as relações entre o organismo que tutela, o Ministério Público (MP) do Porto e Polícia Judiciária (PJ), no âmbito do caso das mortes e crimes na noite do Porto.

O JN questionou directamente a Procuradoria Geral da República (PGR) sobre o noticiado alheamento da operação "Noite Branca", anteontem desencadeada pela PJ do Porto, à decisão - datada de quarta-feira passada e com entrada imediata em vigor - de criar uma equipa especial de investigação para fazer face ao fenómeno e também a posição concreta da PGR face às diligências efectuadas sob impulso da PJ, DIAP do MP do Porto e Tribunal de Instrução Criminal do Porto.

Foi questionada, também, a alegada falta de comunicação entre o PGR e o DIAP do Porto, antes da decisão de criar a equipa especial, a fim de ser tomado conhecimento sobre o que estaria em curso no âmbito do processo, e ainda sobre eventuais orientações contraditórias entre a PGR e a PJ sobre a condução do caso.

A PGR, através de fonte oficial, optou por não responder directamente às questões colocadas, referindo apenas que a coordenadora da equipa especial já está a conduzir o processo pela parte do MP "A Srª. Drª. Helena Fazenda encontra-se no Porto a coordenar todos os inquéritos respeitantes à violência na noite do Porto. Dentro dessa coordenação, irá proceder a todas as diligências processuais necessárias, incluindo interrogatórios. O procurador-geral não presta, por ora, declarações sobre o caso da violência na noite do Porto. Oportunamente, esclarecerá todos os factos".

Além do mal-estar latente entre as hierarquias do MP do Porto com Pinto Monteiro, tal como noticiou o JN, uma das consequências da decisão do PGR de retirar o caso ao DIAP do Porto foi a recusa de Felisberto Teixeira, procurador titular dos casos das mortes em integrar a referida equipa especial. Porém, ontem, António Cluny, presidente do Sindicato dos Magistrados do MP, mostrou-se convicto de que haverá colaboração dos magistrados do Porto nas investigações.


(No "Jornal de Notícias" em 18-12-2007)

Regionalização IV

De facto uma regionalização tem de ser dinâmica, pensada a partir de baixo e não imposta por tecnocratas e muito menos por políticos. Evidentemente que também não podemos deixar de pensar nas alternativas propostas pelos tecnocratas, mas muito claramente estas não devem, nem podem, ser encaradas como dogmas.

A actual divisão administrativa do país está completamente desfasada da realidade. Este desfasamento é visível, desde logo, ao nível de muitas freguesias, de alguns municípios e da vacuidade dos distritos. Todavia a grande lacuna prende-se como enorme vazio administrativo entre o nível superior da administração (Poder Central) e o Poder Local. Esta ausência de um patamar administrativo democrático simultâneamente infra-nacional e supra-municipal é, seguramente, uma das causas do nosso fraco nível de desenvolvimento e das desigualdades e assimetrias que se verificam no território português.

Sou um regionalista convicto. Estou farto de verificar que decisões que dizem respeito às regiões, sejam sistematicamente tomadas pelo poder central, muitas vezes desconhecedor em absoluto da realidade local, as políticas centralistas funcionam genericamente como castradoras do desenvolvimento local. Quanto maior e harmonioso for o desenvolvimento local maior será o desenvolvimento nacional.

O anterior referendo sobre a regionalização falhou porque foi mal orientado e os interesses partidários sobrepuseram-se aos interesses regionais e nacionais, por isso verificou-se um discurso redutor e desmobilizador por parte da maioria dos intervenientes.

Ao longo da História do nosso País foram feitas algumas tentativas de regionalização, sendo uma das mais importantes a que resultou da Revolução Liberal do início do século XIX e da qual resultou a actual divisão administrativa do País. Também esta tentativa falhou porque se atendeu aos interesses de alguns barões e caciques locais e não aos interesses das populações. A médio prazo esta regionalização serviu mais para centralizar e burocratizar do que para descentralizar e liberalizar.

É necessário assumir a regionalização como um desígnio nacional benéfico para o País e, posteriormente, com o contributo de todos, definir as fronteiras das regiões.

