Por Fernando Santos, no Jornal "O Jogo" de 15-09-2007
Nada melhor do que uma boa história de protagonistas fortes para alimentarem-se certas estratégias. Susceptíveis de abalos, no entanto, quando desmentidas por quem nelas é colocado em cena.
É o caso do caso ontem referenciado pelo "Record". Gilberto Madail, o presidente da FPF, desmentiu ter recebido no pós noite negra do Portugal-Sérvia qualquer telefonema de Pinto da Costa a pressioná-lo para correr com Scolari da Selecção e no "site" oficial do FC Porto também foi negado qualquer contacto.
Dois desmentidos assim resultam no cair por terra de pelo menos três lances no tabuleiro das congeminações.
Lance 1: sabe-se como Pinto da Costa nunca morreu de amores por Scolari e é um coleccionador de inimigos - muitos convictos, muitíssimos moldados por permanentes campanhas de intoxicação. Logo... nada melhor do que ter Pinto da Costa a favor da saída de Scolari para se reforçar o movimento dos apologistas da sua continuidade.
Lance 2. Scolari vai à sua vidinha. Estão a ver? Pinto da Costa continua a ser o mandão do futebol português e Gilberto Madail é um verbo de encher.
Lance3. Uma parte do País esquece o falhanço de Scolari, aceita o "perdoa-me", e o homem acaba por conseguir levar Portugal à fase final do Euro'2008. O estratagema é também perfeito para denegrir a imagem de Pinto da Costa. Não se consegue abatê-lo do do sucesso desportivo no FC Porto mas dá-se a imagem da sua atrapalhação quanto toca a Selecção...
À falta de melhor, qualquer uma das jogadas encaixaria, terá julgado quem urdiu a história.
Houve desmentidos?
Resta uma safa: o nome Pinto da Costa é o bastante para garantir audiências, até porque, digo eu, vive-se num tempo em que infelizmente em Portugal parece valer tudo, incluindo o jornalismo. Esse mesmo de que por vezes se queixa Pinto da Costa. E com toda a razão.
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