segunda-feira, 25 de agosto de 2008

A Importância de se chamar Brunheda

Ana Paula Vitorino, a dinâmica Secretária de Estado dos Transportes, anunciou o encerramento da linha do Tua, depois de um descarrilamento de uma composição perto de Brunheda, de que resultou um morto confirmado e 5 feridos graves..

Ainda está por apurar se a causa do acidente advém de uma explosão na linha ou na carruagem que faz o serviço normal da linha do Tua. Num caso ou no outro dá que pensar.

Principalmente quando o País, a braços com uma crise internacional de contornos imprecisos, discute tranquilamente a arrojada aposta no TGV, em particular como forma de resolver a ligação Lisboa/Madrid (??), quando os próprios espanhóis parecem já ter desistido de o fazer.

Como é possível que um dos desígnios principais do País seja o de ter uma linha de alta velocidade (já obsoleta na Europa avançada) para a ligação de Lisboa a Madrid. Com que propósito? Para melhorar o quê? Para servir quem?

Por muito menos, seria possível melhorar a linha ferroviária existente, e transformá-la num elemento potenciador do turismo biológico e de natureza. Em vez disso a Refer faz concursos para o aproveitamento das magnificas estações de caminho de ferro da linha do Douro e do Tua.

Sem prejuízo da segurança das pessoas, não parece disparatado apostar em tecnologias limpas e tão interessantes, como instrumentos de atracção e descoberta do Douro Património Mundial da Humanidade.

Só não percebe isto quem nunca se deixou extasiar por um passeio na mágica linha do Tua que agora, por tempo indefinido, estamos impedidos de fazer.

Enquanto isso o País discute, com parolo deslumbramento, o mega investimento do TGV.

Talvez porque liga Lisboa a Madrid e não o Douro ao resto do Mundo.

Talvez pela (falta de) importância de o local do acidente se chamar Brunheda...


(Por António de Souza-Cardoso no blogue Bússola em 24-08-2008)

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