A título de exemplo de má administração, veja-se que o Alto Douro, que é uma área territorial uniforme e que vive essencialmente da produção do Vinho do Porto, está dividida por quatro distritos. Vejam-se também as regiões do Grande Porto e Grande Lisboa - cerca de 40% da população - atomizadas em concelhos interdependentes, mais interessados em rivalizarem entre si que a integrarem e harmonizarem as suas políticas de desenvolvimento.

Em conclusão penso que o nosso País comporta perfeitamente cinco regiões administrativas + duas Áreas Metropolitanas (Lisboa e Porto) com prerrogativas administrativas especiais, isto para além das actuais regiões autónomas.


(Por Antonio Almeida Felizes no blogue "http://www.regioes.blogspot.com/" em 17-12-2007)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

triporto: A figurinha do momento...

Se há coisas que detesto são centralistas mas pior do que isso são centralistas convertidos às três pancadas, ressabiados e hipócritas...



As costas largas do F.C. Porto

As declarações de Pacheco Pereira em que ele estabelece uma ligação entre a sucessão de assassinatos de pessoas ligadas à noite, o F.C. Porto e o PS Porto seriam risíveis, apesar de insultuosas para as instituições visadas, se não reflectissem também uma visão etnocêntrica, que teima em reduzir os portuenses a portistas. Mas também não é de estranhar vindo de quem um dia descobriu que no Porto se vivia um clima de "guerra civil" só porque ouviu insultos durante uma campanha eleitoral.

Achar que o futebol está na raiz destes crimes é ver pequeno, é esconder as condições sociais, civilizacionais e criminais que permitiram que eles aconteçam. É, se quiserem, equiparável a considerar que o massacre de Columbine pode ser atribuível à música de Marilyn Manson, ou que o aparecimento de grupos de Extrema- -Direita se deve ao Benfica ou ao Sporting.

Quanto à gestão autárquica, acho que sim. Apesar de algumas tentativas, os socialistas não conseguiram inverter o abandono do centro histórico, que, irremediavelmente, se acentuou quando, em anteriores mandatos, começaram a desenraizar-se populações para os bairros sociais. Mas, e o senhor que lá está agora, vai para sete anos, não tem nunca contas a prestar? Acabar com as instituições de apoio social no centro histórico ou desmantelar o Observatório de Segurança contam como factores positivos? E o que tem feito o Conselho Municipal de Segurança durante estes meses? Existe?

O presidente Rui Rio, tão lesto a acusar a Polícia de baixar os braços, devia olhar para a sua autarquia e explicar aos munícipes como tem permitido que tantas discotecas, essas sim no cerne destes crimes, funcionem sem licença, sem ser encerradas, ajudando à sensação de impunidade em que esta gente se movimenta.

Crimes como estes não são facéis de explicar, as suas razões profundas são difíceis de entender . Fácil, fácil, é dizer que a culpa é do F.C. Porto.

(Por David Pontes no "Jornal de Notícias" em 14-12-2007)
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Companheirão

Para Pacheco Pereira não há por aí crime violento que não envolva a claque do FC Porto. Assim mesmo: uma claque! Ora, em boa verdade, entre os sócios do FC Porto, não há uma claque e sim duas.

É pelo rigor, ou pela falta dele, que podemos avaliar se uma opinião está destinada ao debate de ideias ou a alimentar uma campanha. No caso, conforme sublinharam os outros dois comentadores do programa "Quadratura do Círculo" da SIC Notícias, Jorge Coelho e Lobo Xavier, não é intelectualmente aceitável circunscrever a escalada de crimes violentos ao futebol, a uma claque e a uma cidade.

No caso de Pacheco Pereira, é tanto mais impróprio quanto a sua ambição ao reconhecimento público como intelectual e guia de opinião. E até uma ameaça na medida em que ele ostenta os títulos de professor, sociólogo, historiador e do seu currículo fazem parte cargos públicos como o de ex-deputado, ex-eurodeputado, ex-dirigente nacional do PSD e ex-mandatário de Rui Rio na primeira candidatura à Câmara Municipal do Porto.

Aliás foi num desses momentos da sua vida pública, precisamente a primeira campanha eleitoral de Rio para a presidência da Câmara, que Pacheco revelou ter sido ameaçado fisicamente, em plena Ribeira do Porto. Já na altura, dissera ele, pela tal claque.

