quarta-feira, 21 de maio de 2008

Promiscuidades: Sócrates e António Costa

Não é uma notícia de última hora mas não posso deixar de comentar. Sócrates anunciou mais uma obra, alicerçada com 407 milhões de euros de fundos públicos e denominada "Nova Alcântara", sendo esta ao que parece de capital importância para o desenvolvimento da economia da nação lisboeta.

Convém desde já relembrar que António Costa é um dos elementos fundamentais do Partido Socialista e presidente da Câmara Municipal de Lisboa, o que poderá ser uma das explicações para esta relação promíscua entre o governo e as competências do município. Estas notícias são desenvolvidas aqui e aqui.

Na sequência deste novo elefante branco, parece que Rui Rio começa finalmente (talvez com receio de ser "linchado" por alguns indignados) a manifestar-se(muito baixinho) em relação aos atentados que o país sofre para favorecimento da região de Lisboa, como se pode constatar no seguinte artigo do público:

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, criticou hoje o "excessivo" investimento estatal na zona de Lisboa, considerando que se atingiu um "patamar de exagero" que "só não vê quem não quer ver".

"Acho que isto atingiu um patamar muito para lá do que seria razoável", afirmou o autarca social-democrata, em declarações aos jornalistas à margem de uma cerimónia de homenagem ao general Humberto Delgado.

Rui Rio recordou que "ao longo da história tem havido um excessivo investimento em torno da capital do país", com o consequente "esquecimento" da restante parte do território nacional.

"Recentemente, exagerou-se um bocado", frisou, considerando que o limite terá sido ultrapassado com a verba de 400 milhões de euros destinados à reabilitação da frente ribeirinha de Lisboa.

"Tivemos o país a discutir durante largos meses o novo Aeroporto de Lisboa, depois discutiu-se o trajecto do TGV, designadamente a ligação entre Lisboa e Madrid, e a seguir a nova travessia do Tejo e depois inventou-se mais uma coisa que foram os 400 milhões de euros para a frente ribeirinha de Lisboa", recordou o autarca.

Rui Rio admitiu que se "calaria" se estes investimentos fossem feitos no interior do país e em zonas mais carenciadas, mas considerou que "quando tudo está concentrado no mesmo sítio, atingiu-se um patamar de exagero". "Parece-me claro, é uma evidência para 10 milhões de pessoas, só não vê quem não quer ver", frisou.

Aqui a norte, em que as taxas fiscais são iguais às de Lisboa, as linhas ferroviárias do Tua e do Douro estão ao abandono, continua a existir analfabetismo e quem passe fome, a zona ribeirinha do Porto(património da humanidade) está degradada, é a zona mais pobre da Europa, a linha Porto-Braga-Vigo não avança, o aeroporto Sá Carneiro continua refém da ANA, as SCUTS vão ser portajadas, as pessoas fogem e emigram à procura de uma vida melhor, as nossas empresas continuam a sediar-se em Lisboa para facilitar a comunicação e os processos burocráticos...
Até quando vamos aguentar isto?



(Por Asdrúbal Costa no blogue "Gentes do Norte em 15-05-2008)

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