terça-feira, 11 de dezembro de 2007

...e o resto é paisagem

Acabei de ver no noticiário da RTP2, uma notícia acerca do lançamento de uma campanha governamental, baseada num audio-visual, destinada a dar uma nova imagem de Portugal no estrangeiro. O chefe da orquestra é o inefável ministro da Economia, o mesmo que patrocinou a parolíssima e idiota ideia de transformar o Algarve em allgarve. Sem rir, e com o ar mais solene possível, afirmou que se pretende que o país dê uma imagem de inovação, capacidade empreendedora, e não sei mais o quê.

Até aqui tudo bem, é o habitual show de irrelevâncias e fantasias a que os nossos governantes nos habituaram e que ninguém cá dentro leva a sério: é mesmo para inglês ver, só que estes também não vão acreditar. Basta olhar para as estatísticas, económicas e outras.

Mas o que sinceramente mais me irritou foi que, além de todas as figuras (menos uma) apresentadas como símbolos deste tal Portugal renovado, serem figurões de Lisboa, a banda sonora é um fado cantado por uma qualquer fadista lisboeta.

Por muito que queiram na capital, o fado não é a canção nacional. Nada tenho contra quem gosta dele, apenas apresento aqui o meu protesto (inofensivo e inóquo infelizmente) contra mais um abuso centralista: reduzir todo país à área da capital e pretender que os símbolos locais lisboetas sejam forçosamente símbolos nacionais.

Nada disto é novidade, eu já devia estar habituado. Mas não consigo!


(Por Rui Farinas no blogue "http://renovaroporto.blogspot.com/" em 10-12-2007)

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