Que este episódio de uma campanha eleitoral do PSD anti-Pinto da Costa, à época apoiante do regresso de Fernando Gomes à presidência do município, sirva, agora, de nexo de causalidade para uma campanha extra-eleitoral é verdadeiramente nojento.

Mas de Pacheco Pereira podemos esperar tudo desde que vivamos na Área Metropolitana do Porto. A mais recente testemunha disto mesmo foi Luís Filipe Menezes e o seu "staff" cujos métodos na campanha eleitoral para a presidência do PSD o companheiro Pacheco comparou ao então muito falado bando do multibanco.

Um companheirão, este companheiro Pacheco que, além do mais, deve sofrer de autismo. De outro modo, teria dado ouvidos ao companheiro Rio que já declarou que em vez de tanto Apito Dourado do que as polícias deviam tratar em força era desta onda de criminalidade violenta.

(Por Manuel Tavares no jornal "O Jogo" em 14-12-2007)
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De novo, o ódio de Pacheco Pereira

Outra dúvida que não tenho, é sobre o desprezo que Pacheco Pereira dedica à terra de onde consta ser originário.

Este político arrogante, tal como o seu fiel amigo Rui Rio, é dos portuenses mais atípicos que a cidade já conheceu.

Hiper-convencido dos seus dotes intelectuais (que alguns lhe reconhecem), deixa-se trair amiúde pelo seu perfil ressabiado contra os portuenses, em particular contra aqueles que tiveram o azar (a felicidade, digo eu) de gostar do clube mais representativo da cidade, o F. Clube do Porto.

Da mesma forma se trai, quando se vê compelido a comentar algum acontecimento desagradável de claques ou de dirigentes de futebol afectos à zona da capital, sendo fácil notar-lhe muita contenção nas palavras e uma suavidade tolerante que nunca usa quando a crítica tem como alvo o clube azul e branco.

Raramente o ouvimos referir-se, com a contundência que o notabiliza, a barbaridades perpetadas em recintos desportivos da capital e quando o faz tem sempre o cuidado de não se exceder para não cair em desgraça na plateia e no palco que lhe mima o ego e abastece a carteira.

Recordo aqui há uns anos, a agressão bárbara sofrida por atleta de hóquei-em-patins do FCPorto, em que sofreu traumatismo craniano provocado por adeptos benfiquistas em Lisboa e nunca me dei conta de ter feito um comentário categórico de repulsa ao acontecimento. Passa-lhe sempre ao lado, são minudências...

Ontem vi, como vejo muitas vezes, o programa "Quadratura do Círculo", e de novo Pacheco Pereira extravazou no azedume que nutre pela cidade que o viu nascer. De novo, os seus comentários roçaram os limites da calúnia e da insinuação, dando claramente a entender (quase levando Lobo Xavier a perder a compustura) que os recentes crimes ocorridos no Porto estariam ligados às claques dos super-dragões e ao F. Clube do Porto.

Em suma: nem os adversários do clube portuense conseguem ser tão insinuantes quanto este produto híbrido do Porto.

Se há palavra que lhe assenta que nem uma luva, só pode ser esta: DIFAMADOR

(Por Rui Valente no blogue "http://renovaroporto.blogspot.com/" em 13-12-2007)
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Quo Vadis Pacheco?

Lê-se hoje no Público que Pacheco Pereira, portuense, intelectual sempre pronto a botar opinião sobre tudo e mais alguma coisa, professor universitário numa instituição conceituada na área das ciências sociais, historiador com muitas obras publicadas, enveredou pela demagogia mais básica. Num registo populista, bem ao gosto dos leitores do Correio da Manhã, público que aliás conhece bem, resolveu estabelecer uma ligação directa entre a onda de violência na cidade do Porto e os Super Dragões. Tal como um tal de Domingos Amaral que não tem pejo em fazer insinuações torpes e tirar conclusões espúrias, Pacheco deixou-se levar pelo ressentimento.

Fernando Madureira, famoso líder dos também famosos Super Dragões - uns tipos que ululantes e enjaulados assistem aos jogos do FC Porto -, mais conhecido como "o macaco", também ele autor duma coisa a que chama "livro", demonstrou, apesar da ausência de títulos académicos e obra publicada que possam ser comparados a Pacheco, possuir um maior lastro sociológico que o grande intelectual. Lapidar disse que a " claque é grande", que engloba diversos "grupos e classes sociais" e que nela coexistem "polícias e ladrões... não somos mais do que uma micro-sociedade". Não se pedia que Pacheco tivesse o discernimento de João Cardoso Rosas, mas esperava-se mais. A sorte de Pacheco é defrontar-se semanalmente com Jorge Coelho e não com o Madureira. Era uma abada!

