terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

triporto: Inteiramente de acordo...

O Centralismo e o Futebol Clube do Porto

Por incrível que pareça, foi também por causa da clubite centralista que se acentuou o fosse assimétrico entre Porto e Lisboa. É fundamental que se entenda isto, para nos ajudar a compreender outros "fenómenos" contemporâneos, como a corrupção desportiva e toda a sorte de polémicas, principalmente em redor do Futebol Clube do Porto e do seu Presidente.

Desagrada-me reconhecê-lo (porque também nasci aqui), mas os portugueses,talvez pela sua condição de país periférico, têem uma enorme dificuldade intelectual em aceitar o sucesso dos outros, compensando esse endémico complexo com mitos e má língua. É assim.

Mas isto, não pode ser confundido com o direito legítimo dos cidadãos à critica, quando tal se justifica. Nesse sentido, não é honesto negarmo-nos a nós mesmos esse parco direito, vis à vis o rumo desastroso que Portugal tem seguido.

Tendo recebido muitos subsídios, inerentes à adesão comunitária europeia, Portugal desbaratou (vá-se lá saber por quê...) tantos outros, realizando pelo caminho -obrigatoriamente - algumas obras públicas, mas na realidade nunca conseguiu, mesmo assim, produzir riqueza bastante com reflexos na qualidade de vida da população de forma equitativa e desconcentrada.

E é com base nestes factos que deve ser feita uma avaliação honesta sobre a realidade nacional. Portanto, não é correcto, a pretexto das auto-estradas (muitas delas mal concebidas e depois reconstruídas), das Expos e de outros empreendimentos do género, consolarmo-nos com esses " rebuçados", porque isso, era o mínimo que se podia fazer. Enfim, a União Europeia exigia contrapartidas justificativas para nos financiar, e como é óbvio, algo teria de ser feito.

Foi mais ou menos neste período, entre o pós 25 de Abril de 1974 e a adesão à Comunidade Europeia até aos dias de hoje, que o Porto, e o Norte em geral, se degradaram económica e socialmente, que emergiu uma instituição desportiva a remar contra essa corrente depressiva, chamada Futebol Clube do Porto e o seu mentor, Jorge Nuno Pinto da Costa.
A ascensão do clube da cidade Invicta foi-se tornando avassaladora, com êxitos nacionais e internacionais, mas rapidamente provocou mal estar na capital e particularmente no Benfica, clube até então habituado a ganhar quase tudo e a beneficiar de todo o tipo de apoios pelo anterior regime. Contudo, com a democracia nada se alterou na arbitrariedade de processos, e a desigualdade de tratamento até se acentuou nos últimos anos.

Impotentes para superar, pelas vias legais e competentes (campeonatos), o adversário nortenho, o regime centralista não se coibiu de promover todo o tipo de esquemas e cabalas para afectar o Futebol Clube do Porto. De programas televisivos (Os Donos da Bola, da SIC), onde participavam
indíviduos contratados para denegrir a imagem do clube, até à rádio e aos jornais desportivos, tudo foi feito para destruir o (sucesso do) clube.

Hoje, a campanha persecutória adensou-se ainda mais, com a invenção do "Processo Apito Dourado" cujo objectivo principal é, como toda agente já percebeu, a incriminação de Pinto da Costa, a todo o custo, embora travestido de regenerador de ética e transparência desportiva...

O senhor Procurador Geral da República, parece desorientado. De tal modo, que é ele próprio a dar sinais de vulnerabilidade com a aparente arbitrariedade das suas decisões. Na dúvida, transmite sistematicamente a confiança às equipas de investigação lisboetas, denegrindo por consequência, e sem nada que o justifique, a imagem dos seus pares portuenses.

Ninguém percebe, sem assombro nem suspeita, como é que, imediatamente após a demissão do Director da PJ Porto e posterior nomeação de um outro, sejamos logo bombardeados pelos media com a notícia de que este último levanta suspeitas à equipa de investigação lisboeta, por alegadamente, ter simpatias clubísticas com o Futebol Clube do Porto.

Tudo isto parece surreal, tudo isto parece uma brincadeira de crianças.

Por muito menos, os media centralistas arrasaram com a reputação dos antigos procuradores gerais. Tanto Cunha Rodrigues como Souto Moura não foram poupados à lupa impiedosa dos jornais e televisões.

