terça-feira, 16 de setembro de 2008

triporto: toca a andar que já se faz tarde!

Duas novas pontes, uma delas pedonal, dois elevadores ligando Miragaia a Massarelos à zona alta da cidade e dois cais acostáveis são elementos centrais do plano de requalificação da zona ribeirinha do Porto.

Um dos objectivos do plano consiste, precisamente, em ligar a zona baixa e a zona alta da cidade através de dois elevadores, um entre os Jardins do Palácio de Cristal e Massarelos e o outro entre a zona da Cordoaria/Passeio das Virtudes e Miragaia.

O plano, que foi atribuído ao arquitecto portuense Pedro Balonas, vencedor do concurso público internacional lançado para o efeito, prevê também duas pontes, uma pedonal entre a zona da Alfândega e o extremo oeste do Cais de Gaia, e a outra que sairá para Gaia frente à Rua de D. Pedro V.

Ambas têm como função principal aliviar os centros históricos de Porto e Gaia da pressão do tráfego automóvel de atravessamento do Douro.

"Estas novas pontes serão à cota baixa, mas terão que possibilitar o trânsito dos navios de grande porte que agora circulam no rio, pelo que serão alinhadas, em termos de altura, com o tabuleiro inferior da ponte de D. Luís", disse.

Estes equipamentos, em conjunto com a reconversão do tabuleiro inferior da Ponte de D. Luís de forma a dar mais comodidade aos peões, permitirão criar aquilo que Pedro Balonas designa como "loop turístico", ou seja, um amplo circuito pedonal, provido de uma grande frente comercial, que os turistas poderão percorrer, ligando as duas margens do Douro.

"Desta forma, os turistas darão uma volta completa às ribeiras de Porto e Gaia a pé, de cerca de quatro quilómetros, com os correspondentes benefícios para o comércio local", afirmou.

A criação de dois cais acostáveis, um na marina a construir junto aos Guindais para embarcações maiores (os barcos-hotel), e o outro junto à Alfândega (para os barcos rabelos turísticos) são outras peças importantes do plano.

O aproveitamento das encostas do Douro, presentemente desertas, é outra vertente do plano, estando prevista a construção de um estabelecimento hoteleiro na encosta das Fontainhas.

Não será uma grande construção, mas sim o que o arquitecto qualificou como "um hotel difuso, distribuído por vários pequenos edifícios com gestão comum, um conceito muito em voga, muito mais compatível com os centros históricos".

"Há que limitar a construção de novos volumes, o que é preciso é saber aproveitar aquilo que temos", afirmou.

A zona entre as pontes do Infante e do Freixo será dedicada à habitação, com construção de baixa densidade e ainda uma série de equipamentos, nomeadamente piscinas fluviais com bares e cafés.

Outro equipamento que o arquitecto pretende incluir no plano é a inserção, em parte do antigo edifício da Alfândega do Porto (que manterá todas as suas actuais valências), de um hotel de seis estrelas ligado à área de congressos.

Pedro Balonas sublinhou que "existe também a necessidade de manter o parque de automóveis da Alfândega, porque escasseiam locais de estacionamento em toda a zona".

"Houve já um projecto de escavar aquela zona, mas sabe-se que há ali ruínas históricas em que não convém mexer, pelo que penso que o mais adequado será manter o parque tal como está e, aproveitando o desnível existente, construir uma laje por cima, ao nível da rua para que consigamos ter no centro histórico um jardim de grande dimensão", disse.

O arquitecto prevê ainda a criação, num dos grandes edifícios desocupados da zona, de um "souk" (zona comercial sofisticada das cidades árabes) das artes, para atrair pequenas indústrias criativas, designers e comércio especializado.

Pedro Balonas considera "fundamental" esta vertente do projecto porque - sustenta - "nas ribeiras do Porto e Gaia há poucas coisas para os turistas comprarem, além do galo de Barcelos e da garrafa de vinho do Porto".

"O Porto e Gaia têm muito pouco para oferecer aos turistas em termos de souvenirs, não há sequer miniaturas de qualquer das pontes, ou da serra do Pilar. Será a partir destas pequenas indústrias e dos seus designers que poderão surgir desde as `T shirts` às miniaturas de todos os tipos e para todos os gostos que levem os turistas a gastar aqui mais dinheiro", afirmou.

"Perdemos dezenas de milhar de euros por não ter este tipo de artigos de merchandising para vender aos turistas, que poderiam até ser objecto de concursos de design,", defendeu o arquitecto.

Fonte: RTP online, em 13-09-2008

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