Entretanto o procurador acordou e chegou à conclusão que pelo menos a PJ do Porto não é a "melhor do mundo". Falta saber se a emenda não é pior que o soneto.

(Por António Alves no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 13-12-2007)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Circular de metro

triporto: as alterações ao tipo de letra são da minha autoria...


É na verdade uma espécie de ovo de Colombo. Olhando para o mapa que mostra os nove quilómetros de traçado da "linha circular" do metro do Porto percebe-se que nem são necessários estudos - valeria cada um dos seus 180 milhões de euros. Aliás, a estimativa de quem a projectou aponta para uma duplicação do número de viagens diárias, de 200 mil (actuais) para 400 mil, se ela se viesse a concretizar.

Percebe-se porquê. Por ser totalmente subterrânea, o que lhe permite uma velocidade muito mais elevada. Por multiplicar os percursos possíveis dentro da cidade, servindo quem cá vive e quem vem de fora. Por cruzar-se com as outras linhas em pontos nevrálgicos da rede actual Casa da Música, S. Bento, Campanhã e Pólo Universitário. Por criar mais estações que servem as populações das três freguesias mais populosas da cidade: Campanhã, Paranhos e Ramalde.

Mas se o seu interesse parece óbvio, teme-se que a sua concretização não deixe de se transformar no folhetim habitual. O Estado centralista em que vivemos e os seus moços de recados (ministros e secretários de Estado) rapidamente deixarão claro que estamos em tempo de contenção de despesas. "Sem fechar a porta", expressão banal, mas sempre útil nestas ocasiões. Até porque ainda é preciso pagar a factura de 300 milhões de euros pelos dois quilómetros de linha do metro da capital, entre a Baixa-Chiado e Santa Apolónia.

Da mesma forma, e se se cumprir a tradição, os responsáveis políticos metropolitanos hão-de tardar em pôr-se de acordo. Até porque desta vez é uma linha que toca apenas num dos quintais. Aliás, não deixa de ser sintomático saber que os líderes de duas das principais autarquias da Área Metropolitana - Porto e Gaia -, quando confrontados com a notícia, se tenham limitado a manifestar desconforto pelo facto do projecto ter chegado, sem a sua autorização, à opinião pública. Sobre a importância da linha nem uma palavrinha.

Esperemos que alguém force um pouco a nota política, amanhã, no debate técnico marcado para a Faculdade de Engenharia do Porto. E em que, mais do que uma linha circular, se vai começar a definir o futuro da mobilidade desta imensa metrópole.


PS - Sim, leu bem. A linha circular projectada para o Porto tem um custo estimado de 180 milhões de euros, o que significa 20 milhões de euros por quilómetro, enquanto dois quilómetros de linha subterrânea em Lisboa custaram 300 milhões de euros, ou seja 150 milhões por quilómetro!



(Por Rafael Barbosa no "Jornal de Notícias" em 11-12-2007)

Região Norte TV é primeiro de novos canais

A RNTV - Região Norte Televisão, estação da operadora Tvtel que vem substituir a extinta Invicta TV, irá arrancar "nos próximos dias" no canal 19. Na apresentação da equipa e de alguns dos programas, que decorreu ontem, no Porto, Paulo Pereira, administrador da Tvtel e director-geral do canal, adiantou que este é "o primeiro em breve lançaremos outros canais que estão agora em fase de preparação".

Apesar da apresentação formal, ainda não foi desta que os responsáveis pela RNTV avançaram o dia concreto em que terão início as emissões. Recorde-se que o presidente da administração da Tvtel, Martins de Sousa, chegou a apontar o passado mês de Setembro como data para o início do canal.

O que é já garantido pela RNTV é que terá transmissão ao longo de 24 horas por dia em todo o território nacional e que se assume como "um canal informativo de perfil regional". Segundo Vítor Fernandes, director de programas do novo projecto e ex- administrador da Invicta TV, "o objectivo é criar conteúdos que vão ao encontro da região Norte".