Neste caso, o sistema pendura-se às cavalitas da comunicação social, e não faz mais do que branquear e apoiar as prestações medíocres do actual Procurador, e isso, cada vez se parece mais com uma cereja em cima do bolo anafado do Centralismo.

Resumindo: a fita tem de começar a ser lida ao contrário. Há pois que meditar muito bem, no quê e quem, urge de facto investigar.



(Por Rui Valente no blogue "http://renovaroporto.blogspot.com/" em 25-02-2008)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

triporto: Uma chamada de atenção...

...aos responsáveis da Região Norte Televisão (RNTV) relativamente à prolongada ( esperemos que não eterna) mensagem que aparece sempre que nos deslocamos ao seu endereço electrónico (http://www.rntv.pt/), e nos deparámos com a famosa frase "site em construção"...

Penso eu que seria importante pôr a funcionar a todo o vapor o uníco meio disponivel de divulgação do canal e das suas notícias a todos aqueles que não são assinantes da TvTel (uma larga maioria) pois por este andar ainda se arrisca a ser uma "InvictaTV" - parte 2...

Da minha parte, e estou certo de muitas outras pessoas, afectas a uma vontade cada vez mais premente de verem, lerem e ouvirem notícias e reportagens oriundas do Norte do país, seria mais um meio de divulgação a considerar...

E como imagino que os responsáveis desta TV desconheçam por completo este blogue, fiz questão de enviar a mesma chamada de atenção via email que penso já deve ter a "construção" finalizada (digo eu)...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

triporto: Esta notícia é dedicada à "Morgadinho Justiceira" cá do sitío

...e aproveito o tema para estranhar a falta de notícias sobre o caso que esta "Justiceira" investiga actualmente (inquéritos à corrupção na camara da capital do Império), ao contrário do que sucedia todas as semanas com o famoso e badalado caso "apito dourado"...se calhar é por não envolver os nomes tão "queridos" a esta super magistrada como são o de "Pinto da Costa" ou "FC Porto"...


"Comunicação pública" autorizada

Os magistrados do Ministério Público do Porto vão explicar publicamente os detalhes da investigação às agressões a Ricardo Bexiga. O processo do ex-vereador da Câmara de Gondomar foi arquivado e provocou críticas da procuradora Maria José Morgado à forma como a investigação foi conduzida. Os magistrados dizem que se tratou de um ataque à sua honra e dignidade.

As críticas da última semana foram a gota de água para os procuradores do Porto, que não gostaram de ler no despacho de arquivamento do processo das agressões a Ricardo Bexiga que a impossibilidade de encontrar os autores do crime se deveu apenas à falta de diligências fundamentais e a falhas básicas na investigação.

Às críticas da procuradora de Lisboa, que assina o despacho, juntou-se uma entrevista de Maria José Morgado que garantiu que a recolha tardia de vestígios materiais, como impressões digitais, tornou o caso muito falível. Justificações intoleráveis para Ricardo Bexiga, a vítima do crime.

Numa carta enviada ao procurador-geral da República, os magistrados do Porto dizem que "o silêncio tornou-se intolerável após um ano de insistentes afrontas à dignidade e honra profissional".

À SIC, os magistrados garantiram que não estão interessados em abrir uma guerra entre Porto e Lisboa, mas dizem-se ofendidos com a postura Maria José Morgado. Pinto Monteiro acedeu ao pedido de suspensão do dever de reserva e autorizou os procuradores do Porto a emitir uma comunicação pública.

Os magistrados vão agora decidir se o fazem por escrito ou em conferência de imprensa.


(Na "SIC-online" em 13-02-2008)

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

triporto: É assim mesmo...dá-lhe com força que ela merece...

Não há conversa com Laura Rodrigues


A presidente da Associação de Comerciantes do Porto (ACP), Laura Rodrigues, manifestou-se disponível para o envolvimento no projecto de instalação de um sistema de videovigilância na Baixa, mas o presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP) não está para conversas.

António Fonseca afirmou, ontem, que a líder dos comerciantes já teve tempo suficiente para avançar com um projecto semelhante, mas nunca o fez. "Já podia ter feito isto há muito tempo", criticou António Fonseca, lembrando que nunca foi convidado a participar em qualquer projecto da associação. "Não os convidámos para esta apresentação porque também nunca nos convidaram para nada, principalmente quando receberam os cinco milhões de euros do grupo Amorim", atacou o responsável, referindo-se à verba que a empresa pagou à ACP para investir na reabilitação do comércio tradicional, na sequência de um acordo no âmbito da negociação do Plano de Pormenor das Antas.

