domingo, 27 de janeiro de 2008

O negócio das ideias

Rivoli, Bolhão, Mercado Ferreira Borges

Felizmente a Torre dos Clérigos não está sob a alçada da maioria PSD/CDS da Câmara do Porto ou já teria sido entregue a privados e transformada num hiper ou num condomínio de luxo. Rui Rio não faz a mínima ideia do que há-de fazer com o património municipal, e não tem (nisso há que reconhecer-lhe desassombro) problema algum em assumir que ideias não são o seu forte. A única ideia que lhe ocorre quando não lhe ocorre ideia nenhuma é abrir um concurso de ideias (para o Bolhão, para o Ferreira Borges, para isto e aquilo). Ou então, como com La Féria no Rivoli, comprar ideias prontas a servir. O negócio que, por estes dias, está a dar, no Porto, é o "catering" de ideias. Conceber e levar a cabo políticas públicas municipais dá trabalho e exige esforço intelectual e ninguém, na maioria PSD/CDS, está disposto a fazer horas extraordinárias ou a apanhar uma meningite. Aí há que reconhecer, igualmente, lucidez a Rui Rio, ele sabe de quem está rodeado. Por isso arranjou uma solução engenhosa paga a quem pense pelos seus vereadores e mete conta aos munícipes. Devemos estar-lhe gratos. Sairia muito mais caro à cidade se a vereação desatasse a pensar pela sua cabeça e a ter ideias do que Rui Rio mandar comprá-las fora.


(Por Manuel António Pina no "Jornal de Notícias" em 24-01-2008)

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