Andreia Carneiro assume a direcção de informação, mas também integra a dupla de pivôs do canal ao lado de João Malainho. Fátima Torres e José Cruz, dois jornalistas conhecidos da RTP, integram a equipa com os programas "Os pontos nos I's" e "Palavra de honra".

Com "dois blocos de informação diários e grandes espaços de informação ao fim-de-semana, assim como programação desportiva com especial enfoque em modalidades pouco divulgadas na televisão", afirma Vítor Fernandes, a RNTV conta também comum programa dedicado à agenda cultural, apresentado por Clara Araújo Teixeira. A ideia é "colocar o canal ao serviço da cultura e dos costumes dos nortenhos", continua a defender o director de programas, para assim "colmatar uma lacuna do panorama televisivo nacional".

Um "espaço alternativo dedicado à ciência e à descoberta a cargo de Joaquim Fernandes" e a "versão televisiva do Clube dos Pensadores" são outros dos programas do canal com periodicidade semanal.

A RNTV, que irá funcionar no Porto, é fruto de um investimento de "600 mil euros até 2008", refere Paulo Pereira, tendo gerado 20 postos de trabalho.


( Por Cláudia Luís no "Jornal de Notícias" em 13-12-2007)

Governo de Lisboa comemora Tratado de Lisboa com ofertas aos cidadãos de Lisboa

Disseram-nos que era um orgulho para Portugal que o nome do tratado fosse o "Tratado de Lisboa". Só que, na hora de comemorar, mais uma vez ficam eles com o "orgulho", a festa e os privilégios, enquanto nós ficamos com a factura para pagar.




"A aprovação e assinatura formal, em Lisboa*, do novo Tratado da UE foi assumida pelo Governo de Lisboa (sic) como a "prioridade das prioridades" da actual presidência portuguesa.

Para celebrar o acto, todos os alunos do 9º ano da região de Lisboa receberão um encarte alusivo à assinatura do Tratado de Lisboa, os museus e palácios de Lisboa dependentes do Instituto dos Museus e da Conservação (IMC) vão ter entrada gratuita, tal como os transportes públicos de Lisboa."


* Note-se bem: a prioridade não era resolver o assunto durante a presidencia portuguesa, era garantir a assinatura em Lisboa (ironicamente, a cidade portuguesa que menos ganha com o "branding"). Somos governados por um bando de provincianos...


(Por Pedro Menezes Simoes no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 11-12-2007)

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

triporto: E a palhaçada continua...

...Agora que as cimeiras e os tratados na capital do Império acalmaram um pouco, vamos ver se é desta que o Estado português tem tempo para pôr um fim às mortes no Porto...a não ser que estejam à espera que morra algum inocente por uma qualquer bala perdida...

Sobre este assunto alguns comentários interessantes:


O mundo do avesso

Enquanto o nosso primeiro-ministro, com aquele sorriso de provinciano deslumbrado consigo mesmo, reunia com o maior ajuntamento de facínoras que jamais foi feito na Europa, as coisas cá pelo Porto, e não só, pioraram.

Enquanto os nossos governantes andam entretidos a "resolver" os problemas de África, precisamente com aqueles que são os principais responsáveis pela infame situação dos povos desse continente, a incompetência das nossas polícias ganha contornos de record europeu. A famosa Polícia Judiciária - "uma das melhores do mundo" - depois de meses a ser literalmente gozada pela imprensa britânica, continua a sua incomparável saga de incompetência mostrando-se absolutamente incapaz de travar a onda de criminalidade violenta que assola o Porto. Depois de seis assassinatos em apenas 4 meses, vídeos na Internet e entrevistas nos jornais, a PJ continua às aranhas. Parece que só é capaz de sacar confissões às mães das infelizes joanas deste mundo. O senhor presidente da Câmara, nos intervalos da sua vida entre o gabinete da Câmara e os fins-de-semana em Viana, diz umas vacuidades sobre a situação.

Mas nada disto admira num país cujo procurador geral ouve ruídos estranhos no telemóvel, pensa que não é necessário um esforço suplementar na investigação do caso Casa Pia, apesar dos fortes indícios de continuada actuação de redes pedófilas em volta da instituição. Mas para fazer uma entrada de leão, e dar circo aos famosos "seis milhões" de cidadãos, nomeou uma procuradora especial para investigar a batota no jogo da bola. Esta, por sua vez, veio cá com grande aparato, usou três automóveis, e deslocou-se em grande velocidade pela cidade em holliwoodescas manobras de diversão.