Em declarações à Lusa, Laura Rodrigues afirmou, anteontem, que a vigilância na Baixa da cidade é bem-vinda e necessária, até porque estão a abrir alguns bares na zona.

Artur Ribeiro, um dos comerciantes que aderiu ao projecto, demitiu-se recentemente da direcção da ACP e, ontem, não poupou críticas ao trabalho da dirigente. "Antes de sair apresentei 15 propostas para a Baixa, entre as quais a recuperação dos guardas-nocturnos, mas nenhuma avançou", afirmou.


(Por Inês Schreck no "Jornal de Notícias" de 8-02-2008)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

A lenga-lenga anti-regionalista

Vasco Graça Moura ao JN de hoje. A lenga-lenga dos anti-regionalistas continua a mesma passados 10 anos, assente apenas em mitos pacóvios e mentiras grossas.

Acreditam na descentralização, mas não se lhes conhece uma única medida nesse sentido.

Distorcem o mapa da Europa e dizem coisas tão incríveis de tão falsas como "o nosso país, no seu todo, tem a dimensão correspondente a uma região média europeia" (!?!?). É que o nosso país, no seu todo, é superior ao país médio da UE. Eu sei que é muito mais fixe passarmos a vida a dizer que "o país é pequenino, coitadinhos de nós", mas na verdade o país é mediano, grandito até, para os padrões europeus... A diferença é que a maioria dos países, mesmo sendo mais pequenos que o nosso, estão regionalizados.

Last but not least, a "coesão nacional". Será "coesão nacional" a diferença brutal do PIB per capita do Norte em relação ao do Vale do Tejo? Dane-se a coesão nacional se assim for. Os Açores e a Madeira estão mais "coesos" agora ou antes de estarem regionalizados? É fácil lembrar Jardim, e pelos vistos também já ninguém se lembra dos movimentos bombistas que defendiam a independência dos arquipélagos antes da regionalização. E também é fácil esquecer o crescimento brutal da emigração portuguesa para Espanha, sobretudo partindo do Norte e interior do país, não será isso atentatório à "coesão nacional"? O nosso modelo de desenvolvimento deve então continuar a inspirar-se no modelo grego? Pode-se "retalhar" o país em freguesias, concelhos, distritos, mas jamais em regiões porque a seguir ia querer ser tudo um país independente? Será? E porque seria?


(Por Boss no "http://renaseveados.blogspot.com/" em 9-06-2007)

OS PRINCIPAIS MITOS SOBRE A REGIONALIZAÇÃO (2/5)

Mito I – A unidade nacional em perigo

O principal mito associado à Regionalização no território continental é o do potencial perigo duma desagregação do País. Vários políticos e até intelectuais de elevada craveira estão convencidos de que corremos mesmo o risco de Portugal ver um dia a sua unidade nacional desfeita por acção de forças centrífugas que seriam geradas, conscientemente ou não, a partir dos órgãos de poder das futuras Regiões Administrativas.

Sustenta-se este receio fundamentalmente nos exemplos da vizinha Espanha e da Região Autónoma da Madeira, esquecendo-se que a unidade nacional espanhola já estava em risco antes da instituição das Comunidades Regionais, que não foi de todo agravada por esta reforma – muito pelo contrário, as tensões existentes foram gradualmente sendo transferidas para o jogo político democrático –, que são baseadas em diversidades étnicas e linguísticas que não se verificam em Portugal e, sobretudo, esquecendo-se que as regiões espanholas têm um estatuto de Autonomia, algo semelhante aos das nossas Ilhas, mas que não é de modo algum comparável ao estipulado na nossa Constituição para Portugal Continental, onde as Regiões serão meramente administrativas, ou seja, comparáveis às actuais Autarquias.

Contrariamente, quem esteja familiarizado com a experiência regionalista em quase toda a Europa comunitária sabe que a implementação de Regiões Administrativas em Países semelhantes a Portugal, nomeadamente constituídos por Povos com características étnicas e culturais muito homogéneas – como a França e a Hungria, por exemplo –, não só não pôs minimamente em perigo a coesão desses Estados, como contribuíu muito positivamente para o reforço da identidade e da unidade dos mesmos, através de uma valorização equilibrada e homogénea das suas diferentes parcelas territoriais!

