Questionar, questionar, questionar. Mais do que nunca, é o que nós cidadãos, temos de nos habituar a fazer com as decisões dos governantes sempre que elas nos suscitem dúvidas. Depois, devemos por todos os meios legais, debatê-las, contestá-las e, em última análise e se for caso disso, aceitá-las ou refutá-las.
Precisamos de ter cada vez mais cuidado com os "opinion maker" que, ao invés do que pensamos concebem e difundem linhas de conduta muitas vezes imponderadas e completamente contrárias ao interesse público.
Uma dessas linhas, há alguns anos em vigôr, diz-nos que devemos reprimir toda e qualquer contestação, substituíndo-a tão rápido quanto possível, por soluções concretas capazes de resolver o que a origina. Por outras palavras, sugere-nos o "faz", em vez do "contesta". Óptimo. Mas apetece perguntar: o comum cidadão terá assim tanto poder económico (money) e político para executar, em vez de contestar? Bem, se assim fosse, eu já teria despedido sem bilhete de retôrno muitos governantes, mas não posso. Este "fantástico" regime democrático obriga-me a aguentá-los, no mínimo, de 4 em 4 anos.
Como é que então posso fazer valer os meus direitos quando não acredito no desempenho dos orgãos do poder? Da justiça, por exemplo? Como posso eu - dando de barato que as suspeitas contra Pinto da Costa são fundamentadas - acreditar no senhor Procurador Geral e respectiva adjunta quando revelam ter dois pêsos e duas medidas? Quem, efectivamente, pode controlar a seriedade destas duas importantes figuras? Se o governo não pode ou não quer controlá-los quem o pode fazer?
Temos todo o direito para duvidar, tanto da seriedade da Dr. Maria José Morgado e do advogado Ricardo Costa, como eles têm de duvidar da de Pinto da Costa. E quem se atreve a mover-lhes um processo por tráfico de influências que as sua condutas arbitrárias fazem supor e já justificam há muito? Eu? Se alguém souber que mo diga, porque se não custar muito dinheiro faço-o imediatamente? Caso contrário, esqueçam a história do "em vez de reclamares, faz", porque não passa mesmo de mais uma das demagogias correntes neste paradisíaco regime. Não será este o cerne do futeboleiro "sistema"?
Todo o país ouviu o presidente do Benfica ao telefone com Valentim Loureiro a escolher um árbitro para um determinado jogo como se estivesse no supermercado a escolher maçãs. Quando lhe era sugerido um nome, o homem dizia, esse não, porque é muito nortista, esse também não porque é gordo, esse não porque não gosto... O que é isto? Como terá afinal interpretado o senhor Procurador & Companhia Ilimitada esta conversa? Como um hino aos bons costumes e à transparência? Por que está tão calado? O auto-endeusamento já terá alcançado uma escala tão grande que se julgam acima de qualquer suspeita?
Pois eu aqui declaro, que enquanto não for explicada pública e racionalmente esta manifesta dualidade de critérios, tenho toda a legitimidade para lançar as piores suspeitas sobre a ética e a honra destas pessoas.
(Por Rui Valente no blogue "Renovar o Porto" em 16-05-2008)
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