Aquilo que interessa, aquilo que verdadeiramente afecta a vida dos cidadãos, ninguém mostra vontade de querer resolver. O senhor Sócrates e um tal de Durão (o tal que viu, com aqueles que a terra há-de comer, documentos que provavam a existência segura de armas de destruição maciça no Iraque, e mais tarde desertou do cargo de primeiro-ministro quando se apercebeu que não tinha arcaboiço para a dureza da tarefa), convivem com cleptocratas como o senhor presidente de Angola, déspotas como o senhor Mugabe, ditadores senis e ridículos como Ghadaffi (parece que é assim que o homem se chama agora) e esquecem-se dum país real que se afunda e onde cada vez mais, particularmente nesta região, os seus melhores voltam a ter que emigrar aos milhares.

A festarola parece que custou largos milhões de euros. Não faz mal, fecham-se mais umas escolas, maternidades e urgências no interior.

Tirem-de daqui!!

(Por António Alves no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 10-12-2007)



Demitam-se as autoridades

Bem vistas as coisas, trata-se de criminosos da treta. Reparem: não alteram trajectos diários, deixam os corpos, as balas, anunciam os crimes antes de os realizar, envolvem-se em lutas nas ruas quando deviam evitar dar nas vistas, praticam o crime em locais com testemunhas, enviam SMS, está bom de ver que são uns gangsters fraquinhos.

Mas a tolerância tem que ser zero, e se a nossa Polícia não consegue resolver crimes à escâncara, tão precários como estes, tem que ser substituída imediatamente. Sem o mínimo receio ou adiar da situação, Polícia não resolve vai para a rua, não pode haver desculpas ou tentativas de minimizar a situação. Pagamos impostos para que estas situações não aconteçam, este ano pagamos milhares de euros em multas que acresceram às receitas dos impostos, não podemos tolerar uma incompetência destas. Se não houvesse rastos, se os corpos não existissem, até se tolerava. Agora num panorama destes, admite-se este comportamento por parte das Autoridades e do Governo?

O crime por encomenda não pode deixar ninguém seguro. Hoje são os empresários da noite, amanhã é outra pessoa qualquer. Desde o momento em que se sabe que há pessoas dispostas a matar que ficam impunes, não faltará dinheiro para pagar ajustes de contas, não faltarão criminosos dispostos a ganhar esse dinheiro, e não faltarão pessoas que se sentindo inseguras tudo farão para adquirir uma arma que hipoteticamente as defenda.

A Polícia não serve, demite-se a Autoridade e o Ministro.

(Por Cristina Santos na "A Baixa do Porto" em 10-12-2007)




Segurança: O vice-versa do centralismo não funciona

Aqui há uns anos, bastou que fosse ministro da administração interna uma figura do Porto, para que imediatamente a comunicação social centralista o desacreditasse e convencesse a opinião pública que o país passava por uma enorme vaga de assaltos, sobretudo a bombas de gasolina da “grande” Lisboa. Como disse o Manuel Serrão aqui, Fernando Gomes foi “praticamente acusado de violar a Lídia Franco em plena autoestrada”. Quando Gomes deixou o poder, magicamente acabaram os assaltos.

Passados uns tempos passa-se precisamente o contrário. No Grande Porto acontecem crimes muito mais graves, desde assaltos a bancos, a frequentes “car jackings”, até aos “simples” assassinatos selectivos. O que acontece? A Polícia actua? O governo centralista ou ministro já fizeram alguma coisa? E a comunicação social? Fez o mesmo tipo de cobertura?

PS: Ainda iremos mais longe? Acho que vale a pena ler o seguinte excerto desta notícia:

"Ele estava no passeio em Miragaia a disparar para baixo. Depois entrou no BMW escuro e acelerou em direcção à Foz do Douro. Ouviram-se então dois disparos para o ar. «Dizem que é a assinatura dele quando mata alguém», referem algumas testemunhas."

Nunca pensei ver uma descrição destas associada à minha cidade.