E certamente que um francês não se sente nem um milímetro menos francês por se sentir mais orgulhoso da sua Região, seja ela o Languedoc ou o Rossilhão (tirando talvez uma meia-dúzia de idealistas na Bretanha…), assim como nenhum dos nossos avós se terá sentido menos português quando foram instituídas as célebres Províncias, já que não há qualquer incompatibilidade entre ser-se alentejano, minhoto, duriense ou ribatejano de boa cepa e sentir-se muito orgulhosamente português!

Mais complexa será a situação especial do Arquipélago da Madeira, onde um certo excesso de vedetismo dos políticos regionais terá já criado a sensação incómoda (e bem real?) de que os madeirenses têm hoje já mais orgulho na sua Região Autónoma do que no seu País.

Mas a ser assim, então melhor será que o admitam frontalmente, quanto antes, para se encararem as soluções políticas óbvias para esse sentimento, que só poderiam resultar numa total independência do Arquipélago, ao que aliás não parece haver grande oposição em Portugal Continental e nos Açores, obviamente desde que seja essa a vontade do eleitorado madeirense democraticamente expressa nas urnas.

Contudo, e se não for esse o caso, então o referido excesso de vedetismo deverá ser de imediato ponderado e refreado, não só para não se instalarem este tipo de dúvidas, como sobretudo para evitar que esse sentimento de incomodidade continue a pairar, muito negativamente, por sobre a discussão sobre a Regionalização!

Porém, ainda muito mais grave do que isso seria a instalação, na mentalidade dos portugueses, da suspeita de que a Regionalização seria vista por alguns como um autêntico “cavalo de Tróia” para a afirmação de interesses meramente locais ou regionais, que se pretenderiam ilegitimamente sobrepor ao superior interesse nacional! Falemos claro: a maioria das pessoas que votaram “não” no anterior referendo fê-lo com esse mesmo receio. Pior do que isso: a maioria das pessoas que possui esse receio desconfia de que, mais a Norte do que a Sul, apenas se defende cinica e estrategicamente a Regionalização como melhor forma de se poder “passar por cima” do Governo português!

E a verdadeira Regionalização não é nem pode vir a ser nada disto, uma Regionalização séria não poderá nunca padecer do “síndroma madeirense”, pois se alguém se sentir, por exemplo, mais “nortenho” ou mais seja lá o que for do que português, então esse alguém é um MAU DEFENSOR DA REGIONALIZAÇÃO e deve, em vez de afirmar defendê-la, ser coerente, intelectualmente honesto e suficientemente corajoso para propor a separação de Portugal em dois (ou mais) novos Países!

Porque a realidade é que, sem esta clarificação, nunca se conseguirá desvanecer o receio de que isto aconteça, um dia, nas pessoas que votaram “não” por este motivo! E só enfrentando e desmentindo cabalmente esta suspeita é que esses votos poderão alguma vez ser conquistados pelo “SIM” à Regionalização, de preferência já no próximo Referendo! Só confiando seguramente que os regionalistas, de Norte a Sul, são tão (ou mais) portugueses do que os “anti-regionalistas” é que este primeiro mito será definitivamente desfeito!

Por isso cabe-nos a todos nós, beirões, trasmontanos, lisboetas, algarvios, portuenses e por aí fora, defensores acérrimos ou críticos dessa grande reforma do Estado que será a implementação das Regiões Administrativas no território continental português, deixar bem claro, sem margem para dúvidas, de que, em qualquer circunstância, poremos sempre o interesse nacional acima dos interesses regionais!

Da mesma forma, bem entendido, e com toda a coerência devemos demonstrar que, em todas as circunstâncias e seja qual for a fórmula encontrada para a sua “instituição em concreto”, os interesses da nossa Região terão SEMPRE de sobrepor-se aos interesses dos seus Municípios! Como logicamente os interesses concelhios se deverão sobrepor aos da nossa Freguesia. Só assim, aliás, haverá legitimidade para exigir a aplicação rigorosa do princípio da subsidiariedade!