(Por João Medina na "A Baixa do Porto" em 11-12-2007)


triporto:...E no seguimento deste ultimo copy-paste e ainda relacionado com a passagem de Fernando Gomes pelo governo, volto aqui a colocar o seguinte comentário no mínimo excelente:


Faroeste, Dupla Ética e Xenofobia

Quase todos os meses víamos notícias sobre mortes e violência na noite de Lisboa. Recentemente o fenómeno chegou ao Porto, com várias mortes nos últimos meses. Curiosamente, o Porto foi rapidamente comparado à Chicago de Al Capone, os arautos do costume falaram em máfias, e repisou-se o novo estereótipo que querem impor aos tripeiros, uma verdadeira pentalogia do crime: Futebol, Câmaras municipais, Negócios da noite, Ministério Público, e Polícia.

Se há algo que salta à vista é a dupla ética dos meios de comunicação social. A violência habitual em Lisboa é tratada como uma coisa típica de uma grande metrópole, própria do desenvolvimento. A violência esporádica (pois não é habitual) no Porto, muito menor que em Lisboa, é tratada como uma coisa siciliana, própria de uma região sub-desenvolvida povoada por gente mafiosa.

Obviamente que isto são ideias que só poderiam vir de mentes peregrinas que vivem noutro mundo. As discotecas são um negócio excelente para lavar dinheiro (alguém passa factura?). A consequência é simples: tendem a ser dominadas pelo sub-mundo do crime. Mas os "iluminados" pensam que isso só acontece na terra dos outros.

Hoje, pelos vistos (infelizmente), os problemas com seguranças de discotecas voltaram a acontecer. Desta vez em Lisboa. Pergunto-me então se somos todos metrópole ou Sicília. Uma coisa é certa. Os arautos do costume não se atreverão a comparar a capital com Chicago, nem a falar de máfias a controlar a noite.

Por vezes pergunto-me se as gentes do Norte conseguem perceber a discriminação que sofrem nos meios de comunicação social (ainda por cima nos públicos, pagos por todos nós). Encontrei a resposta na leitura destes comentários. Os nortenhos não andam a dormir.

Recordo-me ainda do ex-ministro Fernando Gomes (e ex-presidente da CMPorto). Foi completamente perseguido pela imprensa por duas razões: por dispensar os cerca de 40 assessores de imprensa (grande poupança de custos) e por ser do Porto (e do FCP). A criminalidade não subiu, mas as notícias de crimes (sempre na linha de Sintra) não pararam enquanto ele não foi "remodelado". Até a Lídia Franco veio para os telejornais dizer que achava que a tinham querido violar.

A linha de Sintra ainda lá está, e a Lídia Franco continua... Mas agora surgiu uma nova onda de crime, que percorre as duas maiores cidades portuguesas. Começou desde que o Ministro Rui Pereira tomou posse. Pela mesma razão, os Media já deveriam estar a pedir a sua cabeça. Ah, mas falta a outra razão: ele não é do FCP...

Não sou ingénuo: a culpa não é dos lisboetas. É dos imbecis preconceituosos (e que sofrem de futebolite) que dominam a comunicação social. Ainda assim, confesso que por vezes me dói a alma de viver num país onde a xenofobia entre portugueses é tão impune, e onde a política tem mais em conta o futebol do que a justiça e o bem estar das populações.

(Por Pedro Menezes Simoes no blogue "http://norteamos.blogspot.com/" em 3-09-2007)

...e o resto é paisagem

Acabei de ver no noticiário da RTP2, uma notícia acerca do lançamento de uma campanha governamental, baseada num audio-visual, destinada a dar uma nova imagem de Portugal no estrangeiro. O chefe da orquestra é o inefável ministro da Economia, o mesmo que patrocinou a parolíssima e idiota ideia de transformar o Algarve em allgarve. Sem rir, e com o ar mais solene possível, afirmou que se pretende que o país dê uma imagem de inovação, capacidade empreendedora, e não sei mais o quê.

Até aqui tudo bem, é o habitual show de irrelevâncias e fantasias a que os nossos governantes nos habituaram e que ninguém cá dentro leva a sério: é mesmo para inglês ver, só que estes também não vão acreditar. Basta olhar para as estatísticas, económicas e outras.

Mas o que sinceramente mais me irritou foi que, além de todas as figuras (menos uma) apresentadas como símbolos deste tal Portugal renovado, serem figurões de Lisboa, a banda sonora é um fado cantado por uma qualquer fadista lisboeta.