Só desta forma, insistindo e respeitando esta perspectiva pedagógica, honesta e coerente de hierarquização administrativa, se poderão conquistar as mentes e os corações dos que ainda vivem à sombra deste mito e que, por esse motivo, temem o fim da unidade de Portugal por causa da Regionalização…


(Por A. Castanho no "http://evolucoesdeabril.blogspot.com/" em 15-03-2007)

os restos do iluminismo


Os anti-regionalistas consideram que a regionalização do país traria para a política local um sem número de políticos sem escrúpulos, aldrabões, mal preparados e despesistas, eleitos por populações que, concluiu-se, se deixariam facilmente enganar nos actos eleitorais. Trata-se de um evidente preconceito anti-democrático, como já aqui foi assinalado, que põe em causa a capacidade popular de ajuizar correctamente as suas escolhas políticas e de as corrigir na eventualidade de as ver defraudadas.###Mas este preconceito tem outros corolários e envolve outras consequências. Em primeiro lugar, ele significa, a contrario sensu, que a situação actual é melhor porque o povo tem um reduzido controlo sobre quem o governa. De facto, não se pode presumir que o mesmo povo seja lúcido nas suas escolhas nacionais e irracional nas suas escolhas locais. Por conseguinte, isso só pode significar que os anti-regionalistas consideram que o controlo popular do aparelho do poder é actualmente muito reduzido, e que quanto menos o povo meter o bedelho nas coisas da governação mais feliz será. Em segundo lugar, ele significa que só um reduzido número de políticos - os eleitos da virtude, consegue superar as vulgares paixões do poder e colocar-se acima da vulgaridade. Essa elite dirigente não se encontra certamente na província, antes ruma à capital onde pode e deve ser apreciada.Em última análise, o preconceito anti-democrático dos anti-regionalistas resulta da mentalidade iluminista de que o pombalismo e o Terreiro do Paço foram e são os símbolos maiores em Portugal. Como, na verdade, há tempos se escrevia aqui, essa mentalidade está bem viva e anda à solta por aí.
(Por Rui A. no "http://portugalcontemporaneo.blogspot.com/" em 7-01-2007)

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O Monte da Virgem ofendido , ou o prolongamento da crónica do Rogério

Para os estimados bussolistas que ainda não tiveram ocasião de ver o post do Rogério Gomes que reproduz uma crónica publicada no jornal Público da semana finda , permito-me pedir que não deixem de o ler , porque a sua leitura e a meditação que induz é absolutamente obrigatória.

Obrigatória para quem ainda tenha dúvidas sobre a camisa de forças em que o Terreiro do Paço nos enfiou depois do Não ao tristemente célebre referendo da Regionalização e também imperdível para quem se está a dar ao incómodo de ler este meu post, já que ele é um prolongamento do que disse o Rogério. Com uma respeitosa vénia.

Esta sexta -feira , numa atitude de recato preparatória dos carnavais que se seguiam, fiquei em casa e decici ver o novo talk show do José Carlos Malato , que é a nova sala de visitas da RTP , orfã destas coisas desde a transferência do Herman para a SIC.

Depois de já ter participado numa das novas versões do Portugal no Coração após o seu desvio dos estúdios do Monte da Virgem para as novas instalações da RTP na zona da EXPO , tinha curiosidade em perceber porque é que este programa do Malato , que nasceu para a televisão em V N Gaia , tinha que ser tambám feito nos estúdios da capital.

Concluí o que já previa. Nenhuma surpresa. Quer o programa agora conduzido por João Baião e Tânia Ribas de Oliveira , quer esta Sexta Feira à Noite de Malato , só são feitos em Lisboa porque a RTP assim o deseja. Qualquer um deles poderia ser realizado no Monte da Virgem sem prejuízp algum.

Bem. Estou a exagerar. Como quer a um quer a outro a maior parte das pessoas que lá se querem levar são de Lisboa e arredores , com particular incidência no famoso eixo Lisboa Cascais , é mais barato ter os estúdios em Lisboa do que correr o risco de ter que pagar as deslocações ou outras mordomias a toda esta gente.

O poder da Comunicação não se resume à informação , hoje tão bem controlada como o Rogério já explicou em duas penadas. Também no entretenimento se disputa esse enorme poder que tudo decide e tudo condiciona e por isso também aí os nossos amigos da capital não facilitam : Assim como assim é melhor jogar em casa.