Por muito que queiram na capital, o fado não é a canção nacional. Nada tenho contra quem gosta dele, apenas apresento aqui o meu protesto (inofensivo e inóquo infelizmente) contra mais um abuso centralista: reduzir todo país à área da capital e pretender que os símbolos locais lisboetas sejam forçosamente símbolos nacionais.

Nada disto é novidade, eu já devia estar habituado. Mas não consigo!


(Por Rui Farinas no blogue "http://renovaroporto.blogspot.com/" em 10-12-2007)

Desabafos

Há demasiado centralismo em Portugal que é bem mais grave que propriamente o montante global da despesa em função do PIB, ou seja, o problema maior é que há uma má distribuição regional da despesa pública. É aqui que urge revisitar o conceito de regionalização como uma fórmula administrativa para reformar o Estado.

Em três anos (2003 a 2005) a despesa total movimentada pelos gabinetes do Governo atingiu o valor de 12,8 mil milhões de euros, sendo que só as despesas de funcionamento (aquelas que permitem que os ministérios trabalhem no seu dia-a-dia) totalizaram 216,3 milhões de euros. Só para se ter uma ideia, os gastos dos ministérios davam para construir três aeroportos da Ota e uma dezena de pontes iguais à Vasco da Gama.

Estamos a falar em despesas que dizem respeito a ordenados com assessores, chefes de gabinete, pagamento de pareceres e contratação de especialistas.

Há, sem dúvida demasiado centralismo em Portugal que faz com que seja urgente revisitar o conceito de regionalização como uma fórmula administrativa para reformar o Estado.


(Por Antonio Almeida Felizes no blogue "http://regioes.blogspot.com/" em 11-12-2007)

Importa-se de repetir?

Há uma semana, a magistrada Maria José Morgado teve uma frase que, que eu desse conta, passou em claro aos analistas: "Os tribunais julgam os casos, mas os casos também julgam os tribunais".

Mizé Morgado falou assim numa longa entrevista ao Diário de Notícias em que até disse que era do Norte e o seu pai era um adepto fanático do FC Porto. As opções clubísticas são de cada um e ninguém tem nada com isso.

Mas aquela frase surge num contexto do Apito Dourado e das suas investigações. E como me parece que os tribunais plenários acabaram há mais de trinta anos, uma magistrada, mesmo do Ministério Público, dizer o que disse Maria José Morgado é altamente discutível, para dizer o mínimo.

O que a dra. Morgado está a deixar entender é que se não houver condenações no caso, os seus colegas juizes que vierem a fazer parte do colectivo não terão feito bem o seu trabalho. Eu, simples jornalista, posso dizê-lo; ela, magistrada, mesmo que do MP. e ainda mais parte interessada no caso porque trabalhou nele, não pode. Ou pelo menos não deveria dizê-lo porque deveria observar um dever de reserva. Porque o que eu entendo do que ela diz é que não se pode ter inteira confiança na Justiça.

A dra. Maria José Morgado é, hoje por hoje, a magistrada mais mediática do país e a que melhor utiliza os jornais. Mas não tenho dúvidas que se outro magistrado qualquer, de província por exemplo, se permitisse dizer algo assim, iria ser chamado à pedra.


(Por Manuel Queiroz no blogue "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 9-12-2007)

domingo, 2 de dezembro de 2007

Um país desigual

Governo limite valores no arrendamento jovem

A Grande Lisboa será a zona do país onde a renda máxima admitida para a atribuição do subsídio é mais elevada - 680 euros para uma casa de cinco ou seis assoalhadas. No Grande Porto, e para um apartamento arrendado exactamente com as mesmas características, a renda não poderá exceder os 450 euros

Discriminar é favorecer ou prejudicar um indivíduo ou um grupo de indivíduos emrelação a outros, com diferentes características. Discriminar positivamente (acção afirmativa) é favorecer um indivíduo ou um grupo de indivíduos, que à partida estariam emdesvantagem, com o objectivo de chegar a um ponto de equilíbrio.

Assim sendo, esta é, então, uma medida acertada, mas mostra, claramente, que este é um país desigual e com índices de desenvolvimento a duas velocidades..


(Por Antonio Almeida Felizes no blogue " http://regioes.blogspot.com/" em 30-11-2007)