(Por Manuel Serrão no "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 3-02-2008)

“Porto Cidade Região”. E a informação?

Segui com natural interesse e razoável expectativa o 3º Encontro Porto Cidade Região, uma muito louvável iniciativa da Universidade do Porto que assim assume o seu insubstituível papel de catalizador de reflexão e de procura de novos caminhos para o desenvolvimento regional. Teremos naturalmente que esperar pela redacção das suas conclusões para uma percepção clara do peso que algumas extracções entretanto feitas pelos órgãos de comunicação social terão no relatório final, desde logo o relatado consenso à volta da necessidade da Regionalização que, com a completa conversão de sectores anteriormente renitentes, como é o exemplo de Rui Rio, daqui só pode sair reforçada.
O que motiva este meu impulso para intervir no espaço público é a ausência deste encontro de um tema que penso incontornável, quer pensando no desenvolvimento económico e social strictu sensus da região quer na Regionalização: o da informação/comunicação social.
Tenho a certeza de que é um sector absolutamente estratégico, custa-me perceber que ele não tenha estado no centro das reflexões deste considerável conjunto de “massa crítica” reunido para debater o futuro regional, o nosso futuro.
Dois vectores, entre outros, possíveis de avocar para perceber a importância da informação/comunicação para o desenvolvimento regional.
A identidade. A comunhão de interesses, a proximidade social e uma definição cultural mínima são pontos centrais para se ganhar a opinião pública para um projecto tão estrutural e ao mesmo tempo polémico como é a Regionalização. Explicar as vantagens económicas e sociais da constituição em Região, relevar o conjunto de características e de costumes que unem as populações e aprofundar a cultura que faz a diferença com outras regiões não podem deixar de ser objectivos dos defensores do processo político que levará até à Regionalização (com ou sem referendo).
A propriedade e os conteúdos: Em que terreno se fará esta autêntica batalha ideológica em prol da Região Norte? Claramente na comunicação social. E quem domina a comunicação social, na sua propriedade na opinião publicada? Não são claramente adeptos da Regionalização ou sequer de uma descentralização políticio-administrativa minimamente séria.
Este tem sido um terreno (a par do sector bancário) em que o centralismo nunca facilitou.
Desde a atribuição das rádios regionais, com a derrota da Rádio Nova em favor de uma Rádio Press que não passou de um instrumento para chegar ao que é hoje a cadeia TSF, que nunca cumpriu o espírito de uma Lei que na sua origem apontava para a existência de uma emissora regional (onde está ela?); passando pela privatização do “Jornal de Notícias”, primeiro negado ao comendador Gonçalves Gomes que quis comprá-lo e de pois literalmente “roubado” à cooperativa dos seus jornalistas que tinha o apoio do Grupo Amorim; pela atribuição das licenças de TV privadas, com a Sonae a ser preterida em favor da Igreja, que depois, como era previsível, não aguentou o projecto e passou-o a terceiros; o fecho da NTV, em que a opção política se sobrepôs claramente ao interesse regional; com a recente venda do conjunto de publicações do grupo Lusomundo em que uma vez mais a Sonae ficou para trás…
E se formos aos conteúdos, onde está a expressão regionalista nas colunas ou nos espaços opinativos das rádios e das televisões? Contam-se pelos dedos os colunistas claramente comprometidos com opções regionalistas e a muitas vezes acantonados em edições locais… Passemos mentalmente em revista jornais, rádios e televisões nacionais (é claro que o conceito “nacional” se confunde com sede em Lisboa) e é fácil concluir que o Porto e Norte estão esmagadoramente arredados desses espaços e as poucas excepções a este 3º Encontro Porto Cidade Região,ostracismo estão confinadas ao futebol ou a programas de entretenimento fora dos horários nobres.
E lembremos o que foi acontecendo com as em tempos poderosas delegações do “Expresso” ou do “DN”, ou das hoje inexistentes representações institucionais do “Semanário” ou do “Sol”; da não surpreendente falta de peso nos noticiários nacionais das delegações da SIC ou da TVI e mesmo da incerteza do que será a produção informativa da RTP (seja para a “N” ou para os jornais nacionais)… O “Público” é um jornal com natural vocação nacional com espaço reduzido para a informação local ou regional e o “JN”, com o respeito devido ao seu êxito comercial, perde-se entre o seu mercado natural (regional) e uma ambição nacional que o próprio mercado se vai encarregando de negar todos os dias (já agora, será natural que o actual paradigma do jornal do Norte esteja em simultâneo desavindo com o presidente da Câmara e da Área Metropolitana do Porto e tenha tão “má consciência” em relação ao FC Porto?).
E a questão que fica para os intervenientes no 3º Encontro Porto Cidade Região é simples: em que meios vão ter espaço para explanar e expor consistentemente as suas ideias? Não foi o Norte pujante quando tinha o “Jornal de Notícias”, “O Comércio do Porto” e “O Primeiro de Janeiro” interventivos, sem complexos e claramente ao serviço da população do Porto e da Região? No preâmbulo da República, durante o Estado Novo ou no “Verão Quente” foi nas suas páginas que as principais figuras portuenses encontraram espaço para a sua opinião e para as sementes da mudança ou da resistência.
Em que jornal, rádio ou televisão não é preciso mendigar espaço para defender a Regionalização ou ser “politicamente incorrecto” para com o centralismo? E as autarquias? As suas iniciativas, o seu dia a dia, que é o do cidadão comum, não merecem espaço digno, mais do que as parcas colunas das “Regiões” ou da “Província” onde sai arrumadas para não parecer mal?
O exemplo da comunicação social regional por toda a Espanha devia ser um exemplo e uma prova da vitalidade de projectos absolutamente viáveis e, repito, indispensáveis à afirmação regionalista.


(Por Rogério Gomes no jornal "Público" em 2-01-2008)

Regionalização

Estão dispensados de ler este post os anti-regionalistas, as carpideiras, maldizentes, os moralistas e falsos moralistas, os que vêem segundas intenções em tudo de que o povo gosta, etc , etc .
Mais uma vez a Regionalização.
Porque votei e perdi uma vez, porque acredito que a sociedade evolui, porque acho que é essencial para o desenvolvimento sustentado e equilibrado do país, porque numa Europa cada vez mais competitiva é essencial.
Há dias - o Rogério Gomes já aqui deu nota disso - a Universidade do Porto organizou o 3º Encontro Porto Cidade Região.
Do encontro ressaltou uma coisa bem clara. Até aqueles que se mostraram cépticos noutros tempos relativamente à Regionalização entendem-na agora como essencial no combate "à tendência macrocéfala da decisão política" (Rui Rio) e um passo fundamental para a "emancipação política" (Carlos Lage ).
Tudo isto deve ser feito sem "lamúrias" (Reitor da Universidade do Porto).
O debate foi importante, vivo mas em circuito fechado. No Porto, com os do Porto, para os do Porto.
Até os jornais de grande circulação "atiraram" com isto para o "Local" ou "Porto"!...
Esteve cá é verdade, o Secretário de Estado das Cidades que se afirmou também ele ser pela regionalização.
A Regionalização não é um problema do Porto é de todo o país.
Um dos casos mais interessantes de evolução nesta matéria é o do actual Presidente da UNICER, como se sabe a maior cervejeira portuguesa, que tem sede em Leça do Balio-Matosinhos .
Ex-Deputado, alto dirigente do PP, figura activa na vida política, contundente nas atitudes foi convictamente anti-Regionalista .
Até vir para o Norte! Digo eu...
Ao fim de um ano por estas bandas já se diz regionalista. Porque será?
Simples. Teve que sair do centro de todas as decisões, em Lisboa, e mesmo tendo vindo gerir um grande grupo económico facilmente percebeu que a "ponte aérea" é uma realidade confrangedora para os de cá ou que por cá estão.
Já agora.
A semana passada escrevi aqui sobre a "libertação" das zonas ribeirinhas de Lisboa, Porto, Matosinhos e VNGaia das respectivas áreas portuárias.
Era um disparate legal que finalmente tinha sido reparado. E foi. O problema é que só foi regulamentado para Lisboa. Com grande festa Sócrates "devolveu" 14 quilómetros de Lisboa a António Costa.
Pois!
A questão é simples.
Porque é que não se fez tudo ao mesmo tempo?
Será que alguma vez se vai fazer?
Ou será que ao resolver o problema de Lisboa já se entende que está tudo resolvido?
Sou pela Regionalização.


(Por Fernando Rocha no "http://bussola.blogs.sapo.pt/" em 31-01-2008)